O periódico científico editado pelo CIBS lança um número temático sobre os assuntos debatidos no 1º Congresso Internacional online de Fitoterapia (INTERPHYTO)
A Revista Fitos acaba de lançar um novo número temático. Editado pelo Centro de Inovação em Biodiversidade e Saúde (CIBS) de Farmanguinhos, o número contempla artigos originários do 1º Congresso Internacional online de Fitoterapia (INTERPHYTO), organizado pelo Instituto do Saber Ativo (ISA) em março de 2021.
Com o tema “Inovação, Sustentabilidade e Difusão do conhecimento tradicional e científico”, o evento teve duração de 60 horas e reuniu 1000 participantes e 45 palestrantes de 10 países, possibilitando agregar as riquezas nutricionais, medicinais e cosméticas das plantas medicinais, como principal fonte da biodiversidade para o fomento da bioeconomia no planeta.
Conheça, por meio dos artigos que compõem esta publicação, as temáticas apresentadas e discutidas no congresso.
Imunização, testagem e distribuição de máscaras PFF2 são algumas das ações desenvolvidas pela unidade com o intuito de assegurar seus colaboradores diante da propagação da variante Ômicron
Desde o início da pandemia, Farmanguinhos tem monitorado permanentemente o cenário epidemiológico e adotado uma série de medidas preventivas para garantir a segurança da força de trabalho no âmbito interno e orientar quanto às formas de prevenção no ambiente externo. Com a propagação da variante Ômicron, a unidade intensificou suas ações com o intuito de zelar pela saúde dos trabalhadores e evitar que as atividades essenciais sofram os impactos dessa proliferação, o que geraria consequências no abastecimento do SUS. Imunização, testagem no Instituto e obrigatoriedade do uso de máscara PFF2 e do esquema vacinal completo são algumas dessas providências.
Tais determinações são discutidas pelo Grupo de Trabalho para Convívio no Novo Normal, integrado por profissionais de todos os campi, a fim de apresentar e debater propostas para conter o avanço de Covid-19 no Instituto. Além disso, diversas áreas da unidade atuam junto à Fiocruz para estabelecer ações e diretrizes institucionais contra a doença. É o caso da Vice-diretoria de Gestão do Trabalho (VDGT), que em conjunto com o Gabinete da Direção e Vice-diretora de Gestão Institucional, representam a unidade na Coordenação da Fiocruz voltada para a pandemia.
De acordo com o vice-diretor de Gestão do Trabalho, André Cordeiro, essa interação com a Fundação é primordial. “Essa interlocução é fundamental para o alinhamento institucional e para a busca de soluções conjuntas. Um exemplo recente foi a definição do novo protocolo de testagem e afastamento, divulgado na última semana, fruto de intenso diálogo entre os diversos atores (médicos, pesquisadores, coordenação da pandemia e gestores das unidades)”, destaca.
Colaboradores tomam a dose de reforço da vacina. Foto tirada antes da Portaria 26/22, da Presidência da Fiocruz.
Imunização – Ao longo de 2021, em momento de escassez de vacina, seguindo a diretriz do CD Fiocruz que considerou as unidades produtivas como essenciais, o Departamento de Gestão da Saúde do Trabalhador (DGST/VDGT) aplicou duas doses da vacina contra Covid-19 e a dose de reforço, garantindo assim todo o esquema vacinal para os profissionais em atividade presencial e rodízio. Para evidenciar a importância da vacina, e estimular a imunização, a Direção distribuiu um cordão para crachá com tema “Vacinado! Vacinada!” a todos que se imunizaram.
Distribuição de máscaras PFF2 – O Centro de Segurança do Trabalho e Gestão Ambiental (CSTGA) iniciou a distribuição de máscaras PFF2 para profissionais em trabalho presencial e rodízio. A medida é uma das determinações previstas na Portaria 26/22, publicada pela Presidência da Fiocruz em 12/01/22. Desta forma, os colaboradores receberão quatro unidades para suprir um mês. Esse modelo de proteção facial deverá ser usado durante todo o expediente em Farmanguinhos e no deslocamento da residência para o trabalho e no retorno, tendo em vista sua maior capacidade de filtragem.
