Autor: Viviane Oliveira (Página 17 de 74)

Farmanguinhos deve começar a produzir os lotes-piloto do Praziquantel Pediátrico em 2022

O medicamento voltado para crianças com esquistossomose está na fase final de testes clínicos. A Instituição planeja produzir os lotes-piloto no próximo ano

 

O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) está mais próximo de começar a produzir o Praziquantel Pediátrico, indicado para esquistossomose, doença parasitária que afeta cerca de 200 milhões de pessoas em todo o mundo, metade das quais são crianças. Fruto do Consórcio Internacional Praziquantel Pediátrico, o medicamento está na última fase de testes clínicos. A previsão é de que os lotes-piloto sejam produzidos em março de 2022 e o produto disponibilizado em 2024.

Trata-se de um comprimido dispersível em água, o que facilita a sua administração em crianças menores de seis anos de idade. Até então, o medicamento disponível para essa enfermidade não tem uma versão adequada para esse público, o que vem dificultando o tratamento contra a doença, que pode levar à anemia, raquitismo, deficiência na capacidade de aprendizado e inflamação crônica dos órgãos, podendo ser fatal nos casos mais graves.

Gerente do projeto na unidade, Daniel Lacerda informa que o processo de desenvolvimento do praziquantel (PZQ) pediátrico está na fase final.

 “Os estudos clínicos de fase III, que estavam sendo realizados no Quênia e na Costa do Marfim, finalizaram a etapa de recrutamento e administração do produto nos pacientes. Agora, entrou na etapa de conciliação e análise final de todos os resultados para fazermos o fechamento do relatório, previsto para o início do próximo ano. Uma análise preliminar demonstrou bons resultados, mas temos que aguardar o relatório final para confirmação e divulgação completa”, pondera.

Em paralelo, Farmanguinhos está na fase de finalização dos requisitos e de toda documentação de qualidade necessária para a fabricação dos lotes de validação do produto, imprescindíveis para compor o dossiê a ser submetido à Agência Regulatória Europeia (EMA) e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para obtenção do registro do medicamento, além da pré-qualificação junto à Organização Mundial da Saúde (OMS).

Inspeção às instalações – Neste sentido, o Instituto recebeu a visita da parceira alemã Merck KgaA, coordenadora do projeto, que envolve ainda outros parceiros internacionais, para realizar auditoria no Complexo Tecnológico de Medicamentos, primeiro local de fabricação do medicamento. A inspeção é uma das etapas do projeto, a fim de verificar o cumprimento das Boas Práticas de Fabricação (BPF), requisitos necessários para corresponder às exigências das agências regulatórias. Na ocasião, foram avaliados instalações fabris e Sistema de Gestão da Qualidade, com vistas à fabricação dos lotes de validação para fins de registro do produto junto à Anvisa, previsto para o fim deste ano.

De acordo com o vice-diretor de Gestão da Qualidade, Rodrigo Fonseca, essa é a segunda inspeção no âmbito do Consórcio. Ele destaca a evolução de Farmanguinhos nessa dinâmica de avaliação internacional.

“Esse tipo de auditoria possui um elevado nível de exigência, principalmente porque o projeto é internacional e a empresa parceira, por ser alemã, nos examinou com os requisitos europeus. Essa abordagem permite que a nossa instituição reveja seus procedimentos e se desenvolva. Comparando com a primeira visita, em 2018, vimos o quanto Farmanguinhos evoluiu, conseguindo sanar os apontamentos e elevando ainda mais os padrões da unidade”, aponta Fonseca.

Desafios – Para chegar neste estágio do projeto, Farmanguinhos precisou superar uma série de desafios, do desenvolvimento da formulação à preparação dos locais de fabricação.

