Autor: Alexandre Matos (Página 10 de 38)

Divisão de Gestão de Desenvolvimento Tecnológico (DGDT)


Carla Justino, do Laboratório de Validação e Métodos Analíticos (LDVA), realiza o perfil de dissolução do isoniazida + rifampicina, em fase de desenvolvimento

Farmanguinhos é um laboratório ímpar no país, por abarcar toda a cadeia produtiva de um medicamento, desde a pesquisa de base até o produto final. A instituição é um braço estratégico do Ministério da Saúde, inclusive na condução das Parcerias de Desenvolvimento Produtivo (PDP). Apesar de toda a importância que essa política de estado representa para o país, a unidade atua também no desenvolvimento interno de novos produtos.

Neste sentido, a Divisão de Gestão de Desenvolvimento Tecnológico (DGDT), vinculada à Coordenação de Desenvolvimento Tecnológico (CDT), é a área que congrega todas as atividades inerentes à realização de estudos internamente, ou seja, não provenientes de PDP. “São projetos de desenvolvimento a médio e longo prazo, que envolvem um grau de incerteza intrínseco ao desenvolvimento tecnológico, o que é diferente da transferência de tecnologia”, ressalta Juliana Johansson, coordenadora da área.

Ela tem a importante tarefa de coordenar uma área que envolve quatro setores, sendo o Escritório de Projetos e três laboratórios. Em relação ao Escritório de Projetos, além de Juliana, o setor é composto por mais três profissionais, que executam a função de gerentes de projetos: Lucyenne Barbosa, Graça Guerra e Daniel Lacerda. Eles são responsáveis por acompanhar todos os projetos em seu ciclo de desenvolvimento tecnológico.

Esses projetos internos são elencados a partir de demandas do Ministério da Saúde. Para se ter uma ideia, atualmente, o Instituto conta com 18 projetos institucionais de desenvolvimento ou redesenvolvimento de medicamentos, ou seja, estudos realizados internamente. “São projetos de desenvolvimento e redesenvolvimento com diversos objetivos específicos em seu escopo”, ressalta a coordenadora.

A estrutura do DGDT é composta ainda por dezenas de profissionais alocados em seus respectivos laboratórios: Laboratório de Tecnologia Farmacêutica (LTF), Laboratório de Validação e Métodos Analíticos (LDVA) e o Laboratório de Estudos do Estado Sólido (LEES). “O desenvolvimento tecnológico propriamente dito ocorre nesses três laboratórios. O LTF desenvolve as formulações e os processos produtivos; o LDVA desenvolve e valida as metodologias analíticas; e o LEES é responsável por todo o estudo de caracterização do estado sólido”, salienta a servidora.

Daniel Lacerda, Juliana Johansson, Thiago Costa, do LTF, Rafael Seiceira, do LEES, Graça Guerra, Lucyenne Barbosa, e Diogo Dibo, do LDVA

Ela observa que os projetos de absorção tecnológica, isto é, proveniente de PDP, também passam também pela DGDT, uma vez parte do suporte técnico é fornecido pelos laboratórios vinculados à área. “Contribuímos no processo operacional das transferências de tecnologia, principalmente pela atuação do LTF e do LEES, e a gestão das PDP é realizada pela AGPAT (Acompanhamento da Gestão de Absorção Tecnológica)”.

Atividades – Com essas funções definidas, a DGDT fica responsável pelo desenvolvimento e redesenvolvimento internos de formulações, processos produtivos e metodologias analíticas. Além disso, há também projetos com parcerias externas, dentre os quais, o Praziquantel Pediátrico, cuja formulação está sendo viabilizada por meio de uma cooperação entre empresas de diferentes países, grupo esse denominado Consórcio Internacional Praziquantel Pediátrico.

“Esse projeto traz muito conhecimento para Farmanguinhos, principalmente sobre a dinâmica internacional de registro. Ele abre horizontes de conhecimento e pode nos auxiliar também na qualificação de outros produtos nossos. Adquirimos muitos conhecimentos em procedimentos para fazer um desenvolvimento tecnológico que, desde o início, sela elaborado com formato que nos permita conseguir registros internacionais, ou uma pré-qualificação mais rapidamente junto à Organização Mundial da Saúde (OMS)”.