Cabe ressaltar que, mesmo com esquema vacinal completo, o uso de máscara ainda é obrigatório para evitar a propagação da doença. Por isso, além das dependências dos campis e do ônibus corporativo de Farmanguinhos, utilize a proteção facial em locais fechados e em transportes públicos, conforme determina o Decreto Rio 49766, de 11/11/2021.
Colaboradores recebem a máscara PFF2
Testagem na unidade – Desde o primeiro dia útil deste ano, a equipe do DGST/VDGT, seguindo o Plano de Convívio [Link para a área de covid da Intra],colocou em prática a testagem de todos os profissionais incluídos no protocolo médico. Os testes são realizados em quem apresentar sintomas ou manteve algum contato com alguém com Covid. Portanto, é fundamental comunicar à área caso você apresente sintomas ou tenha sido contactante ( sem máscara por 15 minutos ou mais).
Comprovante de vacinação – Conforme indicação da Portaria 26/22 da Presidência, só podem acessar os campi pessoas com esquema vacinal completo, incluindo a dose de reforço, quando for o caso. A medida inclui o público externo em visita à instituição, e todos os trabalhadores, independentemente de vínculo, bolsistas, estudantes e outros com atividades regulares que estiverem em atividades presenciais. A obrigatoriedade só não se aplica a pacientes e usuários dos serviços de saúde que tenham alguma contraindicação específica para a vacinação de Covid-19. Em virtude disso, Farmanguinhos está estudando a operacionalização desta normativa, que será divulgada em breve.
Colaboradores realizam os testes para a Covid-19 dentro da unidade.
Boletim epidemiológico – A área de Saúde tem realizado o acompanhamento do estado de saúde dos profissionais da Unidade, seguindo os critérios clínicos e epidemiológicos do Núcleo de Saúde do Trabalhador (Nust/CST/Cogepe/Fiocruz). Quinzenalmente, o setor envia um boletim para atualização dos dados e transparência da curva entre os trabalhadores, bem como o Painel de Bordo para acompanhar os casos e correlacionar todas as possíveis variáveis (sintomas, gênero e números de novos casos) por semana. Através da análise desses índices, a unidade define orientações de trabalho aos seus colaboradores, incluindo a frequência presencial.
Suspensão de atendimentos eletivos e dos programas – Para melhor atender a força de trabalho e reunir todos os esforços a fim de priorizar o acompanhamento dos novos casos de colaboradores contaminados, os atendimentos eletivos e os programas internos de saúde foram suspensos temporariamente.
Atualização dos protocolos de Saúde para a Covid-19 – Seguindo as orientações da Cogepe, divulgadas em 19/01, o prazo de afastamento/isolamento de trabalhadores com a doença foi alterado para adesão às novas determinações do Ministério da Saúde. Com isso, o prazo anterior que era de 14 dias para todos os casos, passa a ser de 7 dias para pacientes sintomáticos, 5 dias para assintomáticos e sem afastamento ou isolamento para pessoas contactantes de casos de Covid intradomiciliares.
Balanço das medidas de segurança e proteção – A primeira fase de implementação das ações de convívio em Farmanguinhos, entre 2020 e 2021, reuniu cerca de 105 iniciativas. Coordenada pela VDGT, as atividades foram executadas por várias áreas da unidade. No segundo semestre do ano passado, foi lançada a segunda fase do programa, chamada de Novo Normal 2.0, cujo foco está no aprimoramento e na informatização das iniciativas existentes, buscando estar sempre alinhada ao cenário epidemiológico e às orientações da Fiocruz.. Para disseminar e reforçar o cumprimento das orientações internamente, a instituição conta com os Agentes do Bom Convívio (ABC). Trata-se de um grupo de trabalho formado por colaboradores treinados a orientar os colegas sobre as medidas de segurança e proteção.
