Confira os editais:
Além do Carnaval, o mês trouxe a II edição da Escola de Verão, que extrapolou o número de inscrições dos cursos e uniu alunos de diversas áreas e lugares
A II edição da Escola de Verão mostrou que fevereiro não é só o mês do Carnaval, mas também de se atualizar e adquirir mais conhecimentos. Não só as temperaturas estão elevadas, mas os números das inscrições também surpreenderam, sendo mais que o dobro de vagas nos dois cursos, que aconteceram entre os dias 13 e 17 de fevereiro, no Container de Pesquisa, em Manguinhos.
O curso de Atualização em extração e isolamento de produtos naturais ocorreu no período da manhã, com aulas da Doutora em Química Orgânica, pelo Instituto Militar de Engenharia (IME), Simone Valverde, do Laboratório de Produtos Naturais. Simone falou da heterogeneidade da área de Produtos Naturais e do curso. “Em Produtos Naturais, atuam farmacêuticos, biólogos e químicos, e como este conteúdo é mais distribuído nas disciplinas do curso de farmácia, nós observamos que os nossos próprios alunos de iniciação conheciam pouco sobre o assunto e ensinávamos um a um. Fiz um aprofundamento em Metabolismo primário – secundário de plantas, vimos como, porque e pra quê os vegetais produzem estas substâncias e fizemos as classificações químicas. A partir daí, exploramos o conteúdo de extração e isolamento”, detalhou Simone. No curso, participaram doutores, alunos de doutorado, mestrado e graduação, e técnicos formados.
Ela ainda reforçou a importância de explorar os casos reais em sala e os alunos perceberem não só a aplicação, mas também algumas ferramentas, principalmente de cromatografia e espectroscopia, e verem os resultados obtidos com os extratos e frações. Além das aulas teóricas, os conteúdos foram largamente explorados nos Laboratórios de Produtos Naturais, com aulas práticas. “Para compor a aula teórica de extração de óleos essenciais, fomos no Laboratório PN4, que tem a capela de corpo inteiro, a qual chamamos de Walk-in. Ela é ideal porque é bem alta, para montarmos um aparelho sobre o outro, como a manta, um balão, um aparelho de extração de óleos essenciais e depois dois condensadores”, detalhou. Os alunos também visitaram o PN2, onde Simone atua, para prática de cromatografia em camada preparativa, que foi escolhida pelos próprios alunos.
“Estamos aqui para servir e eu penso que tem que ser gratuito mesmo, abrindo as portas para o público em geral. A Fiocruz é um celeiro, com oportunidades de crescimento e precisamos disseminar a pesquisa e explorar mais a área de ensino. Eles tem que acompanhar e sempre buscar estes cursos, que a Fundação disponibiliza no site”, ressaltou Simone.
André Luiz Aurélio, estudante de Licenciatura em Química, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e Marcelo Barreto, Bacharelado em Química, em 2011, na Unigranrio, souberam do curso por alunos do Curso de Nivelamento, para a prova do Mestrado da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), do Instituto de Pesquisa de Produtos Naturais. André destacou os pontos altos do curso. “Achei o conteúdo e a troca entre químicos, biólogos e farmacêuticos muito interessantes. Além da oportunidade de fazer este curso gratuito, em uma instituição de renome no país e ainda conhecer o campus”, frisou. Marcelo completou falando sobre as aulas. “Foi muito enriquecedor, com conhecimentos novos, ampliando a nossa visão e o aprofundamento no assunto, que é o meu foco. Achei muito importante nós podermos ver os equipamentos e saber como funciona a parte prática”, disse.
Gabriele Neves, farmacêutica e servidora de Far há dois anos, atua no Laboratório de Produtos Naturais 4, e comenta sobre o diferencial da unidade em estimular o aprendizado dos profissionais. “Foi uma grande oportunidade de me aperfeiçoar, aprender coisas novas e estar em contato com outros profissionais. Para mim, é muito interessante podermos fazer este tipo de qualificação dentro da empresa, pois facilita muito. Certamente estou saindo diferente de quando entrei”, afirmou a servidora, que também é aluna do Mestrado em Gestão, Pesquisa e Desenvolvimento na Indústria Farmacêutica de Farmanguinhos e participou do curso da Escola de Verão, que aconteceu no turno da tarde.