Além desta importante iniciativa internacional, Farmanguinhos, por meio da DGDT, tem parceria com o René Rachou (CPRR/Fiocruz Minas) para o desenvolvimento do gel de paramomicina, antibiótico para leishmaniose cutânea.

Além destes, há a iniciativa para o desenvolvimento de um antirretroviral para as crianças que vivem com o vírus HIV/Aids. “O trabalho do meu Doutorado é o desenvolvimento do atazanavir pediátrico para atender a uma demanda do Ministério da Saúde. Ainda não estamos com o projeto oficialmente aberto, mas a tendência é que, com o amadurecimento do estudo, e constatada a viabilidade desse investimento, é possível que se torne oficial. Estamos buscando patrocínio em agências de fomento para tentar viabilizar mais este desenvolvimento”, destaca Juliana.

A servidora argumenta que esse medicamento foi uma demanda do Ministério da Saúde e que esse projeto está sendo trabalhado em parceria com outras unidades da Fiocruz e outras instituições, como a UFRJ, por exemplo.

“A DGDT trabalha com pesquisa voltada para atender a saúde pública a médio prazo. Os projetos de pesquisa básica são muito relevantes, mas têm um olhar mais de longo prazo. Nossa missão é desenvolver pesquisas aplicadas, por meio de desenvolvimento tecnológico, para gerar produto em um prazo menor. É com essa visão que estou buscando capacitar a equipe e fortalecê-la para trabalharmos a fim de concretizar entregas ao Ministério num cenário mais próximo”, argumenta.

Além da visão estratégica para atender as demandas do Ministério da Saúde, a DGDT atua também no redesenvolvimento de produtos, processos e métodos analíticos que requerem melhorias, através dos laboratórios que dão suporte à área produtiva. Trata-se da atuação em pós-registro, que inclui implementações de melhorias, alteração de equipamentos e otimizações, sejam tecnológicas, produtivas ou econômicas.

“A DGDT nos permite estudar o tempo todo, é uma área que não esgota a formação nunca. Temos uma equipe multidisciplinar. O LTF é composto exclusivamente por Farmacêuticos. Já nos laboratórios analíticos (LDVA e LEES), a formação é variada, englobando farmacêuticos, químicos, engenheiros químicos, técnicos em química, dentre outros profissionais. É muito interessante ter diferentes profissionais também contribuindo, uma vez que a visão analítica de um farmacêutico é diferente da do químico. Portanto, essa multidisciplinaridade dentro de um laboratório só agrega para a instituição”, frisa.

Desafios e perspectivas – A Divisão de Gestão de Desenvolvimento Tecnológico tem se articulado para viabilizar os projetos. A área discute o desenvolvimento de tecnologias de implementação imediata, que requer menos investimentos. Apesar de o país atravessar uma fase econômica adversa, a área tem recorrido a agências de fomento para conseguir recursos para desenvolver tecnologias e produtos mais modernos.

É com essa postura estratégica que a Divisão de Gestão de Desenvolvimento Tecnológico tem atuado, sempre com o propósito de atender as demandas do Ministério da Saúde e, consequentemente, oferecer os melhores tratamentos para os pacientes assistidos pelo SUS.



Juliana Johansson é Gente de Far

Juliana com parte da equipe da CDT: Graça Guerra, Alessandra Esteves, Luciene Barbosa (Arquivo pessoal)

A paixão por Farmácia começou muito cedo. Quando criança, lia bulas de medicamentos e admirava os profissionais que inventavam essas fórmulas da cura para incontáveis patologias. Os anos se passaram, ela cresceu e esse amor irremediável só aumentou. Porque, na verdade, ela nasceu para fazer medicamento!