“Graças aos esforços que estamos empreendendo, especialmente no sistema de monitoramento epidemiológico implementado, combinado com as medidas de engajamento e gestão da mudança, foi possível para nossa equipe reagir com celeridade e precisão na detecção dos casos suspeitos já no primeiro dia útil do ano, encaminhando-os para a testagem. Além disso, a combinação de vacinação em massa com o aprimoramento das medidas não-farmacológicas, como uso de máscaras PFF2, nos fortalece no enfrentamento de um momento tão delicado. Por isso, precisamos que todos apoiem uns aos outros, colaborem e contribuam para que tenhamos sempre um ambiente saudável e seguro. Continuaremos a divulgar nossos dados de saúde de forma transparente, como sempre fizemos desde o início, e colocamos a VDGT à disposição para orientar, apoiar e ajudar no que for necessário. Acredito que unidos conseguiremos mitigar os efeitos do Covid-19”, ressalta Cordeiro.
Clique aqui e confira outras ações implementadas pela unidade no enfrentamento da pandemia e que seguem em vigor, como medição de temperatura, distribuição de álcool, higienização das áreas, distanciamento seguro, entre outras.
Fruto de convênio com a Finep, o equipamento poderá ser usado para desenvolvimento de novos medicamentos para o SUS a partir do método por fusão a quente
Lucyenne Barbosa acompanhou todo o processo de instalação do equipamento na sala cedida pela Produção (Alexandre Matos)
O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) instalou uma extrusora para desenvolver melhorias na biodisponibilidade de medicamentos a partir da extrusão por fusão a quente, técnica conhecida como Hot Melt Extrusion (HME). Fruto de uma parceria com o Instituto Nacional de Tecnologia (INT) e o Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco (LAFEPE), o equipamento é oriundo de um convênio com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), intitulado “Desenvolvimento de método tecnológico para solubilização de drogas pouco solúveis de interesse do SUS”, assinado em novembro de 2021.
A extrusora será utilizada no projeto de desenvolvimento do Ritonavir 100 mg comprimidos revestidos, medicamento genérico que está sendo elaborado em parceria com os laboratórios de Tecnologia Farmacêutica e de Farmacotécnica Experimental, ambos de Farmanguinhos, que objetiva reformular esse importante antirretroviral. Para tal, a equipe almeja otimizar a forma farmacêutica e o seu Insumo Farmacêutico Ativo (IFA).
Uma das responsáveis pelo projeto, Lucyenne Barbosa, da Divisão de Gestão de Desenvolvimento Tecnológico, explica que a extrusora é onde ocorre a mistura por meio da fusão do fármaco com um agente polimérico e excipientes, a fim de melhorar as propriedades, tanto de biodisponibilidade quanto outras propriedades físicas do IFA.
Ao sair da extrusora, o material fundido e totalmente misturado sofre um resfriamento na esteira fria, o que possibilita manter a forma mais estável (Alexandre Matos)
“A tecnologia utilizada para alcançar este objetivo é conhecida por HME ou extrusão à quente de medicamentos, que é inovadora e está cada vez mais sendo incorporada na indústria farmacêutica nacional. Neste caso, os IFAs que apresentam baixa solubilidade, sensibilidade à umidade, ou pobre escoamento, também podem ser formulados através dessa técnica, obtendo-se produtos de melhor desempenho em relação àqueles provenientes de métodos convencionais de produção. Devido ao curto tempo de residência na extrusora, substâncias ativas sensíveis ao calor também podem ser processadas sem ser degradadas. O material fundido e totalmente misturado, ao sair da extrusora, sofre um resfriamento, o que possibilita manter a forma amorfa do IFA, esta mais estável”.
De acordo com Lucyenne, a instalação do equipamento na planta fabril de Farmanguinhos trará muitos benefícios à unidade. “A extrusora é fundamental para a efetivação da tecnologia de HME e acaba se fundindo com a técnica. Apesar de o projeto ainda não ter sido concluído, o convênio em si e a aquisição do equipamento (por meio da cooperação) foram muito importantes para o desenvolvimento de competências na produção de medicamentos através dessa metodologia. Ao longo dos anos do projeto, algumas pesquisas de Farmanguinhos foram desenvolvidas enquanto o equipamento ainda estava no INT, sob a orientação do Dr Fabio Dantas, coordenador do projeto no INT. A disponibilidade da extrusora em nossas instalações possibilitará o desenvolvimento de outros produtos e otimizar etapas do processo produtivo, como mistura e granulação. Atualmente, o Laboratório de Farmacotécnica Experimental, liderado pela pesquisadora Alessandra Viçosa, consultora no projeto, também desenvolve medicamentos utilizando esta tecnologia, como a produção do praziquantel pediátrico a partir da impressão 3D”, enfatiza.
