Curso convidou representante da coordenação do movimento dos Cientistas Engajados para debater o desafio da ciência para um desenvolvimento ecológico

A Especialização em Inovação em Medicamentos da Biodiversidade iniciou as atividades nessa sexta-feira (7/2). Aberto ao público, o evento foi realizado remotamente pelo zoom e contou com a presença da representante da coordenação do movimento dos Cientistas Engajados, Mariana Nunes de Moura Souza, a fim de debater “O desafio da ciência para um desenvolvimento ecológico”.

“O mundo em que estamos vivendo, é um mundo em que a própria vida está extremamente ameaçada. Então, contar com uma palestra densa como essa, que se relaciona em diversos aspectos com o nosso curso, é extremamente positivo para os nossos alunos”, disse o coordenador do CIBS, Glauco Villas Boas.

Durante uma hora, a especialista falou sobre o seu estudo na área e apresentou autores que debatem o tema de forma abrangente, com visões de áreas diversas, como social, econômica e produtiva. Ela também fez comparações entre os indicadores de riqueza, crescimento, desenvolvimento e desenvolvimento ecológico.

“O debate ecológico se difere do referente a sustentabilidade, quando consideramos o lado econômico. O lado sustentável prevê apenas o bem-estar, enquanto a ecologia trabalha a integração do ser humano com a natureza”, disse Mariana. Ela, então, elaborou sobre conceitos como a superexploração dos recursos naturais, utilizando exemplos como brumadinho e carajás para a degradação ampliada do ambiente vinculados a empresas produtivas, e a falha metabólica, que fala sobre como o processo capitalista produz, intrinsicamente, uma dissociação do homem com a natureza.

Apresentou ainda pioneiros da economia ecológica, como Thomas Malthus (1798) e Simon Kuznets (1955), que mostram que o crescimento econômico está diretamente ligado a degradação do meio ambiente, não havendo a estabilização do ecossistema dentro do processo produtivo.

“Os problemas da sociedade não vão ser resolvidos a partir de uma perspectiva única. Devemos migrar para métodos que não degradem e, para isso, precisamos superar o método único instigado pela ciência tradicional e incorporar conhecimentos de povos tradicionais ao modo de fazer ciência”, disse Mariana. Segundo ela, é possível aprender mais sobre o assunto com áreas como agroecologia, a agricultura biodinâmica, agrofloresta e medicamentos e produtos da biodiversidade, que já caminham para o lado mais ecológico.

Por fim, a representante do movimento dos Cientistas Engajados falou sobre a necessidade de aumentar os investimentos em Ciência e Tecnologia, para que novos meios de inovação sejam criados. Segundo dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o valor de investido na área caiu em 2020, passando de R$ 95,3 bilhões para R$ 87,1 bi, considerando apenas a execução dos projetos, descontadas as atividades administrativas e de apoio, nos âmbitos público e empresarial.

Especialização Inovação em Medicamentos da Biodiversidade – celebrado pelo Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz), por meio do Centro de Inovação em Biodiversidade e Saúde (CIBS), o curso abre inscrições anualmente, visando qualificar profissionais de nível superior interessados em atuar em projetos, programas e políticas relacionados à inovação em medicamentos da biodiversidade, especialmente aqueles de origem vegetal, em consonância com o Sistema Único de Saúde (SUS).