“A unidade precisa se adequar e atender a todos os requisitos atuais de desenvolvimento envolvendo o “Quality by Design”. Isto é, implementar uma qualidade maior nos processos de desenvolvimento do produto. Este é um requisito que também será cobrado para todos os produtos registrados no Brasil a partir da recente atualização da legislação de Boas Práticas de Fabricação da Anvisa. Claro que existem muitos outros desafios tecnológicos enfrentados, mas a equipe técnica de Farmanguinhos administrou com excelente competência, atuando não como um mero recebedor da tecnologia, mas como participante ativo no desenvolvimento de métodos analíticos, formulação e otimização do processo de fabricação para o escalonamento industrial. O projeto nos trouxe uma importante experiência e aprendizado no desenvolvimento tecnológico de medicamentos inovadores”, observa Daniel Lacerda.

Legado institucional – Ao participar do Consórcio Internacional Praziquantel Pediátrico, Farmanguinhos contribui para erradicação desta doença que acomete milhões de pessoas no mundo. Com isso, atende não somente a missão institucional, como também uma das expectativas de sua visão, que é ser reconhecida por organismos nacionais e internacionais como centro estratégico de desenvolvimento tecnológico e produção de medicamentos.

Estudos – Recentemente, foi publicado o estudo que avaliou o sabor das formulações existentes do Praziquantel (Rac-Praziquantel ODT e L-Praziquantel ODT ) no início do projeto (fase I) e que serviram de base para as devidas adaptações durante o desenvolvimento do medicamento. O artigo foi publicado no periódico PLOS Neglected Tropical Diseases. Clique aqui e confira.

Parceiros – Estabelecido em julho de 2012 como a primeira parceria público-privada internacional sem fins lucrativos relacionada à luta contra a esquistossomose, o Consórcio Praziquantel Pediátrico é composto por Farmanguinhos,  Merck KGaA (Alemanha), Astellas Pharma Inc. (Japão), Swiss TPH (Suíça), Lygature (Holanda), SCI (Reino Unido), KENRY (Quênia) e Université Félix Houphouët-Boigny (Costa do Marfim), sendo o projeto financiado por Bill & Melinda Gates Foundation (Estados Unidos), Global Health Innovative Technology Fund (Japão) e European & Developing Countries Trials Partnership (Europa). Saiba mais sobre a iniciativa no site www.pediatricpraziquantelconsortium.org

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Amamentação é proteção para a vida inteira

Agosto dourado reforça a importância do aleitamento materno para a saúde do bebê, os benefícios para as mães e a rede de apoio necessária

A cor dourada simboliza o padrão ouro de qualidade do leite materno, o qual é recomendado pelo Ministério da Saúde até os dois anos de idade ou mais e, de forma exclusiva, nos seis primeiros meses de vida, mesmo nas mães que tiveram casos confirmados de Covid-19.

Médica de Farmanguinhos, Dra Simone Cavalcante explica a importância do leite para o bebê e os benefícios que ele traz como principal fonte de alimento.

“O leite materno é o alimento mais completo e seguro sob o ponto de vista nutricional e funcional, pois além de nutrir, ele atua positivamente na estimulação de agentes imunoprotetores para o lactente. Este leite possui o equilíbrio entre seus componentes: água, proteínas, gorduras, vitaminas e as imunoglobulinas, que atuarão diretamente como anticorpos e estimularão futuramente a imunidade inata”, observa.

Outros benefícios também são comprovados, como redução dos riscos de sobrepeso, obesidade e diabetes na infância, redução de alergias e infecções respiratórias, construção de um micro bioma intestinal saudável e o desenvolvimento neuromotor e cognitivo, contribuindo para sua intelectualidade futura.

 A médica ressalta ainda que o vínculo psicoafetivo único, entre a mãe e o filho, estimula e aumenta a produção de um neuro hormônio chamado ocitocina, conhecido popularmente como o “hormônio do amor”. Além do melhoramento hormonal, a amamentação também propicia outros benefícios para a mãe.

“A ocitocina atua na mãe trazendo acolhimento e bem-estar, favorecendo também a produção do leite. A mãe que amamenta tem uma série de benefícios, entre eles: diminuição da depressão pós-parto, controle da natalidade, redução das chances de câncer de mamas e ovários”, destaca Drª Simone Cavalcante.

