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Ensino de qualidade

Numa escala que vai até 5, Mestrado Profissional de Farmanguinhos/Fiocruz mantém conceito 4 na avaliação da Capes


O Mestrado Profissional em Gestão, Pesquisa e Desenvolvimento na Indústria Farmacêutica, oferecido pelo Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz), mantém conceito 4, numa escala que vai até 5, na avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O anúncio foi feito na semana passada, e refere-se ao quadriênio 2013-2016.

Jorge Magalhães (dir) com a vice-diretora de Ensino, Pesquisa e Inovação, Érika Martins de Carvalho, e o professor da UFRJ, Marcos Cavalcanti, na aula inaugural do ano letivo de 2017 (Foto: Edson Silva)

A nota foi comemorada pela Coordenação do curso na unidade. “Isso é uma vitória, haja vista que a faixa para a modalidade profissional é de 1 a 5. A nossa Comissão de Pós-Graduação vem envidando esforços a fim de consolidar nosso curso com a nota máxima e já havia identificado uma série de fatores que nesta última avaliação da Capes foram destacados”, ressalta o coordenador do Mestrado, Jorge Magalhães.

De acordo com o relatório, a boa nota de Farmanguinhos se deve a vários fatores. Dentre eles está a abordagem de novos tópicos inseridos na grade, como, por exemplo, o BigDATA em saúde, controle microbiológico e registro de medicamentos. A infraestrutura e a aplicabilidade das dissertações no setor farmacêutico foram outros pontos destacados na avaliação.

Segundo Jorge Magalhães, já estão sendo tomadas as providências necessárias para alcançar a nota máxima. As ações perpassam por fortalecer a publicação científica de docentes com seus discentes e, dentre outros, elencar as produções tecnológicas do orientador com o aluno e criar mecanismos de rastreamento para elas. Fato é que a nota de Farmanguinhos foi mantida e, segundo Magalhães, isto valida a unidade a solicitar o Doutorado Profissional, pois somente cursos com nota 4 podem pleiteá-lo.

Foco no Doutorado Profissional – Em relação a esta iniciativa inédita no país, Jorge Magalhães destaca que essa nova formação que Farmanguinhos pretende oferecer aos seus próprios funcionários, estende-se a profissionais de outras instituições. “Proporcionando competências com relevância social, científica e tecnológica dos processos de formação profissional avançada para nosso país, conforme preconiza a Portaria do MEC”, frisa.

De acordo com o relatório da Capes, um dos pontos altos do Mestrado de Far é a abordagem de novos tópicos inseridos na grade, como, por exemplo, o BigDATA em saúde, controle microbiológico e registro de medicamentos. Na foto, uma das alunas faz uma apresentação para a turma (Foto: Gabriella Macedo)

“É também uma oportunidade de ensino ampliada para tratar aspectos essenciais e complementares relativos ao ciclo tecnológico de desenvolvimento de fármacos e medicamentos. Considerando quatro anos para a formação de um doutor, nossa oferta será mais direcionada e integrada com disciplinas contemporâneas e focadas, porém multidisciplinar, diante de um mundo globalizado. Com isso, direcionamos o foco na resolução de um problema profissional, consequentemente um produto tecnológico”, explica Magalhães.

Com a autorização da proposta de Farmanguinhos pela Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC) da Fiocruz, no momento está sendo elaborada documentação necessária para a implantação do novo curso. De acordo com a Coordenação, o próximo passo é submeter à Capes a Apresentação de Proposta de Curso Novo (APCN), finalizada neste mês.

O documento está alinhado à gama de exigências da Capes, como professores com alto nível de produção técnico-científica na área e linhas de pesquisa do Programa de Pós-Graduação; infraestrutura disponível (bibliotecas, secretaria acadêmica, salas, dentre outros); bem como inserção internacional e outros requisitos relevantes para a criação do curso.

Jorge Magalhães com uma das turmas do Mestrado em aula realizada nesta quinta-feira, 28/9 (Foto: Gabriella Macedo)

Para o coordenador, o resultado da avaliação espelha o esforço contínuo de um Colegiado. “Tenho convicção de que nada se constrói sozinho. Quando assumi a Coordenação, um ano e quatro meses atrás, destaquei a frase de Peter Drucker: ‘Os resultados são obtidos através da exploração de oportunidades e não pela solução de problemas’. Assim, me uni aos colegas que acreditaram em ‘oportunidades’ em meio as ‘adversidades’ para construir um novo caminho com a experiência já alicerçada pelas gestões anteriores. Com isso, o resultado da manutenção de nossa nota, e a conclusão do APCN profissional este mês, é resposta do trabalho de uma equipe que lutou com lisura, isonomia e transparência em cada subcomissão, na CPG e, obviamente, com o apoio da Direção. A todos, quero agradecer e dar parabéns!”

