Estudo aponta para a possibilidade de inovação farmacêutica para tratar deficiência de micronutrientes
A deficiência de micronutrientes demonstra ser ainda um problema de saúde pública em âmbito mundial. Apesar de o Brasil ter elaborado políticas públicas para mitigar o problema, alguns casos dessa absorção inadequada ainda são muito comuns no país. A carência de novos produtos pode ser uma oportunidade a ser considerada pelo setor farmacêutico, é o que aponta o estudo Micronutrientes: uma oportunidade de inovação para a Indústria Farmacêutica, realizado por Heros Teixeira Rabelo. Trata-se do tema da dissertação defendida em novembro no Mestrado Profissional em Gestão, Pesquisa e Desenvolvimento na Indústria Farmacêutica do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz).
O estudo teve como objetivo apresentar os micronutrientes como uma alternativa atrativa de inovação para os Laboratórios Farmacêuticos. Dessa forma, foi realizada uma busca em diferentes bases de dados, tais como revistas indexadas, artigos nacionais e internacionais, guias específicos da área e de sociedades médicas, bem como documentos governamentais, publicações e legislações do setor público. O autor usou ainda documentos de um laboratório nacional privado.
Heros Rabelo foi orientado pela pesquisadora Wanise Barroso. A Banca de defesa contou com especialistas, tendo como avaliadores titulares os doutores Edimilson Ramos Migowski (professor adjunto, doutor e chefe do Serviço de Infectologia Pediátrica da UFRJ; e presidente do Instituto Vital Brazil); Paulo Bergo (docente do mestrado de Farmanguinhos); e Jorge Magalhães (coordenador e docente do curso).
“Também tivemos a honra da participação da defesa dos integrantes suplentes da banca, o Drº Rafael Cisne de Paula – diretor científico do IVB (Instituto Vital Brazil), e professor adjunto do Departamento de Morfologia da UFF (Universidade Federal Fluminense), e a Drª Marilena Correa (docente do Mestrado de Farmanguinhos e pesquisadora da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)”, explicou Wanise Barroso. “Pelo fato de o Drº Jorge Magalhães estar em serviço em Portugal, devido a um projeto que envolve a Fiocruz e uma universidade portuguesa, ele utilizou o recurso de vídeo conferência pela primeira vez em uma defesa no mestrado de Farmanguinhos”, concluiu.
O estudo revela que os micronutrientes assumem funções metabólicas em humanos e sua deficiência despercebida, conhecida como fome oculta, pode provocar doenças ou disfunções. “Estima-se que esta deficiência aflija mais de 2 bilhões de pessoas no mundo. Estudos científicos publicados nos últimos anos demonstram que pode ser particularmente grave para gestantes, idosos e crianças, cujas necessidades nutricionais de alguns micronutrientes são inviáveis de se obter através de uma dieta normal”, disse Heros Rabelo.
No Brasil, algumas iniciativas foram colocadas em prática para tratar esse problema de saúde pública, principalmente no que tange a alimentos. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), por exemplo, coordena as pesquisas em andamento sobre biofortificação de alimentos, para arroz, feijão, batata-doce, mandioca, milho, feijão-de-corda, trigo e abóbora.
De acordo com o autor, o setor farmacêutico é o mais inovador dentre todos os ramos industriais. No entanto, altos custos e dificuldades tecnológicas e regulatórias para inovações radicais têm levado as empresas do segmento a avaliarem oportunidades para inovar a partir de substâncias já conhecidas, tais como os micronutrientes. Essas substâncias são encontradas em forma de vitaminas em alimentos de diferentes origens, e até na luz solar.
Durante a realização do estudo, Rabelo constatou diversas oportunidades de inclusão de produtos no mercado. Alguns estão em fase final de desenvolvimento no laboratório onde atua como diretor de Marketing, com previsão de serem lançados dentro dos próximos seis meses.
“É importante lançar produtos inovadores utilizando-se micronutrientes em suas formulações como alternativa atraente para as indústrias farmacêuticas que desejam renovar seu portfólio de produtos. Essa alternativa é especialmente atraente para as que dispõem de recursos limitados para investimento em pesquisa e desenvolvimento”, assinalou Heros Rabelo.