Atividade celebrou o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência e reuniu filhas de trabalhadores e adolescentes dos projetos sociais da Cidade de Deus
Para comemorar o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, Farmanguinhos/Fiocruz recebeu 15 meninas, de 14 a 18 anos, para viver um dia de cientista no Complexo Tecnológico de Medicamentos (CTM), em Jacarepaguá. Além de conhecer mulheres da saúde que se destacaram ao longo da história, as estudantes visitaram áreas específicas do campus e realizaram atividades lúdicas e interativas.
O grupo foi formado por filhas de trabalhadores da unidade e meninas assistidas pelos projetos sociais, parceiros de Farmanguinhos, Grupo Alfazendo e Associação Semente da Vida da Cidade de Deus (Asvi). O objetivo foi ampliar o acesso de alunas da educação básica ao campo científico, projetando novas possibilidades e conhecendo atuações diferentes em uma indústria farmacêutica.
A assessora Vânia Buchmuller e o diretor Jorge Mendonça realizaram a abertura do evento e reforçaram a importância da ação no CTM. “Vocês terão a oportunidade de conhecer pessoas muito competentes e que guiarão vocês aqui dentro. A fonte de conhecimento tem que ser uma fonte de prazer, então que seja um trabalho divertido; que seja um dia de inclusão, de novos conhecimentos”, destacou Jorge.
Mariana Souza, da Vice-Diretoria de Educação, Pesquisa e Inovação (VDEPI), participa há alguns anos das ações da data na Fiocruz e idealizou o evento no campus. “Neste ano resolvemos inovar e expandir para o CTM, para conhecerem melhor a estrutura toda da fábrica e as ciências farmacêuticas. A programação do dia foi feita com muito carinho e as quatro monitoras da ação são as mais preparadas para esta troca. Aproveitem ao máximo, abusem de todos que estão no campus, que ajudarão a ter uma perspectiva do que é ser Fiocruz e fazer ciência”, falou Mariana, que está em processo de transferência para a Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz).
Com jaleco, luvas e pipetas, as meninas participaram da hora da experiência, para acompanhar as transformações químicas que os medicamentos sofrem nos organismos. As bolsistas do Laboratório de Farmacologia Aplicada, da VDEPI, foram monitoras da atividade e durante a experiência auxiliaram e conversaram sobre vivências do que é ser mulher na ciência, o que é ser mulher preta na ciência e o que é ser mulher indígena na ciência. Foram apresentados livros inspiradores e escolhidas algumas cientistas que mais chamaram a atenção para fazer uma colagem artística. O trabalho resultou em uma exposição que ficará disponível no Pavilhão 47, em Manguinhos.
As meninas realizaram uma visita pelo campus, passando por toda a área administrativa do prédio 10, vendo os laboratórios da qualidade e alguns equipamentos e processos que podem ser executados. Além de conhecer a Central de Resíduos, Estação de Tratamento de Efluentes, Espaço EcoFar e o almoxarifado.
As quatro mulheres que compõem a mesa diretora estiveram presentes no evento, contando um pouco das trajetórias e incentivando as meninas a irem em busca dos objetivos pessoais e profissionais. Núbia Boechat, vice-diretora de Educação, Pesquisa e Inovação, contou as dificuldades no início de sua carreira. “Iniciei na Fiocruz e em Farmanguinhos em 1986 e vim de uma época que era muito mais difícil para as mulheres serem reconhecidas, mas eu acho que o mais importante é a gente acreditar e gostar do que faz, independente de qual seja a carreira. Não podemos ter medo e temos que aproveitar as oportunidades. Este foi o grande diferencial da minha carreira”, destacou.
A coordenadora de Desenvolvimento Tecnológico, Alessandra Esteves, lembrou da transição profissional de veterinária para a área de gestão. “O meu sonho era trabalhar com cães e gatos e cheguei a ouvir muito o discurso de que medicina de humanos que dava dinheiro. Depois de formada, fui estudar gestão e me apaixonei também. Corram atrás dos seus sonhos, mas não fiquem fechadas, porque às vezes a gente ama fazer coisas diferentes, e tem possibilidade de fazer essa transição. Na Fiocruz, tive a oportunidade de fazer essa transição para a gestão e, hoje, coordeno uma área super técnica, que é o desenvolvimento de medicamentos. Isso nos mostra que podemos fazer muitas coisas diferentes. Sonhem e sonhem bem alto. Se é o caminho que vocês amam, é o caminho bom para vocês”, comentou Alessandra.
Silvia Santos, da Vice-Diretoria de Gestão Institucional, mencionou lembranças de sua história e a importância de enfrentar os desafios, focando no que gosta. “Eu fui construindo uma carreira para aquilo que eu sabia que eu tinha uma aptidão, uma familiaridade, que era atuar em indústria. Quando fazemos o que gostamos, os desafios podem ser muito grandes, mas você consegue levar as coisas com mais leveza, com mais otimismo. O importante é fazer o que você gosta e com amor. Que possamos ser mulheres, que inspiram outras mulheres e Farmanguinhos é composto de mulheres de muita força e muita personalidade.”, disse a vice-diretora.
Elda Falqueto, vice-diretora de Operações e Produção, também falou de suas escolhas profissionais e incentivou as meninas a se preparem, independente de suas escolhas. “Apesar da gente ter evoluído muito, sabemos que temos que melhorar um pouquinho da igualdade entre homens e mulheres, mas isso depende muito da gente. Eu decidi fazer farmácia para trabalhar na indústria, me identifiquei com produção, mas a indústria tem muitas coisas para se fazer. Tudo que eu aprendi, me ajuda a fazer melhor o que eu faço hoje. Se você estiver preparada, pode alcançar o mundo. E se você quiser alcançar o mundo, você não pode perder oportunidades. Ninguém vai dizer o que vocês devem fazer, então decidam e vão fundo, porque vocês podem chegar lá”, falou.
Magali Portela, da Assessoria de Gestão Social, participou do evento e contou o relato das dificuldades e superações enfrentadas para chegar na posição atual. “Eu fui uma menina negra, nascida na favela e de pais analfabetos. Na minha formação, foi dito que eu não podia muita coisa e que eu tinha um lugar determinado para mim. Eu não acreditei nisso, busquei as referências, sonhos e pessoas que pudessem me dar oportunidades. E a primeira delas é a educação. Chegar até aqui foi um caminho difícil, mas não é impossível. Não tem nada que nos impeça de chegar. Aqui também é o seu lugar”, concluiu a assistente social, com especialização em produção da saúde e desenvolvimento local.