O Brasil foi o 20° país certificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) pela eliminação da filariose linfática como um problema de saúde pública e o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) tem papel fundamental na conquista, como o único fornecedor do medicamento utilizado no tratamento registrado no Brasil. A dietilcarbamazina 50mg foi desenvolvida pelo Instituto e teve o primeiro registro em 1996, sendo distribuída para todo o país por mais de 20 anos, contribuindo com o plano nacional de combate à doença, criado em 1997.
“A eliminação de uma doença é uma conquista importante que exige um compromisso inabalável”, disse o Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, Diretor-Geral da OMS. “Parabenizo o Brasil por seus esforços para livrar seu povo do flagelo dessa doença dolorosa, deformadora, incapacitante e estigmatizante. Esse é outro exemplo do incrível progresso que temos alcançado contra as doenças tropicais negligenciadas. E dá esperança de que é possível eliminar essa doença a muitas outras nações que ainda enfrentam a filariose linfática”.
A Ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima, reforça as estratégias governamentais, realizadas ao longo dos últimos anos e os próximos passos. “Nas últimas décadas, o Brasil adotou uma série de medidas coordenadas para eliminar a filariose linfática, como distribuição em massa de medicamentos antiparasitários, o controle de vetores e uma vigilância rigorosa, especialmente nas áreas mais afetadas. É uma conquista das gerações de sanitaristas e demais profissionais da saúde. Graças a esses esforços, o país conseguiu interromper a transmissão da doença em 2017. Na fase pós-eliminação, a vigilância será mantida para evitar o ressurgimento da doença”, afirma.
O secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (SECTICS/MS), Carlos Gadelha, define Farmanguinhos como uma das apostas mais avançadas e estruturantes do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (Ceis). “Farmanguinhos, como sempre, honra a Fiocruz, o Estado brasileiro e a sociedade brasileira, ao avançar com pioneirismo no campo das tecnologias e da inovação, que permitem cuidar das pessoas, salvar vidas e construirmos um Brasil soberano, equânime, independente e sustentável. Nós estamos resgatando o papel da produção pública para enfrentar o desafio das doenças negligenciadas. Mais de um bilhão de pessoas no mundo, 500 milhões são crianças, e esse avanço tecnológico, na inovação, na produção de medicamentos para filariose, constitui um marco da nova estratégia, onde o Ministério da Saúde coloca a vida em primeiro lugar”, comenta.
Com a eliminação da doença conhecida popularmente como elefantíase, o Brasil foi o 53° país a eliminar pelo menos uma doença tropical negligenciada em nível global. O diretor de Farmanguinhos/Fiocruz, Jorge Mendonça, comenta a missão institucional e a atuação para o Sistema Único de Saúde (SUS). “A eliminação da filariose é uma grande conquista para o progresso da saúde da população brasileira e um marco histórico para as doenças negligenciadas. Sermos o único fornecedor do medicamento em nível nacional, desde 1996 registrado na Anvisa, e conseguirmos eliminar uma doença negligenciada reforça o protagonismo de Farmanguinhos na produção de medicamentos e soluções integradas para o SUS”. Jorge destaca também como o fornecimento do insumo farmacêutico ativo (IFA) garantiu o abastecimento dos medicamentos. “A produção nacional do IFA da dietilcarbamazina, pela Nortec Química, também contribuiu para a autonomia brasileira de toda a cadeia e a continuidade em massa do tratamento”, explica o diretor.
A eliminação da filariose linfática integra o programa Brasil Saudável, lançado pelo Governo Federal, em fevereiro de 2024, com o intuito de acabar com doenças socialmente determinadas com abordagem interministerial. Além disso, o roteiro sobre doenças negligenciadas 2021-2030 envolve a prevenção, o controle, a eliminação e a erradicação de 20 doenças e grupos de doenças até 2030.