Ao incluir a tecnologia no portfólio, Farmanguinhos corrobora com o principal objetivo do projeto inicial, que é a internalização de uma tecnologia avançada e de aplicação direta na indústria, levando a melhorias de processamento e desempenho de medicamentos, além de fortalecer o laboratório público nacional, abrindo a possibilidade de novos desenvolvimentos de medicamentos através da nova tecnologia de produção implementada. “Além disso, o Instituto poderá oferecer uma plataforma para desenvolvimento de medicamentos para outras instituições a partir dessa técnica’, assinala Lucyenne Barbosa.
Fruto de campanha de arrecadação entre os trabalhadores da unidade, os mantimentos foram entregues à Associação Lutando para Viver Amigos do INI
O diretor exibe o certificado com número total de alimentos arrecadados. Somente a Diretoria doou 260 kg. Por conta de compromissos já agendados, os demais integrantes da Direção não puderam comparecer para a tradicional foto, aqui representada pela secretária Priscila Chaves, pela chefe de Gabinete, Vânia Buchmuller, pelo diretor Jorge Mendonça, pelo vice-diretor de Gestão da Qualidade, Rodrigo Fonseca, e pelo vice-diretor de Gestão do Trabalho, André Cordeiro (Foto: Alexandre Matos)
O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) entregou mais de 600 quilos de alimentos não perecíveis à Associação Lutando para Viver Amigos do INI, que apoia pacientes que vivem com HIV/Aids assistidos pelo Instituto Nacional em Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz). Tradição na unidade, a campanha de arrecadação de alimentos ocorre há 12 anos a partir da mobilização dos trabalhadores durante a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (Sipat).
Chefe do Centro de Segurança do Trabalho e Gestão Ambiental (CSTGA), setor responsável por capitanear a campanha de arrecadação, Denise Barone destacou a importância da ação, principalmente durante a pandemia. “Esse ano, assim como no ano passado, foi atípico. Muitos perderam seus empregos, estão com dificuldades financeiras, e os preços dos alimentos estão cada vez mais elevados. Portanto, a campanha de doação de alimentos realizada por Far se faz ainda mais importante para que a comida chegue no prato dessas pessoas”, ressaltou.
Reforço da Direção – Assim como ocorre todos os anos, a Diretoria demonstrou envolvimento com a causa, doando 260 quilos, reformando a campanha. Diante do cenário desafiador, Denise Barone comemora o resultado. “O que conseguimos neste ano foi bastante relevante, considerando a complexidade do momento econômico que o país atravessa. Os profissionais da unidade abraçaram a campanha e doaram 367,64 quilos de alimentos, totalizando 627,24 quilos com os que a Direção doou. Essa mobilização demonstra o espírito solidário da nossa instituição e o nosso comprometimento em cuidar do outro, de servir a população”, assinalou.
A partir da esquerda: Odílio Lino (chefe de Gabinete/INI), Denise Barone (chefe do CSTGA/Far), Sõnia Fonseca (vice-presidente da Associação), Valdeinei da Silva (colaborador da Associação), Solange Siqueira (vice-diretora de Gestão/INI) e Wagner Costa Brabo (chefe da Seção de Gestão de Contratos/INI) / Foto: Alexandre Matos
Para se ter uma ideia da dimensão que essas doações representam, Sônia Fonseca explicou que o quantitativo arrecadado atenderá aproximadamente de 30 e 40 famílias assistidas pela Associação. Atualmente, a Lutando para Viver atende cerca de 100 família por mês. Clique aqui para conhecer o trabalho realizado pela Associação e saber como ajudar.
