No Dia Mundial da Doença de Chagas (14/4), a Fiocruz, por meio do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz), e a multinacional alemã Bayer assinam um Memorando de Entendimento no Castelo Mourisco, sede da Fiocruz, em Manguinhos, Rio de Janeiro. O documento estabelece as bases para avaliação de um futuro acordo de cooperação para o fornecimento do medicamento nifurtimox ao governo brasileiro, um passo significativo para o tratamento da enfermidade.
“Estamos muito felizes em darmos o primeiro passo, no dia de hoje, para uma parceria que poderá beneficiar os pacientes de uma doença negligenciada, ampliando o acesso a um importante medicamento, e fortalecendo o Sistema Único de Saúde”, celebra o presidente da Fiocruz, Mario Moreira.
Claus Runge, Vice-Presidente e Head Global de Acesso ao Mercado, Relações Governamentais e Sustentabilidade da divisão farmacêutica da Bayer, afirma que a parceria, que vem sendo construída há meses, reforça o compromisso da Bayer com a sustentabilidade em saúde em todo o mundo. “Este é um momento de muita alegria. Esta parceria atende a um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, fortemente alinhado com os objetivos globais da Bayer de sustentabilidade, focando e combatendo doenças tropicais”.
O medicamento, produzido pela Bayer, é recomendado, conforme o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas doença de Chagas nº 397, de 2018, para o tratamento etiológico, em crianças e adolescentes na fase crônica indeterminada, e nos casos agudos, para qualquer faixa etária, nas situações em que Benznidazol não seja adequadamente tolerado. A obtenção do nifurtimox, atualmente, só é possível por meio de um acordo entre a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Bayer, não havendo fornecimento direto para o país, o que dificulta a sua aquisição.
Para Adib Jacob, presidente da divisão farmacêutica da Bayer América Latina e Brasil, o paciente deve estar no centro de toda ação em Saúde. “Essa parceria vai ao encontro direto com nosso propósito de levar mais saúde para a população brasileira, e é isso o que comemoramos no dia de hoje. Muito além de produzir inovações, é preciso garantir e ampliar o acesso a quem precisa delas. E esse é o primeiro passo de uma importante parceria para complementar o combate da Doença de Chagas”, completa o executivo.
Para o diretor de Farmanguinhos, Jorge Mendonça, a assinatura do documento representa um avanço no enfrentamento desse grave problema de saúde pública no país. “Estamos avaliando as possibilidades para um futuro acordo de cooperação entre as instituições a fim de prover o nifurtimox no Brasil de forma mais ágil, no intuito de disponibilizá-lo de acordo com a necessidade do paciente portador da doença de Chagas. Com isso, além de beneficiar a sociedade, fortalecemos o Complexo Econômico Industrial da Saúde”, afirma. Por ser um laboratório oficial do Ministério da Saúde (MS), Farmanguinhos tem como missão ofertar soluções integradas e sustentáveis para Sistema Único de Saúde (SUS).
Dia Mundial da Doença de Chagas
A data para a assinatura do documento tem característica simbólica. O dia 14/4 foi declarado pela OMS, em 2019, como o Dia Mundial da Doença de Chagas, uma estratégia para aumentar a conscientização sobre essa doença negligenciada. A afirmação de uma possível parceria surge, portanto, como uma forma de dar maior visibilidade ao tema.
Estima-se que exista um milhão de pessoas afetadas pela doença no Brasil, segundo o Boletim Epidemiológico de Chagas, do MS, de 2021. Essa parcela da população se encontra entre os mais pobres, que sequer possuem diagnóstico correto da enfermidade. Ou seja, alheios às possibilidades de tratamentos existentes.