Autor: Arielle Oliveira Curti (Página 1 de 15)

Especialização em Inovação em Medicamentos da Biodiversidade inicia atividades com palestra

Curso convidou representante da coordenação do movimento dos Cientistas Engajados para debater o desafio da ciência para um desenvolvimento ecológico

A Especialização em Inovação em Medicamentos da Biodiversidade iniciou as atividades nessa sexta-feira (7/2). Aberto ao público, o evento foi realizado remotamente pelo zoom e contou com a presença da representante da coordenação do movimento dos Cientistas Engajados, Mariana Nunes de Moura Souza, a fim de debater “O desafio da ciência para um desenvolvimento ecológico”.

“O mundo em que estamos vivendo, é um mundo em que a própria vida está extremamente ameaçada. Então, contar com uma palestra densa como essa, que se relaciona em diversos aspectos com o nosso curso, é extremamente positivo para os nossos alunos”, disse o coordenador do CIBS, Glauco Villas Boas.

Durante uma hora, a especialista falou sobre o seu estudo na área e apresentou autores que debatem o tema de forma abrangente, com visões de áreas diversas, como social, econômica e produtiva. Ela também fez comparações entre os indicadores de riqueza, crescimento, desenvolvimento e desenvolvimento ecológico.

“O debate ecológico se difere do referente a sustentabilidade, quando consideramos o lado econômico. O lado sustentável prevê apenas o bem-estar, enquanto a ecologia trabalha a integração do ser humano com a natureza”, disse Mariana. Ela, então, elaborou sobre conceitos como a superexploração dos recursos naturais, utilizando exemplos como brumadinho e carajás para a degradação ampliada do ambiente vinculados a empresas produtivas, e a falha metabólica, que fala sobre como o processo capitalista produz, intrinsicamente, uma dissociação do homem com a natureza.

Apresentou ainda pioneiros da economia ecológica, como Thomas Malthus (1798) e Simon Kuznets (1955), que mostram que o crescimento econômico está diretamente ligado a degradação do meio ambiente, não havendo a estabilização do ecossistema dentro do processo produtivo.

“Os problemas da sociedade não vão ser resolvidos a partir de uma perspectiva única. Devemos migrar para métodos que não degradem e, para isso, precisamos superar o método único instigado pela ciência tradicional e incorporar conhecimentos de povos tradicionais ao modo de fazer ciência”, disse Mariana. Segundo ela, é possível aprender mais sobre o assunto com áreas como agroecologia, a agricultura biodinâmica, agrofloresta e medicamentos e produtos da biodiversidade, que já caminham para o lado mais ecológico.

Por fim, a representante do movimento dos Cientistas Engajados falou sobre a necessidade de aumentar os investimentos em Ciência e Tecnologia, para que novos meios de inovação sejam criados. Segundo dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o valor de investido na área caiu em 2020, passando de R$ 95,3 bilhões para R$ 87,1 bi, considerando apenas a execução dos projetos, descontadas as atividades administrativas e de apoio, nos âmbitos público e empresarial.

Especialização Inovação em Medicamentos da Biodiversidade – celebrado pelo Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz), por meio do Centro de Inovação em Biodiversidade e Saúde (CIBS), o curso abre inscrições anualmente, visando qualificar profissionais de nível superior interessados em atuar em projetos, programas e políticas relacionados à inovação em medicamentos da biodiversidade, especialmente aqueles de origem vegetal, em consonância com o Sistema Único de Saúde (SUS).

 

Participe da aula inaugural de Desenvolvimento, Regulação e Gestão de Fármacos e Medicamentos

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Cursos: Farmanguinhos e Universidade de Coimbra estudam lançamento de três novas formações em 2025

Assuntos foram debatidos durante visita de representantes da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra à unidade, no Rio de Janeiro

O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) estuda o lançamento de três novos cursos ainda em 2025. A ação é o detalhamento de uma parceria com a Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC), que fica em Portugal, e tem o intuito de desenvolver projetos educacionais que incentivem a internacionalização e a troca de conhecimento.