Difusão de conhecimento – Farmanguinhos é um laboratório farmacêutico diferenciado, por cobrir toda as etapas da cadeia produtiva de um medicamento – da pesquisa básica ao produto final. Desde que o ensino passou a integrar a missão da unidade, não faltam motivos para comemorar. Para se ter uma ideia, o Mestrado Profissional foi criado em 2009 e já formou 95 mestres nas três linhas de estudo que o curso trabalha: Pesquisa, Desenvolvimento e Gestão.

Além do Mestrado, o Instituto conta ainda com dois cursos de pós-graduação lato sensu: Curso de Especialização em Gestão da Inovação em Fitomedicamentos; o Curso de Especialização em Tecnologias Industriais Farmacêuticas. Ao todo, a Capes avaliou 42 cursos da Fiocruz, entre os quais Mestrados (acadêmicos e profissionais), além de Doutorados, alguns em rede ou em colaboração com outras instituições.

 

Diversidade de biomas e de áreas de estudo

Aula Inaugural da Especialização de Gestão da Inovação em Fitomedicamentos discute o caminho tecnológico até os novos paradigmas, sustentabilidade e biodiversidade


Viviane Oliveira / Maritiza Neves

Na programação, os professores, alunos e o NGBS se apresentaram

Entrelaçando as áreas de gestão, inovação, fitomedicamentos e biodiversidade, o Coordenador Científico do curso de Especialização de Gestão da Inovação em Fitomedicamentos, Glauco Villas Bôas, proferiu a Aula Inaugural para alunos, professores e convidados da unidade, com o tema “A inovação em medicamentos da biodiversidade a partir de um novo paradigma”. No encontro, ele apresentou uma trajetória da ciência e da tecnologia no país e no mundo, com citações de teóricos, mudanças, complexidades, relações com a política, economia e os novos paradigmas.

Villas Bôas comentou sobre a troca entre professores e alunos de diversas áreas no curso. “Começamos um momento de intensas trocas, em um ambiente participativo, para pensar, exercitar um pouco da interpretação e organizar o pensamento, para construção da inovação a partir da biodiversidade”, explicou. Ele ainda falou sobre a interdisciplinaridade da especialização. “O curso cada vez mais deixa de ser uma colcha de retalhos, para ser uma construção de diversos pontos de vista, no caminho do futuro gestor. É importante que no mundo de hoje, ele esteja habilitado a participar da discussão de qualquer problema de gestão ou inovação, não só de fitomedicamentos, como também de medicamentos da biodiversidade”, frisou o coordenador.

Suzete da Silva Zanon, psicóloga, tem aperfeiçoamento na área de clínica hospitalar com ênfase em infectologia, e ingressou na turma. “Minha expectativa é grande. Estou muito curiosa. Sou adepta a utilização de coisas naturais. Na área da gestão, a questão maior para agregar valor à minha disciplina, para saber qual ação, eu como psicóloga, posso fazer nessa área de atuação. Como é novo, isso me causa uma grande euforia para saber o que vai acontecer”, declarou.

Para introduzir o assunto, Villas Bôas comentou sobre a mudança tecnológica, com crescimento contínuo da pesquisa e da ciência na Segunda Guerra Mundial, passou pelo neoliberalismo americano e ainda destacou as regras básicas para pesquisa e desenvolvimento (P&D), através do Manual Frascati, que faz uma medição de atividades científicas e tecnológicas.

Para ele, a cooperação econômica passou a dar diretrizes para as políticas de ciência e tecnologia, para sustentar o desenvolvimento. E então surgiu a pergunta “Ciência para política ou política para ciência”?

Entre comparativos de perspectivas econômicas e políticas, ele falou ainda da inovação como um motor do desenvolvimento, trazendo a novidade e destruindo o processo anterior. Ressaltou também o paradigma científico como um modelo de pesquisa, que vem a partir do desenvolvimento da ciência em algumas áreas.

Marcelo Ferreira, Carla Curi e Suzete Zanon fazem parte da nova turma da especialização e falaram de suas motivações e expectativas

Marcelo Ferreira, Carla Curi e Suzete Zanon fazem parte da nova turma da especialização e falaram de suas motivações e expectativas

Marcelo Neves Ferreira, enfermeiro, comparou o estudo à prática no trabalho. “O que me trouxe a este curso foi conhecer pessoas que já fizeram, gostaram e me indicaram. O que me despertou a vontade de estudar foi ter utilizado uma tecnologia de uso de extrato de calêndula sobre um machucado, quando eu era enfermeiro na clínica da família, e ter visto uma resposta muito boa. Daí surgiu a vontade de colher mais conhecimentos relacionados a fitoterápicos”, contou o aluno.

