Autor: Viviane Oliveira (Página 2 de 77)

Programas de Pós-graduação de Farmanguinhos e do IHMT NOVA concluem disciplina internacional com podcasts inovadores

Alunos da Universidade NOVA de Lisboa e dos programas de pós-graduação de Farmanguinhos/Fiocruz realizaram entrevistas para os podcasts de maneira presencial ou remota. (Foto: Alessandra Viçosa)

O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) e o Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT), da Universidade NOVA de Lisboa, reúnem alunos matriculados nos cursos do Brasil e de Portugal para elaboração de podcasts sobre inovação e saúde. Os programas gravados em áudio foram trabalhos finais de disciplina comum aos programas de pós-graduação (PPG) dos institutos e estão disponíveis no site Educare da Fiocruz.

Os podcasts foram desenvolvidos pelos alunos como Produto Técnico Tecnológico da disciplina “Dinâmica da Inovação em Saúde e Empreendedorismo Social e Industrial”, que de maneira simultânea foi ofertada em três programas de pós-graduação dos institutos. Além do IHMT, a disciplina integra a grade dos Programas de Pós-graduação Profissional em Gestão, Pesquisa e Desenvolvimento na Indústria Farmacêutica (PPG-GPDIF) e Acadêmico Translacional de Medicamentos (PPG-PTFM), de Farmanguinhos/Fiocruz. A participação de estudantes de Angola, Moçambique e Cabo Verde, matriculados pelo IHMT, reforçou o teor de internacionalização da disciplina.

Professor da disciplina no PPG Profissional de Farmanguinhos/Fiocruz, Jorge Magalhães, conta como surgiu a ação dentro dos programas brasileiro e português. “Como coordeno alguns planos de trabalho de parcerias de Farmanguinhos em Portugal, tive a ideia de associar as ações do IHMT com a necessidade de internacionalização do PPG Profissional, que foi uma das exigências da Capes para melhoria da nota de avaliação do curso, que atualmente é quatro. Adaptamos a ementa e o título, a fim de garantir abrangência do tema à necessidade global. Quando inserimos no PPG Acadêmico de Far, conseguimos alinhar esta ‘oferta tripartite’, visando beneficiar os três programas e, por conseguinte, as duas instituições”, explica.  

Com carga horária de 60 horas e quatro créditos, as aulas ocorreram de forma síncrona e assíncrona, entre os meses de março e maio de 2024, e com tutorias para confecção dos trabalhos, até agosto de 2024. Ministraram a matéria, os professores Jorge Magalhães e Alessandra Viçosa, de Farmanguinhos/Fiocruz, e Henrique Silveira, coordenador da disciplina no IHMT, lá conhecida como Rotação Temática, no âmbito do Doutoramento em Doenças Tropicais e Saúde Global.

Cada grupo foi formado por um aluno de cada programa participante, envolvendo também estudantes de Moçambique, Angola e Cabo Verde, fortalecendo o teor de internacionalização da disciplina. (Foto: Viviane Oliveira)

A coordenadora do PPG Acadêmico de Farmanguinhos/Fiocruz, Alessandra Viçosa, acompanhou as gravações e conta como foi o processo. “A disciplina possui uma característica de rotação temática, em conjunto com o grupo do IHMT, na intenção de criar uma produção científica e tecnológica, de forma mais dinâmica, e que pudesse integrar tanto os alunos do Brasil quanto os de Portugal. A produção em parceria com o Canal Saúde e a publicação na plataforma Educare contribuíram para conseguirmos produtos tecnológicos interessantes para os nossos alunos e para o nosso programa”, conclui.


A turma foi dividida em grupos de três alunos, com a participação de um integrante estrangeiro. Os temas foram variados e escolhidos de acordo com o interesse das pesquisas, com assuntos sobre impressão 3D de medicamentos, biobancos de células, dispositivo médico para neuroavaliação, transferência de tecnologia para vacina da covid, inovações na indústria farmacêutica e iniciativa inovadora como “Lab in a suitcase”.