“Quando eu era criança, ficava lendo bula de medicamentos. Coisa de gente louca, né? Mas eu achava interessante. Eu lia aqueles nomes e ficava pensando em quem fez aquilo (medicamento) e o quanto devia ser difícil. Imaginava que a pessoa tinha de estudar muito. Então, eu sempre gostei dessa área de saúde e, especificamente, ligada a medicamentos, desde sempre. E quando eu fiz Farmácia, já fui sabendo o que eu queria. Não tinha maturidade ainda para entender o que era um desenvolvimento tecnológico, mas, naquela minha cabecinha lá de trás, eu queria era fazer remédio”, frisa Juliana Johansson Soares Medeiros.

Usar os recursos tecnológicos, a capacitação de um grupo de pessoas para promover a saúde, trazer o bem-estar, a cura para doenças, saber que o meu trabalho afeta de maneira positiva a saúde das pessoas, isso é uma recompensa de vida

“Como andei desde a minha formação, sempre motivada pelo crescimento profissional. Quando eu me formei, logo saí de Curitiba, porque o mercado farmacêutico não era aquecido, principalmente a área na qual eu queria atuar. Passei por todos esses lugares, entrei no concurso que, por coincidência, fiz a prova foi no dia do meu aniversário, em 24 de outubro de 2010. E nesse meio tempo, eu comecei a namorar um cearense que morava aqui”, relembra a servidora que, como presente, segurou o 1º lugar numa concorrência de 99 pessoas por vaga.

Juliana e Daniel Lacerda em viagem a países africanos para acompanhar mais uma etapa do projeto de desenvolvimento do Praziquantel pediátrico (Arquivo pessoal)

Lacônica com as palavras e um fenômeno profissional. Apesar das conquistas, prefere atribuir o sucesso à dedicação e às habilidades profissionais. “Inteligência para mim tem vários conceitos. Nessa abordagem de inteligência múltipla, eu me considero habilidosa para a área que eu trabalho. Mas eu não sou inteligente em todas as áreas. Esse estereótipo, na verdade, a gente deve desconstruir. Um jogador de futebol, por exemplo, pode ser extremamente inteligente no contexto da habilidade dele: tem visão de estratégia, percepção espacial, enfim. Então, a gente tem que desconstruir esse estereótipo da inteligência”, ressalta.

Ela não mediu esforços para alcançar os objetivos. Formou-se farmacêutica industrial pela Universidade Federal do Paraná, em 2002. Desde então, atua na área de desenvolvimento tecnológico. “A faculdade de Farmácia naquela época tinha uma grade básica de três anos e, a partir daí, havia uma divisão em que se optava por Farmácia Industrial ou Análises Clínicas. Eu fiz Farmácia Industrial já pensando em ir para a indústria, em aprender os conceitos técnicos da área, pensar em trabalhar com desenvolvimento tecnológico”, explica.

Para fazer aquilo que a vocação pré-determinara lá na infância, teve de buscar oportunidades longe de casa. Assim que se formou, deixou o Paraná, seu estado natal. Foi para o polo farmacêutico de Anápolis, em Goiás, de onde seguiu para Minas Gerais anos mais tarde. Depois migrou para o Rio Grande do Sul até, finalmente, chegar ao Rio de Janeiro, mais precisamente em Farmanguinhos. O passaporte foi a aprovação no concurso público da Fiocruz de 2010.

Essa habilidade tem sido empregada na Coordenação de Desenvolvimento Tecnológico (CDT), área que ela atua da chegada ao Instituto até hoje, desde a formação, na verdade. “Desde que eu vim para Farmanguinhos, eu atuo na Coordenação de Desenvolvimento Tecnológico. Entrei no LTF (Laboratório de Tecnologia Farmacêutica), como farmacotécnica. Essa área me fascina, sabe? Usar os recursos tecnológicos, a capacitação de um grupo de pessoas para promover a saúde, trazer o bem-estar, a cura para doenças, saber que o meu trabalho afeta de maneira positiva a saúde das pessoas, isso é uma recompensa de vida”.