Para isso, foram organizados grupos de trabalho e visitas às instalações da unidade da Fiocruz que permitissem um maior entendimento da estrutura do local. Representantes da FFUC, a integrante do UC Business, Vanessa Azevedo, e os subdiretores da Faculdade de Farmácia, Gabriela Silva e João Sousa, foram acompanhados pelos profissionais do Instituto e receberam explicações sobre o funcionamento dos laboratórios e planta fabril.

“Essa foi uma visita importante para que criássemos sinergia entre as instituições. Reunimos profissionais e trocamos experiências que influenciassem não somente na elaboração desses cursos, em possíveis novas parcerias de desenvolvimento tecnológico voltadas para o setor de saúde nos dois países”, disse o diretor de Farmanguinhos/Fiocruz, Jorge Mendonça.

Dentro do escopo de trabalho estão temas como a impressão 3D de medicamentose a bioimpressão, o uso de plantas aromáticas e óleos essenciais, e a formação em radiofármacos para profissionais ligados diretamente aos processos de pesquisa, desenvolvimento, qualidade e aprovação do produto no Brasil. Em conjunto com as pesquisadoras de Farmanguinhos, Maria Behrens e Alessandra Viçosa,  do coordenador do Departamento de Educação do Instituto, Eduardo Gomes, e do coordenador da missão de Farmanguinhos em Portugal, Jorge Lima, foram debatidos planos de aula, modalidades de ensino e público-alvo desses cursos.

“Estamos muito interessados nesse projeto, pois reforça uma ligação entre as instituições em que acreditamos muito, principalmente, em relação ao reconhecimento e desenvolvimento de tecnologias. Espero que seja o primeiro de muitos e que a Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra possa, de certa forma, tornar-se a primeira Faculdade portuguesa a ter formações, em conjunto, da “faculdade” brasileira Fiocruz”, disse o subdiretor da UC, João Sousa.

A previsão é que o lançamento dessas formações aconteça ainda em 2025. As aulas de impressão 3De bioimpressão, por exemplo, estão desenhadas para o primeiro quadrimestre do ano e são voltadas para alunos de Stricto-Sensu, explicou Eduardo.

Parceria Brasil x Portugal

A iniciativa é viabilizada por acordos entre as instituições, que foram assinados em julho de 2024. À época, Farmanguinhos/Fiocruz também firmou parcerias que considerassem a produção de radiofármacos no Brasil e o registro sanitário dos produtos do Instituto em Portugal.

“O conhecimento quase milenar da Universidade de Coimbra, aliado ao da Fiocruz, forma um ‘terreno fértil’ para exploração de potencialidades que agregarão valor, não somente aos cursos de excelência já estabelecidos entre suas faculdades, mas as próprias instituições. A oferta de cursos, construídos em conjunto com essas grandes organizações de Ciência, Tecnologia, Inovação e em Saúde, é um diferencial para os portugueses e brasileiros”, disse Jorge Lima.

 

Palestra: O desafio da ciência para um desenvolvimento ecológico

Evento faz parte da aula inicial do curso de Especialização em Inovação em Medicamentos da Biodiversidade

O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) celebra palestra on-line sobre “O desafio da ciência para um desenvolvimento ecológico”. Evento acontece às 10h, pela plataforma Zoom.

Membro da coordenação do movimento dos Cientistas Engajados, Mariana Nunes de Moura Souza foi convidada pelo Centro de Inovação em Biodiversidade e Saúde (CIBS/Farmanguinhos) para participar da aula inicial do curso de Especialização em Inovação em Medicamentos da Biodiversidade.