O convite e o desenvolvimento das perguntas ficaram sob responsabilidade dos alunos, os quais entrevistaram profissionais de referência como Maurício Zuma, diretor de Bio-Manguinhos, André Rodrigues, do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Rubens Lima, do Instituto René Rachou (Fiocruz Minas), Dimitri Abramov, da Fiocruz Ceará, Izabella Bezerra, do Laboratório de Cardiologia Celular e Molecular, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Marcelo Viana, diretor de novos negócios da FQM. Além de convidados brasileiros, participaram profissionais internacionais, como Valeria Isabel, do Hospital Maputo, de Moçambique, e Jorge Carvalho, responsável pelo Making Lab, do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), de Portugal.

O professor pelo IHMT, Henrique Silveira, mensurou a finalidade da disciplina dentro da parceria entre as instituições. “A oferta conjunta IHMT/Farmanguinhos está totalmente alinhada com os objetivos do doutoramento, que incluem integrar mobilidade, experiência internacional e o desenvolvimento de redes colaborativas na formação dos alunos. Quando surgiu a ideia, não tivemos dúvidas que queríamos torná-la realidade. A adesão dos alunos superou nossas expectativas, e a abordagem que adotamos, de um trabalho colaborativo entre os estudantes do IHMT e de Farmanguinhos, permitiu que eles desenvolvessem produtos tecnológicos e científicos inovadores. Sem dúvida, podemos considerar a disciplina um grande sucesso”, celebrou. 

Além dos seis podcasts, dois alunos optaram pela elaboração de artigos, que foram submetidos às revistas na área de farmácia, e dois estudantes escolheram o desenvolvimento de um capítulo de livro para o trabalho de conclusão. A inovação foi bem recebida pelos alunos e por outras unidades da Fiocruz, como a Fiocruz Bahia, que manifestou interesse em integrar as próximas edições da disciplina.

Caio Mergh, aluno do PPG Profissional e funcionário de Bio-Manguinhos/Fiocruz, fala como foi a experiência de produzir algo inédito como um podcast e com a interação de alunos de fora do país. “A ideia de trazer alunos do mundo todo para a mesma disciplina é fascinante para mim. Essa internacionalização ganha ainda mais importância quando tratamos de inovação, tema da disciplina que fizemos. A troca de conhecimento e experiências podem favorecer muito o tema. Foi muito bom participar, ver e aprender com todo esse processo de criação de mídias voltadas para saúde, principalmente tendo sido uma criação conjunta entre diferentes profissionais, de diferentes países”, conta.

A aluna do mestrado acadêmico de Farmanguinhos/Fiocruz, Beatriz Ortiz, destaca a internacionalização da disciplina, inclusive pelo fato de um dos entrevistados do grupo ser moçambicano. “Tivemos a oportunidade de interagir com alunos internacionais, trocar experiências, conhecer um pouco da pesquisa e da realidade de outros países. Em meu grupo, entrevistamos três profissionais (dois do Brasil e um de Moçambique), para falar sobre formulações pediátricas e impressão 3D, e conseguimos coletar relatos importantes de conhecimento amplo com a tecnologia 3D e específicos de cuidados ao público pediátrico. A experiência foi ótima e inovadora”, cita.

Ana Mendonça, doutoranda em Doenças Tropicais e Saúde Global, pelo IHMT/Universidade NOVA Lisboa, e cabo-verdiana, conta o que achou do processo. “A relação com alunos internacionais foi uma experiência incrível e tive a oportunidade de ter a minha primeira experiência com podcast. Sempre tive afinidade e gosto de fazer papel de apresentadora. Foi muito interessante”, lembra.

A gravação dos podcasts contou ainda com a parceria do Canal Saúde da Fiocruz, que viabilizou o estúdio e orientações técnicas do material e o material pode ser encontrado na plataforma Educare da Fiocruz.

Acesse abaixo:

Tema: Impressão 3D de medicamentos como solução da lacuna tecnológica dos tratamentos pediátricos: debate entre profissionais de saúde do eixo sul-sul.

Entrevistados: André Rodrigues – Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Rubens Lima – Instituto René Rachou (Fiocruz Minas), Valeria Isabel – Hospital Maputo (Moçambique)

Alunos: Beatriz Ortiz (Far Acadêmico), Luiz Felippe Santolia (Far Acadêmico) e Sheridan Santos (IHMT)
 
Tema: Biobanco Nacional de Células-Tronco iPSC no Brasil: oportunidades e desafios.