Os mantimentos foram recebidos por pela vice-diretora de Gestão do INI/Fiocruz, Solange Siqueira, e pela representante da Lutando para Viver Amigos do INI, Sônia Fonseca. Solange Siqueira explicou que a campanha é realizada também no INI, e destacou a importância dessa corrente do bem. “Estamos muito felizes em receber as doações da unidade e poder dar continuidade nessa parceria de anos entre o INI e Farmanguinhos”, ressaltou a vice-diretora de Gestão do INI que destacou ainda os serviços que a Associação presta em benefício desses pacientes e seus respectivos familiares.
Em encontro virtual, no Dia Mundial de Luta Contra a Aids, a pesquisadora Monica Bastos apresentou os novos desenvolvimentos para a erradicação da doença
Em mais uma ação pelo Dia Mundial de Luta Contra a Aids, celebrado no dia 1º de dezembro, o Centro de Estudos de Farmanguinhos recebeu a pesquisadora Mônica Bastos, do Laboratório de Síntese de Fármacos (LASFAR) da unidade, para debater o tema “HIV/AIDS: Uma visão dos novos desenvolvimentos para a erradicação da doença”. O encontro virtual, mediado pela coordenadora do Departamento de Educação, Mariana Souza, e pelo pesquisador Frederico Castelo Branco, também do LASFAR, foi transmitido pelo canal da unidade no YouTube.
Antes de iniciar sua exposição, Mônica Bastos explicou a diferença entre o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids), salientando que ter o vírus não é a mesma coisa que ter a doença.
“A pessoa pode estar vivendo com HIV e não estar com Aids. HIV é o vírus causador da enfermidade. Então, há indivíduos que estão contaminados pelo HIV, mas não desenvolvem a doença. Essa é uma das grandes problemáticas, porque essas pessoas não desenvolvem os sintomas, a doença propriamente dita, e elas estão contaminadas, infectadas, e transmitindo para outras. A Aids só surge quando o indivíduo desenvolve infecções oportunistas, que podem ser tuberculose, pneumonia, hepatites virais e sífilis, por exemplo”, explanou.
A palestrante fez um panorama sobre a doença no mundo, apresentando números de pessoas infectadas, a estimativa de novas infecções no ano, a região mais afetada pela doença, o índice de mortalidade, dentre outros dados.
Durante a exposição, Mônica ainda abordou a iniciativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) para controlar a doença. Trata-se da “Meta 90-90-90”, uma estratégia que consistia em ter 90% da população mundial testada e diagnosticada, sendo 90% dessas pessoas em tratamento e 90% em tratamento em supressão viral. O único país que atingiu a meta foi a Inglaterra. O Brasil obteve 89% de pessoas diagnosticadas, 77% em tratamento e 94% em supressão viral, de acordo com dados do Ministério da Saúde em 2020.
Devido ao insucesso, a OMS estabeleceu uma nova meta para 2030: 95-95-95 em tratamento e reduzir o número de novas infecções em adultos, passando de 500 mil para 200 mil casos.
Como atingir a meta – Segundo a pesquisadora, um dos maiores entraves para o alcance está no tratamento. “No Brasil temos uma distribuição gratuita desses medicamentos pelo SUS, mas a realidade é outra no restante do mundo”, destacou.
Para combater a replicação e atingir a supressão viral, devido à complexidade do ciclo do HIV, é necessária uma combinação de fármacos que atuem em diferentes pontos. É isso que a terapia de antirretrovirais (ATR) atual oferece. Nesse sentido, Mônica apresentou os tratamentos vigentes.
“Hoje, o esquema preferencial é a associação entre as substâncias dolutegravir, lamivudina e tenofovir. Entretanto, nesta semana, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a combinação do dolutegravir com a lamivudina como novo esquema preferencial, tirando o tenofovir, que tem apresentado uma série de toxicidades para os rins. A previsão é que entre em vigor a partir do próximo ano. Também é administrada, especificamente para neonatos (crianças até 5 quilos), a combinação de zidovudina, lamivudina e raltegravir. A partir dessa idade, a OMS recomenda dolutegravir, lamivudina e abacavir”, informou a pesquisadora
Novos desenvolvimentos – Há vários fármacos em desenvolvimento e em fases distintas. A pesquisadora evidenciou as novidades que têm sido descritas, como os inibidores da gp120, do CD4, de Capsídeo e da proteína Rev, que faz o transporte do RNA mensageiro para o núcleo da célula.
