Autor: Alexandre Matos (Página 16 de 38)

Farmanguinhos entrega mais de uma tonelada de alimentos

Os mantimentos foram doados pelos trabalhadores da unidade a pacientes do INI/Fiocruz que vivem com HIV/Aids

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Principal produtor de antirretrovirais do Brasil, Farmanguinhos passará a ofertar também medicamento usado na Profilaxia Pré-exposição ao HIV (PrEP)

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Farmanguinhos obtém registro do Entricitabina+Tenofovir

O antirretroviral é usado na Profilaxia Pré-exposição ao HIV (PrEP). A produção garantirá o abastecimento do SUS

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Farmanguinhos participa de acordo com universidades europeias

Objetivo é desenvolver atividades conjuntas em diversas áreas do campo da saúde, tais como pesquisas, intercâmbio acadêmico, dentre outras

O diretor Jorge Mendonça e o pesquisador Jorge Magalhães participaram do encontro realizado na Universidade NOVA de Lisboa. A cooperação entre as duas instituições e a Universidade de Nottingham, do Reino Unido, prevê o desenvolvimento de trabalhos colaborativos em diversos campos da área da saúde (Foto: Arquivo IHMT)

Na última semana, Farmanguinhos assinou acordo de cooperação técnico-científica com o Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT) da Universidade NOVA de Lisboa e com a Escola de Farmácia da Universidade de Nottingham, do Reino Unido. A cerimônia foi realizada na sede da instituição portuguesa, em 8/10, e contou com as presenças do diretor Jorge Mendonça e do pesquisador Jorge Magalhães, que atua no NIT-Far e coordena o Mestrado Profissional da unidade.

O acordo prevê o desenvolvimento de trabalhos colaborativos nos campos de ensino, pesquisa, desenvolvimento tecnológico, comunicação, informação, gestão e políticas na área da saúde. Na ocasião, foram apresentadas as potencialidades de projetos conjuntos entre as três instituições. Desta forma, as três instituições concordaram em desenvolver atividades de cooperação em dez temas de interesse comum.

As atividades compreendem cooperação para o desenvolvimento institucional; elaboração e execução conjunta de projetos de investigação em saúde, de relevância para as instituições; intercâmbio acadêmico de pesquisadores e estudantes; intercâmbio de informação e documentação técnica no campo da saúde; organização conjunta de seminários ou conferências cientificas; publicações conjuntas de artigos e trabalhos científicos; aprendizagem e ensino, incluindo o desenvolvimento de um programa conducente que leve a obter um prêmio; troca de documentação e material de pesquisa; coordenação, através de seus respectivos escritórios, em projetos de pesquisa conjuntos ou colaborativos; bem como outras atividades que sejam de interesse comum.

Segundo o pesquisador Jorge Magalhães, dentre os benefícios está a possibilidade de ampliar a cooperação internacional e uma presença mais forte da instituição na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). “Haja vista que o IHMT é líder do grupo CPLP. Além disso, é importante na busca de fomentos internacionais para cada área elencada no acordo, bem como a mobilidade de pesquisadores e docentes entre as instituições, por exemplo”, frisa Magalhães.

O pesquisador explica que, por se tratar de um acordo de entendimentos, neste primeiro momento, não há obrigações legais. O próximo passo será a criação de grupos com planos de trabalho e atividades e metas específicas.

Realizado na sede do IHMT, o encontro foi viabilizado por Marta Temido (centro à esquerda), que acaba de ser nomeada ministra da Saúde de Portugal (Foto: Arquivo IHMT)

Segundo o diretor Jorge Mendonça, o trabalho em rede é essencial para sobrevivência das organizações, em especial as de Pesquisa, Desenvolvimento, Inovação e Produção. “Portanto, a formalização do acordo chancela, imediatamente, a criação de grupos de trabalho específicos e multidisciplinares, com elaboração de respectivos planos de trabalho com metas a curto, médio e longo prazos, como, por exemplo, a mobilidade entre os envolvidos”, ressalta Mendonça. Na prática, explica o diretor, o acordo prevê intercâmbio em Ciência, Tecnologia e Inovação; intercâmbio para a formação de pessoal; além de abordagens experimentais para a descoberta de novos fármacos.

Jorge Mendonça explica que a parceria foi construída gradativamente a partir da confiança obtida ao longo do tempo, por parcerias pontuais entre alguns pesquisadores da unidade. “A formalização, neste momento, abre oportunidades mais amplas, haja vista que envolve três instituições, sendo duas na Europa. Esta ação eleva Farmanguinhos a uma posição de protagonista no cenário da Ciência, Tecnologia e Inovação em saúde. Teremos acesso a processos de fomento, investigação e formação, de forma mais célere e com a potencialidade de sinergia pela formação desta rede de trabalho e conhecimento, o que não teríamos se nos mantivéssemos isolados”, conclui o diretor.

O encontro foi viabilizado por Marta Temido, que acaba de ser nomeada ministra da Saúde de Portugal. Em julho deste ano, a então subdiretora do IHMT visitou as instalações de Farmanguinhos e se reuniu com representantes da unidade a fim de estreitar as relações para uma possível cooperação. Naquela oportunidade, Marta demonstrou interesse em compartilhar experiências em diversas áreas, entre as quais engenharia reversa de fármacos, doenças negligenciadas e licenciamento compulsório.