Desenvolvimento tecnológico é uma paixão que transcende os limites do universo profissional. “Isso sempre foi um objetivo que se tornou uma satisfação de vida. É diferente, já que se trata de perseguir um objetivo para atingir metas pessoais e trabalhar com uma área que traz muita satisfação e muito retorno pessoal. Eu fiz o concurso como uma das estratégias para vir para o Rio, para uma instituição super admirada, que é a Fiocruz”, salienta.

Depois de formada, Juliana fez MBA em Gestão de projetos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Mestrado Profissional em Gestão, Pesquisa e desenvolvimento na Indústria Farmacêutica, por Farmanguinhos. Agora, encara novo desafio: está na primeira turma do Doutorado Profissional pioneiro do Brasil na área farmacêutica, também oferecido pelo Instituto.

Mesmo com toda essa demanda, a família é a maior prioridade.  “O mestrado foi bastante sacrificante, eu passava as madrugadas acordada, pois na minha vida pessoal só tinha lugar para meu filho. Eu faço questão de ser uma mãe presente, de dar atenção, de brincar, de ensinar. Daí, eu estudava depois que ele dormia. Agora no doutorado é assim também, só que em dose dupla. Eles dormem e eu começo a estudar”.

O Gabriel (seis anos) nasceu quando a mãe ainda estava no LTF. Na ocasião, Juliana defendeu a dissertação grávida da pequena Beatriz, com dois aninhos atualmente. Assim que terminou a licença maternidade, a servidora se transferiu para o Departamento de Gestão de Desenvolvimento Tecnológico (DGDT). Orgulhosa do local onde trabalha, Juliana faz questão de apresentar a instituição aos filhos.  Sempre que há atividades abertas ao público, lá estão os pequenos, atentos a esse fantástico mundo da Ciência.

E quando Juliana não está desempenhando os papéis até aqui relatados, ainda consegue um espaço na agenda para dedicar-se a uma atividade recreativa, se é se pode chamar assim. “Nas horas vagas eu faço jardinagem. Adoro cuidar de plantas e procuro me dedicar a essa atividade como um lazer mesmo, é um prazer cuidar das plantas e faço há bastante tempo”, revela.

De fato, as coincidências continuam a surpreender. Afinal, família, jardinagem e ciência requerem vocação e dedicação. Assim, semeando ciência e cultivando com dedicação, Juliana Johansson vai colhendo as flores que planta ao longo da vida.

 
 

Direção de Far se reúne com prefeito Marcelo Crivella

Encontro teve como objetivo criar uma agenda positiva para melhoria da infraestrutura e segurança na Av. Comandante Guaranys

Em reunião com o prefeito Marcelo Crivella, Jorge Mendonça e Vânia Dornellas cobraram um envolvimento da Prefeitura com as questões relacionadas à situação do entorno do CTM. O encontro no Gabinete do prefeito foi agendada pelo vereador Inaldo da Silva (direita)

Nesta segunda-feira (29/7), o diretor de Farmanguinhos, Jorge Mendonça, e a chefe de Gabinete, Vânia Dornellas, reuniram-se com o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, para discutir a situação do entorno do Complexo Tecnológico de Medicamentos (CTM). O encontro foi realizado no gabinete do prefeito, na sede da Prefeitura, a partir de um agendamento feito pelo vereador Inaldo da Silva, que esteve na unidade na semana passada acompanhando a Roda de Conversa sobre a Cidade de Deus.

A reunião teve como objetivo criar uma agenda positiva com a Prefeitura a fim de colocar em prática um plano de ação para recuperação da localidade. Neste sentido, o diretor entregou ao prefeito o relatório de segurança da unidade, explicou a situação do entorno e apresentou os projetos sociais que a instituição desenvolve na Cidade de Deus, especialmente o Se essa rua fosse minha, que tem como proposta principal a urbanização e ocupação do território por meio de educação, cultura, esporte e lazer.

Jorge Mendonça informou que Farmanguinhos e outras empresas próximas vêm enfrentando diversos problemas em razão da ausência do poder público. Ele destacou o potencial econômico da região e informou que algumas empresas têm encerrado as atividades por conta da violência, deixando de gerar emprego e renda na região, o que perpetua a condição de pobreza e dos problemas a ela relacionados.