O coordenador salientou que o curso tem foco na inovação a partir da biodiversidade e explicou sobre o termo, que nasceu na Escola da Biologia da Conservação. Para ele, a biodiversidade não é só no sentido de preservação, mas de interação da diversidade biológica com o mundo real. Ele citou o autor Schwatzman, que fala sobre a evolução da ciência e tecnologia no Brasil.

Ao falar sobre biodiversidade, Villa Bôas definiu o que são medicamentos da biodiversidade e falou sobre o futuro. “É todo aquele que se origina na biodiversidade ecossistêmica, de espécies e diversidade genética. Considerando que o Brasil tem a maior diversidade do mundo, muda a estatística e aponta um caminho para um programa de desenvolvimento técnico-científico-industrial para o Brasil e o mundo”, alertou. Segundo ele, 60% dos medicamentos usados no mundo são da biodiversidade, de origem vegetal ou animal.

Para o coordenador, ainda não é conhecido nem 10% da diversidade existente em cada bioma dos seis existentes no país. E é de suma importância ter a concepção de fazer este trabalho em redes. “Os acadêmicos se juntam e passam informações em redes. A cooperação tem que ser resgatada, pois há muita coisa a ser feita para alavancar a base da ciência nas universidades, nos institutos de tecnologia, no conhecimento popular e no conhecimento tradicional. Isso é uma rede do conhecimento e ele deve ser estruturado em cada bioma”, finalizou.

Carla Nastare Curi, farmacêutica, responsável técnica pela clínica da família José de Paula Lopes Ponte, falou sobre a motivação principal. “Comecei a desenvolver um projeto na minha unidade de plantas medicinais e, a partir daí, quis começar a estudar mais. Primeiro, busquei um curso de cultivo e quando você abre uma porta para o conhecimento, você quer sempre mais. Então, vim buscar mais conhecimento aqui, neste curso. Minha expectativa é poder trocar bastante informações com os outros alunos e conhecer os meios para conseguir desenvolver os meus projetos”, revelou Carla.

Ao longo do dia, a Coordenadora do curso, Regina Nacif, fez uma apresentação dos professores, dos alunos, da equipe de ensino e do Núcleo de Gestão em Biodiversidade e Saúde (NGBS). Ela também mostrou as bases teóricas com que o NGBS trabalha e que, consequentemente migram para o curso. Segundo ela, esta apresentação se fez necessária devido à dificuldade que algumas pessoas têm de perceber qual o papel do curso nas ações do núcleo. Também foi conversado sobre a organização curricular do curso e as normas de funcionamento entregues para alunos e professores.

Comunidade Virtual de Aprendizagem – Essa é uma comunidade de interação entre professores e alunos. Neste local, ficam guardadas as ementas, as disciplinas e as notícias de interesse do curso. Mas, não é só isso. Professores e alunos deverão circular bastante dentro desta comunidade. “A gente quer incentivar o professor a usar mais o espaço de fórum para discutir as questões que surgem na sala de aula. Também queremos estimular o professor a colocar todas as tarefas na comunidade e, por sua vez, o aluno terá que responder por ali, também, para que a comunidade possa, enfim, exercer o papel dela. Este tipo de ação, propiciará um melhor controle das atividades que já foram ou estão sendo lançadas”, contou Regina.

Anteriormente, devido a questões tecnológicas, tanto o aluno quanto o professor encontravam dificuldades para acessar a comunidade fazendo com que eles migrassem para o e-mail. “Queremos modificar esse fluxo. Continuaremos a utilizar a plataforma Moodle tendo o suporte do ensino à distância da Escola Nacional de Saúde Pública (EAD-Ensp). Porém, com um foco mais direcionado aos problemas encontrados pelos alunos e professores na utilização da plataforma”, disse.

*O Moodle é uma plataforma de aprendizagem a distância baseada em software livre. É um acrônimo de Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment (ambiente modular   de   aprendizagem   dinâmica   orientada   a   objetos).

Fotos: Edson Silva

Inovação em medicamentos da biodiversidade

Aula Inaugural acontecerá no dia 10/03, às 10h, na Sala de Conferência, do Complexo Tecnológico de Medicamentos