Na manhã do segundo dia do 12º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva – Abrascão 2018, no auditório do INI (IPEC) aconteceu a apresentação de um pool de trabalhos sobre Tuberculose, uma doença predominantemente curável, mas, que ainda mata milhões de pessoas no mundo.
Os estudos evidenciaram a necessidade de dar visibilidade a esse grave problema de saúde pública, e de se compreender as peculiaridades da população acometida por essa doença, tais como, baixa renda que deriva na pouca adesão e tem o abandono como resultado final. Juntando-se a isso, a necessidade de ingerir vários comprimidos e a longa duração do tratamento são fatores determinantes de resistência as ações terapêuticas.
Os participantes foram unânimes na preocupação quanto a redução das taxas de abandono ao tratamento, pois esperam com isso romper a cadeia de transmissão por entenderem que aqueles que não aderem à terapêutica permanecem doente e continuam sendo fonte de contágio.
Na apresentação de alguns trabalhos, o tuberculostático Isoniazida, disponibilizado pelo Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos) foi citado como um dos medicamentos utilizados pelos pacientes com Tuberculose.
Cabe ressaltar que Farmanguinhos desde 19 de junho passou a distribuir esse medicamento com uma nova concentração: 300mg, Agora, em vez de três comprimidos diários de 100mg, o paciente passa a tomar apenas um de 300 mg.
Na parte da tarde, na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), na sala de Comunicação Oral, o tema do debate foi A Comunicação e o Sistema Único de Saúde (SUS).
Os pesquisadores promoveram um repensar sobre as construções discursivas que circulam nos meios de comunicação sobre o Sistema Único de Saúde (SUS). Considerando que uma das ações para o fortalecimento do SUS depende de diferentes relatos a serem produzidos pelos grandes meios de comunicação, os estudos trouxeram à tona a busca da compreensão do formato discursivo dos jornais impressos de circulação nacional para a questão da saúde como um direito de todos, e como esse cenário era apresentado nessas mídias.
Uma questão ficou evidente: quando a intenção é dar ênfase as falhas, má gestão ou alguma ineficiência do SUS relacionada ao direito à saúde, as informações são encontradas mais facilmente do que quando são abordados temas a favor da saúde pública.
Com um olhar bem peculiar, Wilson Marques Vieira Junior, da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) realizou seus estudos tendo as piadas sobre o SUS como ponto focal. Com isso, trouxe um olhar diferenciado em cima do entrelaçamento desses dois fatores. Para ele, o humor irônico ou crítico contido nas piadas existentes sobre o SUS acabam perpetuando uma imagem negativa de um dos maiores sistemas públicos de saúde.
“Os cartuns representam a visão estereotipada da “saúde pública” versus “saúde privada”, sendo a primeira retratada como ineficiente e precária e a segunda como eficiente, porém financeiramente restritiva. Os poucos cartuns sobre a saúde privada têm o estereótipo da eficiência dos serviços privados em contraponto com os serviços públicos”, disse.
A conclusão a que se chegou foi que apesar da comunicação sobre o SUS ser considerada insatisfatória, as experiências no Brasil envolvendo as práticas comunicativas tendo o SUS como tema, ainda acontecem em escala pequena e tendendo sempre para o lado desfavorável do sistema.