Este outro curso sobre Atualização em Cromatografia Gasosa (CG) e Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) foi ministrado pelo pesquisador em saúde pública, que trabalha com desenvolvimento de fitoterápicos, Davyson Moreira, com participação da professora convidada Alessandra Valverde, da Universidade Federal Fluminense (UFF). A CG e CLAE são métodos científicos usados para analisar amostras e a concentração de moléculas nela. Embora a ideia seja a mesma, os métodos possuem várias diferenças, conceitos, definições e aplicações, que foram abordadas ao longo do curso. O conteúdo é importante para Controle da qualidade de indústrias químicas e farmacêuticas, laboratórios de pesquisas, fábricas de vacinas, imunoderivados, produtos de origem biológica, entre outros.
Davyson comentou sobre a diversidade da turma e a importância de contribuir como pesquisador e docente. “A Escola de Verão permite uma troca de experiência entre alunos de graduação, pós-graduação e profissionais do ambiente de Far e do público em geral. Eles ainda tiveram a oportunidade de conhecer as instalações de nossa plataforma analítica”, explicou. Ele também ressaltou o fato dos alunos poderem ter aulas ministradas por professoras de outras instituições, como a Dra Alessandra Valverde da UFF e a Mestra Marta Rodrigues, da Shimadzu, empresa japonesa.
O Coordenador do Projeto, professor Davi Tabak, contou sobre o interesse e processo para a criação do curso de CG-CLAE. “Há um bom tempo, estávamos verificando a possibilidade de fazer um curso com estes temas. Resolvemos eliminar a parte prática, para que não fosse tão avançado, e que fosse mais inicial, de atualização. Tivemos uma procura grande, com 80 interessados e só tínhamos 25 vagas, devido ao limite da sala. Conseguimos estender até uns 35 alunos e pretendemos a em um segundo momento, dar novamente este mesmo curso, sem abrir novas inscrições, dando a possibilidade de todos os interessados participarem”, destacou. Tabak ainda ressaltou que quando o ensino mudar para Manguinhos, a sala do novo Container será bem maior que a atual, possibilitando mais vagas para este tipo de curso.
Segundo Tabak, 11 alunos se inscreveram nos dois cursos, porque para fazer a extração e isolamento dos produtos naturais, é importante que conheça a cromatografia gasosa e de alta eficiência. “Para quem faz produtos naturais, um complementa o outro. E a cromatografia é muito mais ampla, abrangendo as pessoas de síntese e diversas áreas”, lembrou.
Renata Castro, da Farmacologia de Far, em Manguinhos, utilizará a técnica na tese do doutorado que está fazendo na UFRJ. “É uma oportunidade imensurável, pelo valor agregado e o desenvolvimento das atividades, já que é uma disciplina que é muito abrangente. Comecei a trabalhar com esta técnica analítica na minha tese de doutorado e estou tendo uma chance de rever a teoria associada à prática”, contou Renata.
Carolina Martins também Farmacêutica, atua na Farmácia do Instituto Nacional do Câncer (Inca), liberando medicamentos para pacientes internados e faz um paralelo entre o curso e o trabalho. “Quero tentar pôr em prática a parte de análises de pacientes, dando mais segurança ao tratamento dos pacientes e contribuir para o resultado. É importante buscar a técnica para melhorar o nosso trabalho. Estava aguardando uma oportunidade para fazer este curso, relembrar química, adquirir conhecimentos que eu não tinha e ver a aplicação do CLAE em situações que eu nem imaginava”, concluiu.
Tabak explicou que não foi realizada nenhuma seleção técnica, fazendo com que os primeiros que entregassem toda a documentação fossem homologados. Ele ainda falou da importância do comprometimento de após ter se matriculado, não desistir do curso, pois o aluno ocupa uma vaga de alguém que teria interesse e não pode participar do curso. Nos próximos meses, será divulgado o edital da II Escola de Inverno.
Fotos: Edson Silva