Reunião no CTM – O diretor e a chefe de Gabinete cobraram o cumprimento de uma promessa de campanha do Crivella: a implantação da clínica da família no espaço em frente ao CTM. Crivella afirmou que vai abrir a clínica, inclusive já atribuiu um nome para o espaço. Além disso, o prefeito pediu para agendar uma reunião entre a unidade e os secretários da Prefeitura para detalhar em uma carta compromisso todas as demandas da localidade.

O encontro será realizado no CTM, em data a ser divulgada, e deverá ter a participação de empresários da região. O prefeito se comprometeu vir ao CTM para a assinatura dessa carta compromisso, firmando a intenção de atender as demandas levantadas.

Farmanguinhos de portas abertas para a comunidade

A Unidade promoveu uma roda de conversa sobre a CDD a fim de estimular o debate sobre a realidade do território, as políticas públicas que estão sendo aplicadas e as possíveis estratégias de reforço para saúde, educação, segurança e assistência.

Durante o evento, Jorge Mendonça destacou que região tem um grande potencial econômico, mas, pela insegurança, muitas empresas do entorno encerraram suas atividades (Foto: Tatiane Sandes)

A Cidade de Deus é uma das principais comunidades do Rio de Janeiro, com cerca de 60 mil habitantes, 50% dos quais vivem abaixo da linha de pobreza, isto é, com até 89 reais por mês. Além da extrema miséria, essa população enfrenta o crescimento desenfreado e alarmante da violência e a falta de acesso a serviços essenciais, tais como saúde e educação. Neste cenário desafiador, Farmanguinhos promoveu a roda de conversa Cidade de Deus, como vamos?

O evento foi organizado pela Assessoria de Gestão Social (ASG), no dia 24/7, e reuniu moradores, representantes de instituições sociais da localidade e de entidades públicas, além de trabalhadores da Casa. O objetivo foi discutir a realidade atual do território e as possíveis estratégias de reforço para as políticas públicas.

O diretor da Unidade, Jorge Mendonça, destacou as severas consequências decorrentes da violência e também a necessidade de identificar soluções práticas e eficazes: “Há uma desindustrialização ocorrendo no país, em especial no Rio de Janeiro, com uma velocidade muito agressiva. Nossa região tem um grande potencial econômico, mas, pela insegurança, muitas empresas do entorno encerraram suas atividades, o que deixa de gerar emprego e renda na localidade, além de contribuir para essa vulnerabilidade. Essa é uma ótima oportunidade para nos reunirmos e criarmos uma pauta positiva, com soluções inovadoras, para ser proposta para os governantes e para a iniciativa privada a fim de revertermos essa situação”.

Jacob Portela, coordenador da AGS, apresentou um diagnóstico social da comunidade, considerando o período de 2009 até hoje, com dados demográficos, saúde, educação e segurança. “De acordo com o censo do IBGE de 2010, a CDD possui 36.515. Óbvio que essa população aumentou muito. Hoje, estima-se que seja de mais de 60 mil habitantes. Os números mostram que houve redução dos números de violência com a presença da UPP, melhorando a condição de vida dessas pessoas e os serviços prestados à comunidade. Com o término desse programa, os índices subiram e a situação se agravou: aumento no número de casos de mortes por causas externas, sendo agressões como principal causa. A maioria das vítimas é do sexo masculino, predominância parda e negra com idade entre 15 e 19 anos. Na saúde, mortes por doenças do aparelho circulatório, respiratórias e neoplasias, crescimento dos casos de tuberculose (126 no ano de 2017) e de gravidez na adolescência (a maioria sem pré-natal). Na educação não é diferente, crianças e jovens estudam de forma precária e muitas vezes não têm aula, seja pela violência ou pela falta de professores”, observa.