Na ocasião, ela participou da reunião preparatória para o 12º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva (Abrascão), realizada na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).  Marta Temido e Jorge Magalhães integraram a mesa que debateu o tema Translação e Gestão do Conhecimento: Perspectivas e Desafios para os Sistemas de Saúde. Ele discorreu sobre o tema BIG DATA, Vigilância e Avaliação em Saúde: um olhar do Big Data em Saúde.

Para garantir o direito à cura

Pesquisadores falam sobre a polêmica que envolveu a patente do antiviral sofosbuvir, o que restringia o acesso a esse medicamento essencial para a vida de pacientes com hepatite C

 

O público lotou o auditório do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz) para acompanhar o debate sobre Hepatite C: o direito à cura entre a saúde, o comércio e a mídia (Foto: Alexandre Matos)

 

A hepatite C é uma doença silenciosa que afeta cerca de 1,4 a 1,7 milhão de pessoas no Brasil, muitas das quais desconhecem o diagnóstico, a forma como foram infectadas e, ainda, que existem tratamentos. Devido à sua importância para a saúde pública, o tema foi debatido nesta terça-feira (9/10) na Fiocruz. Denominada Hepatite C: o direito à cura entre a saúde, o comércio e a mídia, a mesa foi composta pelos pesquisadores Wanise Barroso e Jorge Bermudez. O evento foi realizado no auditório do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz) e contou com a mediação de Antonio Eugenio Castro Cardoso de Almeida, responsável por aquela unidade da Fundação.

 

Jorge Bermudez ressaltou que o acesso a medicamentos é um direito humano fundamental (Foto: Alexandre Matos)

O encontro teve como objetivo elucidar a comunidade interna acerca da situação envolvendo a produção e o acesso ao sofosbuvir, principal medicamento para tratar hepatite C, com índice de cura de mais de 95% dos casos. O antiviral era produzido por um laboratório norte-americano que cobrava preços extremamente altos, o que restringia o acesso das pessoas à terapia. Para mudar essa realidade, Farmanguinhos formalizou uma Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP) para fabricação nacional, o que reduzirá o custo do produto e, consequentemente, ampliará o acesso de mais pessoas ao tratamento.

 

Com essa visão estratégica, a unidade forneceu ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) subsídios ao exame de patente. A empresa fez 126 reinvindicações de proteção, 124 das quais foram negadas pelo INPI. A polêmica envolvendo a patente tomou dimensão política e tornou-se uma disputa jurídica com repercussão internacional.

 

A especialista em propriedade intelectual, Wanise Barroso, explicou que os dois compostos patenteados não interferem na produção por Farmanguinhos. “O pedido de patente visava ao patenteamento de milhares de compostos que, caso viessem a ser patenteados, poderiam prejudicar a produção nacional. Entretanto, a matéria do pedido de patente concedido não prejudica em nada a produção do sofosbuvir por Farmanguinhos, pois a rota sintética que utilizamos é diferente da patenteada”, ressaltou.

 

Desta forma, em julho deste ano, a unidade obteve o registro junto à Anvisa e, com isso, ofertou o produto com preço 82,81% mais barato do que a empresa produtora do medicamento de referência. A instituição aguarda o Ministério formalizar a pauta de distribuição, por meio do Termo de Execução Descentralizada (TED).

 

Wanise Barroso destacou ainda o trabalho realizado em 2009, a partir do qual foi indeferido o pedido de patente do tenofovir. A iniciativa possibilitou o desenvolvimento de medicamentos em dose fixa combinada para tratamento de HIV/Aids (Foto: Alexandre Matos)

Os palestrantes concordam que a patente é uma concessão de exclusividade que o Estado confere ao inventor, de modo que proíbe terceiros a exploração comercial da invenção. No entanto, Bermudez alerta que saúde não é comércio e deve haver mais flexibilidade. “Vamos colocar o acesso a medicamentos no seu lugar, como um direito humano fundamental no contexto da saúde como direito de todos e dever do Estado”, assinalou o pesquisador.

 

Essencial para o Brasil –  Outro estudo realizado por Wanise Barroso, em 2009, foi fundamental para que o INPI indeferisse a patente do antirretroviral tenofovir. Tal iniciativa permitiu não somente produzir o medicamento, gerando economia de milhões para os cofres públicos, como possibilitou também o desenvolvimento de novas formulações usando o fármaco tenofovir.

 

Duas delas serão fabricadas por Farmanguinhos: o duplivir, composto por lamivudina e tenofovir; e o tenofovir+entricitabina, usado na Profilaxia Pré-exposição ao HIV (PrEP) que acaba de ser registrado na Anvisa. A PrEP é um esquema de prevenção da infecção pelo HIV que consiste no uso diário do comprimido, que funciona como uma “barreira química” contra o vírus.

 

Desta forma, o trabalho realizado em Farmanguinhos foi essencial para o fortalecimento das políticas de saúde envolvendo medicamentos extremamente estratégicos para o Sistema Único de Saúde (SUS).

 

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