O secretário refletiu sobre a associação das transformações políticas, sociais e ambientais com as transformações econômicas, da ciência, produção e inovação 

Farmanguinhos/Fiocruz recebeu o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (SECTICS/MS), Carlos Gadelha, para ministrar a Aula Inaugural do Ano Acadêmico 2024. O secretário apresentou O Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS) no país da reconstrução, no dia 4/3, em Manguinhos.  

Gadelha destacou a perspectiva principal do complexo, atrelando o surgimento de políticas econômicas, de ciência, inovação e ensino que dialoguem com o modelo de sociedade que está sendo criado. “A visão do CEIS parte da concepção em que o mundo das transformações políticas, sociais, ambientais e na vida é indissociável do mundo econômico, da produção, da ciência, da tecnologia e da inovação. Eu não tenho uma sociedade equânime e sustentável, se a dimensão econômica e da produção não muda.  Se a gente não muda o mundo econômico e material, da ciência e da tecnologia, a gente reproduz o modelo de sociedade, que é excludente e insustentável”, afirmou o secretário.  

O palestrante utilizou dados de estudos de 2021 para apresentar o Sistema Econômico da Saúde, que representa em torno de 10% do Produto Interno Bruto (PIB), 35% da pesquisa brasileira, um sistema que gera 9 milhões de empregos e possui alto potencial de estimular a economia, permitindo a entrada na quarta revolução tecnológica. “O Complexo é uma agenda de desenvolvimento, por isso é econômico sim, é uma agenda de soberania, que subordina o complexo aos atendimentos das necessidades do país e globais. A nossa atenção primária usa Big Data e inteligência artificial, deve usar o que há de mais moderno para se antecipar às epidemias e doenças, mas antes de tudo é uma atenção primária que parta do cuidado com as pessoas e do respeito à vida. Na saúde não se pode estratificar a sociedade em quem vai viver 100, 80, 70 ou 40 anos. É cuidado, é inovação a serviço da humanização”, refletiu.  

Gadelha também apresentou o modelo de articulação de instituições públicas nacionais de ciência, tecnologia e inovação com o setor privado, com o intuito de novas parcerias produtivas e tecnológicas, orientadas a partir das necessidades de saúde e das demandas do Sistema Único de Saúde (SUS). O secretário atrelou a importância da pesquisa e produção de Farmanguinhos/Fiocruz para uma saúde universal e equânime. “Eu coloco a Fiocruz e Farmanguinhos como instituições estratégicas do Estado. Um SUS sem capacidade cientifica, tecnológica e produtiva não se sustenta. A agenda do ensino e da pesquisa deve estar colada com a capacidade de resposta de produção, para que sejamos um país soberano e com capacidade de garantir o acesso universal estruturalmente no âmbito do SUS. O nosso SUS é equânime, universal e é integral”, ratificou o palestrante. 

Mesa de abertura – Antes da palestra, participaram da mesa de discussão, o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde, Marco Krieger, que estava em uma viagem externa e falou de forma on-line, a coordenadora adjunta dos Cursos Lato Sensu, Isabella Delgado, da Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz), a vice-diretora de Ensino, Pesquisa e Inovação (VDEPI), Núbia Boechat, e a Coordenadora de Educação, Mariana Souza, que atuou em Far por 27 anos, passando pelo Laboratório de Farmacologia Aplicada e pela Educação até a presente data, a qual assumirá nova função dentro da VPEIC. Eduardo Sousa atribuiu o cargo de Coordenador da Educação e foi o mestre de cerimônia do encontro.  

Krieger comentou sobre a implementação da política do CEIS e os resultados de Farmanguinhos para o SUS. “É uma grande honra receber o Carlos, que além de ser o formulador teórico do Complexo, esteve e está trabalhando arduamente na implementação e na garantia desta política. Farmanguinhos esteve, está e estará envolvido nas políticas do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, completando mais de uma dezena de PDP e internalizando produtos importantes e estratégicos. Farmanguinhos e Biomanguinhos, com modelo de negócio que é social, diferenciado, que visa atender as demandas do SUS, têm uma participação muito importante, principalmente nas ações de apoio ao Ministério da Saúde”, concluiu.  

Isabela citou a relevância dos programas de pós-graduação de Farmanguinhos para a Fiocruz e a sociedade. “Toda a questão de Boas Práticas e de ousadia, nós conseguimos ver também na Educação de Farmanguinhos, que hoje apresenta uma oferta em todos os níveis de formação, com dois programas de pós-graduação stricto sensu, sendo inovadores no doutorado profissional, especialização e na residência, que é também uma sacada incrível da Fiocruz poder oferecer residências multiprofissionais, em diversos campos, não só esses mais próximos da saúde coletiva”, lembrou a representante da VPEIC. 

O diretor de Farmanguinhos, Jorge Mendonça, pontuou as importantes entregas da instituição para o CEIS e para o SUS. “Farmanguinhos não se coloca como fábrica. Farmanguinhos é uma Instituição de ciência e tecnologia, que também tem uma fábrica. Formamos alunos, publicamos artigos científicos que engrandecem à literatura, elaboramos novos desenvolvimentos, em termos de processos produtivos quanto de processos analíticos, fornecemos, fazemos divulgação da ciência e tecnologia, tornando Farmanguinhos presente em várias contribuições para o CEIS. E o CEIS tem amplitude, tem estratégia que está sendo montada e discutida com vários membros da sociedade”, destacou. 

Núbia associou a teoria apresentada na palestra com toda a grade educacional da unidade e fez um agradecimento especial à Mariana. “É com um prazer enorme que recebemos o doutor Carlos Gadelha, o pai do conceito do CEIS. Acredito que será muito útil para os nossos alunos e pesquisadores entenderem o que é o Complexo, até porque todos os nossos cursos falam da indústria farmacêutica e estão inseridos no CEIS. Agradeço a participação da Mariana em toda jornada de gestão como chefe do departamento, que construiu este arcabouço, juntando todos os cursos, que nos fez mudar de patamar dentro da educação”, falou a vice-diretora de Farmanguinhos. 

Mariana refletiu sobre a trajetória e as chances de atuação no Instituto. “Eu sou, porque nós somos. Eu não teria chegado aqui, se não fosse todo o apoio que Farmanguinhos me deu nestes 27 anos que estou aqui. Entrei como Iniciação Científica, fiz metrado, doutorado, e não me sinto saindo de Far. São poucas as pessoas que têm o privilégio de sair da Instituição, sem sair da Instituição. Eu continuo me sentindo de Far. Queria agradecer demais a oportunidade que me deram. Eu não poderia ajudar a Fiocruz, se não tivesse tido a oportunidade de ajudar Farmanguinhos antes”, agradeceu a ex-coordenadora da educação. 

Cerimônia de formatura – No evento, cinco residentes da segunda turma da Residência Multiprofissional em Tecnologias Aplicadas à Indústria Farmacêutica de Farmanguinhos formalizaram a conclusão no curso, com a solenidade de entrega dos certificados.  

Confira a aula na íntegra no Canal do YouTube de Farmanguinhos.