Educação foi um dos temas abordado na roda de conversa: Cidade de Deus, como vamos? (Foto: Tatiane Sandes)

“Queremos trabalhar a população através da saúde preventiva e não curativa, como vem ocorrendo, principalmente no “centrão” da comunidade, onde o acesso é mais difícil e a condição de vida é mais precária e há maior exclusão. Mas para isso, precisamos de pessoal, de recursos humanos. Esse é o nosso maior déficit. Hoje atendemos com uma equipe muito enxuta para a quantidade de famílias que há na comunidade. Precisamos de mais psicólogos, pedagogos, assistentes sociais para, assim, podermos ampliar os nossos atendimentos”, ressaltou Cristina Branco, gestora do CRAS Elis Regina.

Segundo a educadora Maria das Graças Lima, há um grande índice de abandono escolar. “Somente neste ano, até o momento, já tivemos quase 200 casos. Muitos vão sendo reprovados, vão ficando mais velhos e desistindo de estudar. Estamos correndo atrás desses alunos para trazê-los de volta para a escola. Hoje há um programa nas escolas, onde um funcionário fica responsável por acompanhar as infrequências, nos encaminhar os dados daqueles que tentaram recuperar e não conseguiram para que a CRE vá à frente, ou seja, informe ao Conselho Tutelar e tente reverter a situação”, explicou.

Durante o encontro, os participantes reforçavam a necessidade de unirem esforços para mudar a realidade da comunidade. A partir dessa conversa, os participantes puderam pontuar as demandas iniciais e pensar nos próximos passos. De acordo com a assistente social Magali Portela, que atua na Assessoria de Gestão Social da unidade, as operações policiais impactam as ações dentro do território.

“Portanto, esta demanda vamos apresentar ao comandante do 18º batalhão. Outro fato importante é a nossa representação nos Conselhos de Direito (Escolar, Assistência e Saúde) porque as demandas da comunidade são levadas através deles e a representatividade da Cidade de Deus não pode ficar delegada a uma só pessoa e, que às vezes, nem interage com o coletivo ou tem informações suficientes para responder por todos. Vamos qualificar esse participante para que ele tenha dados reais da comunidade, de seus problemas, e de fato nos represente. É importante também nos atentarmos às fragmentações do espaço, a atuação em algumas necessidades que acabam sendo inferiores ao que a comunidade precisa como um todo para ter um impacto na sua mudança, na sua transformação. Farmanguinhos está abrindo esse espaço para que seja um ambiente técnico para trazer essas demandas junto com as organizações sociais e pautar as reais necessidades, visando o apoio de todos”, enfatizou Magali.

Farmanguinhos recebe representantes da Multinacional Boehringer

Etapas finais da parceria do pramipexol e novas parcerias são pautas do encontro

A partir da esquerda: diretor de Relações Governamentais da Boehringer, Walmir Caetano, chefe do Centro de Empreendedorismo e Assistência Farmacêutica (CEAF), Tereza Santos, diretor Jorge Mendonça, coordenadora de Desenvolvimento Tecnológico, Alessandra Esteves, e o novo diretor de Relações Governamentais, Marcello Scattolini (Foto: Viviane Oliveira)

Farmanguinhos se reuniu com representantes da companhia farmacêutica alemã, Boehringer Ingelheim, no dia 15 de agosto, no Complexo Tecnológico de Medicamentos. No encontro, além de fazer um levantamento das últimas etapas da conclusão da Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP) do pramipexol, as instituições apontaram a possibilidade de novas parcerias.

O diretor de Relações Governamentais da Boehringer, Walmir Caetano, apresentou o novo substituto, Marcello Scattolini, que reafirmou o compromisso de seguir com a parceria do medicamento para o tratamento de Parkinson, pramipexol, que já avançará para as etapas finais, com a produção dos lotes-piloto do medicamento nas três concentrações.

Participaram do encontro, o diretor Jorge Mendonça, a chefe do Centro de Empreendedorismo e Assistência Farmacêutica (CEAF), Tereza Santos, e a coordenadora de Desenvolvimento Tecnológico, Alessandra Esteves.

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