Rede de apoio na Instituição – Em Farmanguinhos, o Departamento de Gestão da Saúde do Trabalhador  oferece o Programa de Gestantes que, além de abordar temas pertinentes à gestação e ao parto, explica assuntos referentes à amamentação, como vantagens do aleitamento, cuidado com as mamas, verdades e mentiras da amamentação. Com o auxílio de bonecos, as profissionais do programa ainda demonstram como ajudar o bebê a mamar corretamente, posições, sucção, a extração do leite (manual e com bombas de extração) e destacam a importância de uma rede de apoio, como o familiar, durante o aleitamento.

Desde 2017, o departamento montou a Sala de Amamentação, certificada pelo Ministério da Saúde, e oferece a possibilidade de as mães que retornam da licença maternidade continuarem com a amamentação, mesmo já em suas atividades laborais. O ambiente oferece privacidade, acolhimento, materiais descartáveis e condições adequadas padronizadas para a extração e armazenamento do leite materno.

“A sala está disponível para qualquer funcionária lactante que trabalhe em Far. Usualmente as lactantes a utilizam em média duas ou três vezes ao dia para retirar e acondicionar o leite no freezer, que é verificado sempre no início e final dos plantões. A lactante se identifica no balcão do departamento e pode levar o frasco esterilizado para armazenamento e a bomba extratora, se for o caso, e coloca a etiqueta de identificação. No final do expediente, a lactante buscará o seu frasco para levá-lo para casa”, explica a médica do trabalho.

Mãe da pequena Letícia, de um ano e um mês, a colaboradora Karen Gonçalves lembra-se das dificuldades que enfrentou para amamentar a filha ao longo destes 13 meses.

“A amamentação não é um caminho fácil, não é instintivo, no começo é tudo bastante doloroso e cansativo, mas o mais difícil é estar vulnerável aos profissionais que ainda não apoiam a causa e seguem logo o caminho da prescrição de fórmulas infantis sem auxiliar a mãe no processo de amamentar. Infelizmente, passei por isso logo no começo e quase não conseguimos, mas com a ajuda de uma consultora em amamentação tudo ficou mais leve. Fizemos acompanhamento e aleitamento misto até o final do segundo mês, sem mamadeira, sem bicos artificiais e conseguimos restabelecer a amamentação por completo e manter o leite como fonte de nutrição exclusiva até sexto mês. Graças ao apoio de profissionais engajados nesse tema tão importante, tive o privilégio de amamentar minha filha e continuar até hoje. Além disso, toda a estrutura disponível em Farmanguinhos para que eu pudesse retornar ao trabalho e manter a amamentação foi fundamental”, destaca a colaboradora, que utilizou a sala de amamentação.

Para Karen, que atua na Coordenação de Desenvolvimento Tecnológico (CDT), o espaço para retirada do leite foi fundamental para auxiliar e permitir a manutenção desse ato saudável, importante e fundamental para os bebês.

Érica Daemon, da Assistência de Assuntos Regulatórios (VDGQ), utilizou a sala de amamentação por cinco meses para alimentação do filho Erick, que vai completar 11 meses em setembro.

“Gostei muito do espaço dedicado para a extração do leite materno. É um ambiente reservado e tranquilo, composto por uma geladeira onde pude armazenar meu leite com segurança e retirar no final do expediente. Amamentei meu filho Erick até os 10 meses e, após o retorno da licença maternidade, o espaço foi fundamental para continuar com a amamentação”, ressalta.

Doação de leite – O Brasil possui 222 bancos de leite humano e 219 postos de coleta. Os estoques são destinados a alimentar bebês prematuros e/ou de baixo peso internados em UTIs neonatais durante todo o ano. O Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) possui o Centro de Referência Nacional para Bancos de Leite Humano, que recebe doação de leite. Para mais informações, entre em contato pelo telefone gratuito 0800 268877 ou no site

Em 2020, cerca de 181 mil mulheres doaram mais de 226 mil litros de leite materno. Neste ano, até junho, foram doados 111,4 mil litros.

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