“É muito importante que sejam desenvolvidos novos inibidores, com meios distintos, para serem adicionados na terapia por conta da possibilidade de ocasionar mecanismos de resistências advindos do uso da substância por um longo período”, alegou.
Mônica Bastos ainda reforçou que, apesar da pandemia, os estudos clínicos relacionados aos antirretrovirais não pararam, inclusive, com aprovações de trabalhos de substâncias que estavam em estágio avançado, reiterando a importância do tema. “No ano passado tivemos a aprovação do primeiro inibidor da gp120, o fostemsavir (FTR), que é um pró-fármaco, cujo ativo é o temsavir”, ressaltou.
De acordo com a pesquisadora, em 2018, foi aprovado o ibalizumabe, um inibidor de receptor de CD4 (anticorpos monoclonais). Nesta mesma linha, há outros estudos em andamento com previsão de serem aprovados em uma média de três anos.
Profilaxia Pré-exposição (PrEP) – Segundo a especialista, a maioria das ações desenvolvidas anualmente está relacionada à PrEP, indicada ao indivíduo soronegativo exposto à contaminação do HIV. Para essa profilaxia está disponível a combinação de entricitabina + tenofovir produzida por Farmanguinhos, que conta com outros oito antirretrovirais para enfrentamento de HIV/Aids. Clique aqui e confira todas as iniciativas do Instituto nesse segmento.
“Temos resultados positivos, como a redução da taxa de novas contaminações e a prevenção do HIV em grupos de risco. Entretanto, ainda há muitas questões a serem respondidas. No Brasil, por exemplo, nós distribuímos gratuitamente a PrEP e isso tem um custo. Imagina o investimento do Ministério da Saúde ao oferecer medicamento para um paciente que não está doente. Também há questões da resistência aos inibidores, apesar de ser muito discutido que isso não impactará no paciente que precise de tratamento caso seja contaminado futuramente, e do diagnóstico nas pessoas que fazem uso da PrEP e são contaminadas pelo vírus. São questões que ainda estão sendo respondidas, mesmo com o uso da PrEP em andamento”, salientou.
Novos sistemas de entregas de medicamentos – A especialista também apresentou alguns exemplos de tecnologia de entrega de fármacos em fases de desenvolvimento, pré-clínicos e clínicos, para o tratamento e prevenção de infecção pelo HIV, como implantes, injetáveis de ação prolongada, adesivos de microagulhas e anéis vaginais e anais, apontando as vantagens e as desvantagens de cada um.
Solução – A pesquisadora assinalou que o HIV possui inúmeros aspectos que o diferem de outros vírus que dificultam a execução de estratégias para a cura ou desenvolvimento de vacinas.
“O HIV tem uma taxa de mutação dez vezes maior do que o da Influenza e vinte vezes mais do que o SARS-coV-2, por exemplo. Além disso, no HIV, o alvo do vírus são os principais controladores do nosso sistema imune e ele se incorpora ao DNA, com um longo período de latência. Todas essas condições são barreiras que dificultam a cura e a encontrar uma vacina que seja efetivamente eficaz. Já tivemos muitas vacinas testadas, mas que não atingiram a eficácia mínima para serem disponibilizadas para a população. Então, apesar dos esforços, o HIV continua sendo um grave problema de saúde pública. A vacina segue sendo um desafio, novas formulações, opções de PrEP e sistema de liberação de fármacos estão sendo autorizados e o desenvolvimento de novos antirretrovirais ainda é a única alternativa para conter o aumento do número dos casos”, concluiu.
Ao final da apresentação, a palestrante interagiu com o público e respondeu as perguntas encaminhadas pelos participantes no chat.