Entrevistada: Izabella Bezerra – Laboratório de Cardiologia Celular e Molecular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Alunos: Amélia Chavate (IHMT), Bianca Silva (Far Profissional) e Valeska Ladi Vasconcellos (Far Acadêmico)
 
Tema: Empreendedorismo econômico, científico e ambiental: dispositivo  Tempo Certo

Entrevistado: Dimitri Abramov – Fiocruz Ceará

Alunos: Ana Mendonça (IHMT), Caio Mergh (Far Profissional) e Carlos Eduardo Pontes (Far Profissional)
 
Tema: A superação para a transferência de Tecnologia e inovação da vacina do covid em Bio-Manguinhos x AstraZeneca.

Entrevistado: Maurício Zuma – Bio-Manguinhos

Alunos: Heros Rabelo (Far Profissional), Patricia Agra (Far Profissional) e Sheridan Santos (IHMT)
 
Tema: Inovação na indústria farmacêutica: experiências de sucesso, desafios e perspectivas.

Entrevistado: Marcelo Viana – diretor de novos negócios da FQM

Alunos: Anderson Lopes (Far Acadêmico), Jonathan Fragoso (Far Acadêmico) e Abdoulaye Marega (IHMT)
 
Tema: “Lab in a suitcase”, uma iniciativa inovadora desenvolvida pelo Instituto Gulbenkian de Ciência em parceria com a Merck e a Câmara Municipal de Oeiras.

Entrevistado: Jorge Carvalho – responsável pelo Making Lab do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), de Portugal

Alunos: Maria Leonor (IHMT), Rayra Silva (Far Profissional) e Vanessa Lordello (Far Profissional)

 

Contatos

Diretor de Farmanguinhos
Jorge Mendonça
E-mail: jorge.mendonca@fiocruz.br
Telefone: 3348-5084 / 21 97622-4057

Novos negócios e parcerias
Tereza Santos
E-mail: tereza.santos@fiocruz.br
Telefone: 3348-5006

Laboratórios de pesquisa e plataformas de serviços
Núbia Boechat
E-mail: nubia.boechat@fiocruz.br
Telefone: 3977-2456

Educação
Eduardo Sousa
E-mail: educacao.far@fiocruz.br / eduardo.sousa@fiocruz.br
Telefone: 3977-2471

Centro de Inovação em Biodiversidade e Saúde (fitomedicamentos)
Glauco Villas Boas
E-mail: glauco.villasboas@fiocruz.br
Telefone: 3348-5031 / 3348-5359

Palestrantes nacionais, internacionais e premiação dos trabalhos encerram o segundo dia da Jornada Acadêmica 

Evento recebeu 234 inscrições e contou com a submissão de 94 trabalhos  

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Farmanguinhos/Fiocruz é o único fornecedor de medicamento para filariose linfática, eliminada como problema de saúde pública 

O Brasil foi o 20° país certificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) pela eliminação da filariose linfática como um problema de saúde pública e o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) tem papel fundamental na conquista, como o único fornecedor do medicamento utilizado no tratamento registrado no Brasil. A dietilcarbamazina 50mg foi desenvolvida pelo Instituto e teve o primeiro registro em 1996, sendo distribuída para todo o país por mais de 20 anos, contribuindo com o plano nacional de combate à doença, criado em 1997. 

“A eliminação de uma doença é uma conquista importante que exige um compromisso inabalável”, disse o Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, Diretor-Geral da OMS. “Parabenizo o Brasil por seus esforços para livrar seu povo do flagelo dessa doença dolorosa, deformadora, incapacitante e estigmatizante. Esse é outro exemplo do incrível progresso que temos alcançado contra as doenças tropicais negligenciadas. E dá esperança de que é possível eliminar essa doença a muitas outras nações que ainda enfrentam a filariose linfática”. 

 A Ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima, reforça as estratégias governamentais, realizadas ao longo dos últimos anos e os próximos passos. “Nas últimas décadas, o Brasil adotou uma série de medidas coordenadas para eliminar a filariose linfática, como distribuição em massa de medicamentos antiparasitários, o controle de vetores e uma vigilância rigorosa, especialmente nas áreas mais afetadas. É uma conquista das gerações de sanitaristas e demais profissionais da saúde. Graças a esses esforços, o país conseguiu interromper a transmissão da doença em 2017. Na fase pós-eliminação, a vigilância será mantida para evitar o ressurgimento da doença”, afirma. 

O secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (SECTICS/MS), Carlos Gadelha, define Farmanguinhos como uma das apostas mais avançadas e estruturantes do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (Ceis). “Farmanguinhos, como sempre, honra a Fiocruz, o Estado brasileiro e a sociedade brasileira, ao avançar com pioneirismo no campo das tecnologias e da inovação, que permitem cuidar das pessoas, salvar vidas e construirmos um Brasil soberano, equânime, independente e sustentável. Nós estamos resgatando o papel da produção pública para enfrentar o desafio das doenças negligenciadas. Mais de um bilhão de pessoas no mundo, 500 milhões são crianças, e esse avanço tecnológico, na inovação, na produção de medicamentos para filariose, constitui um marco da nova estratégia, onde o Ministério da Saúde coloca a vida em primeiro lugar”, comenta.  

Com a eliminação da doença conhecida popularmente como elefantíase, o Brasil foi o 53° país a eliminar pelo menos uma doença tropical negligenciada em nível global. O diretor de Farmanguinhos/Fiocruz, Jorge Mendonça, comenta a missão institucional e a atuação para o Sistema Único de Saúde (SUS). “A eliminação da filariose é uma grande conquista para o progresso da saúde da população brasileira e um marco histórico para as doenças negligenciadas. Sermos o único fornecedor do medicamento em nível nacional, desde 1996 registrado na Anvisa, e conseguirmos eliminar uma doença negligenciada reforça o protagonismo de Farmanguinhos na produção de medicamentos e soluções integradas para o SUS”. Jorge destaca também como o fornecimento do insumo farmacêutico ativo (IFA) garantiu o abastecimento dos medicamentos. “A produção nacional do IFA da dietilcarbamazina, pela Nortec Química, também contribuiu para a autonomia brasileira de toda a cadeia e a continuidade em massa do tratamento”, explica o diretor. 

A eliminação da filariose linfática integra o programa Brasil Saudável, lançado pelo Governo Federal, em fevereiro de 2024, com o intuito de acabar com doenças socialmente determinadas com abordagem interministerial. Além disso, o roteiro sobre doenças negligenciadas 2021-2030 envolve a prevenção, o controle, a eliminação e a erradicação de 20 doenças e grupos de doenças até 2030. 

 

Desafios, relevância de investimentos e bioprospecção concluem seminário internacional em medicamentos da biodiversidade 

(Foto: Lean Morgado)

O segundo dia do Seminário Internacional Inovação em Medicamentos da Biodiversidade, realizado pelo Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz), abordou assuntos importantes acerca de inovações para a saúde, a partir de plantas medicinais com o uso dos biomas brasileiros, associados à necessidade de ajustes para um novo marco regulatório e nova política. 

Para iniciar as conversas do dia, a sessão 3, com o tema tecnologias 4.0 e portal da inovação em medicamentos da biodiversidade, contou com a apresentação do responsável pela agenda da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), José Menezes, para destacar alguns projetos em andamento e já concluídos do órgão social. “Atualmente, temos mais de 200 projetos, todos cooperativos com empresas, às vezes, até 31 instituições dentro do mesmo trabalho, em áreas de agroindústria, alimentos, bebidas e da saúde. Esta área é muito relevante e todo o trabalho do Complexo Econômico e Industrial é fantástico. As empresas farmoquímicas têm que se aproximar da EMBRAPII, porque temos muito potencial de ampliação da inovação, a partir de estratégias e da liderança do Ministério da Saúde”, falou. O palestrante citou exemplos de estudos com insumos a partir de biomassa para o tratamento de câncer, uso de medicamentos fitoterápicos para doenças degenerativas, inclusive um estudo da Fiocruz com plantas para testes de diagnóstico para covid.   

O pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e representante do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT), Luiz Alberto Lira Soares, falou sobre o iCEIS e a inovação a partir da biodiversidade do semiárido brasileiro. “Precisamos descobrir as peculiaridades. O representante do setor produtivo lida de forma diferente com a comunidade tradicional, que tem outro ritmo de vida e trabalho. Muitas vezes gera insucesso por isso, então uma equipe tem levantado essas condições de como essas comunidades se organizam e, verifica, em paralelo, os marcos legais necessários”, afirmou. Luiz Alberto falou, ainda, sobre os estudos acerca da cadeia do umbu, do maracujá da caatinga, pitanga, acerola e com o melão de São Caetano. 