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Especialização Inovação em Medicamentos da Biodiversidade – o curso visa qualificar profissionais de nível superior interessados em atuar em projetos, programas e políticas relacionados à inovação em medicamentos da biodiversidade, especialmente aqueles de origem vegetal, em consonância com o Sistema Único de Saúde (SUS).

Novas tecnologias para o combate de Doenças Tropicais Negligenciadas 

Projetos de Farmanguinhos/Fiocruz evoluíram, principalmente, no âmbito dos tratamentos pediátricos 

Desde a pesquisa até a produção, o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) trabalha com projetos inovadores para o tratamento de Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs). Além de ser um compromisso da instituição com o cidadão brasileiro, esses esforços fazem parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), que estabelecem metas para o controle e a eliminação dessas enfermidades.  

Tuberculose, malária, esquistossomose e doença de Chagas são apenas algumas das doenças consideradas negligenciadas no contexto da saúde pública, segundo organismos internacionais de saúde, visto que são endêmicas em populações de baixa renda. Segundo Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde (MS), lançado em janeiro de 2024, foram identificados mais de 580 mil casos novos das DTNs, entre 2016 e 2020, no Brasil. Desses, cerca de 40 mil óbitos foram registrados com causas múltiplas. 

Para combater esse cenário, Farmanguinhos utiliza novas tecnologias que possibilitem a ampliação do acesso a medicamentos à parcela da população mais vulnerável. Em 2024, cerca de 52 milhões unidades farmacêuticas foram fornecidas para o tratamento dessas doenças, entre classes de antimaláricos, anti-helmínticos (esquistossomose), antiparasitários (filariose) e tuberculostáticos. 

A instituição é, por exemplo, a única fabricante nacional do medicamento utilizado no tratamento de filariose no Brasil, a dietilcarbamazina 50 mg, e da associação antimalárica em dose fixa combinada de artesunato e mefloquina (ASMQ). Este último teve a primeira entrega após mudança no processo produtivo, em 2024, que tornou a fabricação mais eficiente. 

Novas tecnologias  

Recentemente, Farmanguinhos iniciou o uso de modelagem de simulação computacional para realizar estudos não clínicos em medicamentos pediátricos dispersíveis em água para bebês, crianças e adolescentes. A estratégia utilizada para o desenvolvimento tecnológico de uma nova associação do isoniazida e rifampicina consiste na criação de um modelo de simulação biofarmacêutica baseado em fisiologia, construído a partir de dados históricos de biodisponibilidade da associação em dose fixa combinada iso+rifam e da isoniazida monodroga em adultos e complementado com dados de literatura. A modelagem contribui, principalmente, para verificar a dose correta para cada tipo de público pediátrico, desde os bebês até as crianças em idades pré-escolar e escolar, demonstrando o comportamento dos fármacos em cada organismo. 

Outra evolução no tratamento da população pediátrica foi referente ao Arpraziquantel. No âmbito do consórcio internacional, em parceria com a Merck S.A., o Instituto se tornou o primeiro produtor global desta opção terapêutica focada no tratamento da esquistossomose em crianças de idade pré-escolar, entre três meses e seis anos. Dispersível em água, palatável e de tamanho adequado, o medicamento foi desenvolvido para resistir aos desafios de calor e umidade dos países tropicais.  

Em 2024, a terapia foi incluída na lista de pré-qualificados da Organização Mundial de Saúde (OMS), após parecer científico favorável da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), e teve sua qualidade reconhecida internacionalmente, possibilitando o fornecimento para regiões onde a doença é altamente endêmica, especialmente a África. A submissão para a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), necessária para o início do tratamento no Brasil, também já foi feita por Farmanguinhos/Fiocruz ainda no ano passado.  

Dia Mundial das Doenças Tropicais Negligenciadas – celebrado anualmente no dia 30/1, a data foi criada para chamar a atenção a esse grupo de patologias que afetam cerca de 1/6 da população mundial, principalmente pessoas pobres de países da região tropical, inclusive o Brasil.  

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