Professor titular da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) e Coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas de Plantas Medicinais da UNIVASF, Jackson Roberto Almeida, contou como trabalha a bioprospecção no Vale do São Francisco e os projetos de plantas naturais que estão em andamento. “Além de projetos com alimentos e cosméticos, temos pesquisas para a saúde, utilizando maracujá da caatinga e licuri, para chá, cerveja e tratamentos de gripe, tosse, hipertensão e ansiedade. Temos que refletir, pois analisando uma matéria de junho de 2010, vi que o Brasil tinha dificuldade em transformar a flora em medicamentos e que deixava de ganhar U$5 bilhões por ano com fitoterápicos. Muita coisa não mudou e permanece do mesmo jeito”, revelou.  

(Foto: Lean Morgado)

Sessão 4: Novo marco regulatório – a representante do Departamento de Patrimônio Genético, do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Ana Luiza Assis, apresentou alguns conceitos sobre desenvolvimento tecnológico e acesso ao conhecimento tradicional e ao patrimônio genético, por meio de alguns sistemas, como o Sistema Nacional de Gestão do Patrimônio Genético e do Conhecimento Tradicional Associado (SisGen). “Não usamos todo potencial. Se o Brasil tem verba de 20% da biodiversidade mundial, por que não está se refletindo no fundo? O Brasil não participa do mercado farmacêutico na mesma proporção em que participa da conservação da biodiversidade. E o mercado farmacêutico mundial não reparte os benefícios oriundos da biodiversidade de forma justa e equitativa”, afirmou.  

Para comentar sobre a perspectiva da propriedade intelectual na inovação em medicamentos da biodiversidade, a consultora de propriedade intelectual da Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina (ABIFINA) e CEO da 2PhD, Ana Cláudia de Oliveira, desmistificou sobre o processo das patentes e propriedade intelectual de produtos que utilizam a biodiversidade. Ana Cláudia falou de garantia de direitos, os estímulos à inovação e ampliação dos tratamentos, com a maior biodiversidade do planeta, a qual teria capacidade de diminuir a dependência externa de insumos.  
 
Sessão 5: uma nova política para inovação em medicamentos da biodiversidade – o coordenador nacional das RedesFitos (CIBS/Farmanguinhos), Jefferson Pereira, conversou sobre os sistemas Ecoprodutivos, citando os desafios, o papel das sociedades locais e a importância da bioprospecção.  

(Foto: Lean Morgado)

Para explicar sobre a bioeconomia e o Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS) como programas transversais de governo, a Diretora de Bioinsumos do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Cleila Bosio, comentou sobre os avanços e desafios para a pesquisa e os tratamentos com plantas naturais. “Avançamos muito na inovação e na política, inclusive com vários fitoterápicos na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename). Já existem formulários informando como prescrever estes medicamentos e editais para farmácias vivas. Houve avanços, mas existem ainda muitos desafios, como investimentos em pesquisa e uma maior conexão com o conhecimento popular”, frisou.  

A secretária nacional de Políticas de Desenvolvimento Regional e Territorial do Ministério do Desenvolvimento Regional, Adriana Mello, apresentou, de forma virtual, o tema da inovação em medicamentos da biodiversidade no desenvolvimento regional. Dando continuidade ao assunto, a pesquisadora de pós-doutorado do Centro SOU Ciência, da Universidade Federal de São Saulo (UNIFESP), Mariana Nunes, correlacionou o tema à interação com o desenvolvimento científico e tecnológico. “A Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI), o Planejamento Estratégico Institucional (PEI) 2030, o Plano Plurianual (PPA), entre outros documentos, como o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), estão sendo elaborados neste momento. O programa de biofármacos tem que estar inserido em todos estes documentos da política nacional de ciência e tecnologia”, concluiu.  

Para acompanhar o evento na íntegra, acesse o vídeo no canal do YouTube, no link

Leia também a matéria do primeiro dia do evento: Fiocruz / Farmanguinhos » Desenvolvimento ecológico e bioprospecção são temas do primeiro dia do Seminário Internacional com debate da inovação em medicamentos da biodiversidade, no Rio de Janeiro 

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