Parceria entre o Instituto Aggeu Magalhães, o Instituto de Tecnologia em Fármacos e a Universidade de Aveiro foi transmitida no dia 9/5
Similaridades e diferenças entre os sistemas de saúde de Brasil e Portugal foram tema de mesa-redonda na última terça-feira, 9/5. A colaboração entre o Instituto Aggeu Magalhães (IAM/Fiocruz Pernambuco) e o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz), com a Universidade de Aveiro (UA), resultou em debate com representantes dos dois países para o reconhecimento das situações locorregionais. O evento aconteceu em formato híbrido e a gravação permanece no canal do Youtube da Fiocruz Pernambuco.
Ao abrir o evento, a Analista de Gestão do Centro de Empreendedorismo e Assistência Farmacêutica (CEAF) de Farmanguinhos, Daniela Fernandes, relembrou que o evento faz parte de um grupo de atividades desenvolvidas no âmbito do acordo de cooperação técnico-científico, existente entre Farmanguinhos e a Universidade de Aveiro. “Nosso objetivo é constituir alianças estratégicas entre essas duas instituições para o desenvolvimento de empreendedorismo, ensino, pesquisa e discussão de políticas públicas de saúde, dentre elas, o fornecimento de medicamentos”, explica o coordenador da parceria em Portugal, Jorge Magalhães.
Pensando nisso, a coordenadora do CEAF, Tereza Santos, que esteve representando o diretor do Instituto durante o evento, apresentou um panorama do que é Farmanguinhos e suas perspectivas. “Nós queremos ampliar acesso aos medicamentos, principalmente, para aqueles que mais necessitam. Então, a nossa proposta é aprimorar o trabalho feito por Farmanguinhos e discutir políticas em comum. Assim, poderemos chegar não só a Portugal, mas a outros países falantes de língua portuguesa”, afirmou.
Mesmo com a distância, o idioma não foi o único ponto em comum dos estudiosos dos sistemas de saúde. Pesquisador do departamento de Saúde Coletiva da Fiocruz Pernambuco, Garibaldi Dantas demonstrou as questões brasileiras, como os problemas de seguridade social no Sistema Único de Saúde e a necessidade de realocação de recursos federais para o sustento do mesmo. Os tópicos abordados também perpassam pela apresentação do professor da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro e médico especializado em Medicina Geral Familiar, Vitor Coutinho, que descreveu o sistema de saúde português e suas perspectivas futuras.
“Eu julgo que seria importante estabelecer o compromisso mínimo existencial para o sistema. Essa é uma questão que deve ser colocada em agendas políticas e hierárquicas, assim como a compreensão de onde estaremos em 2040, para entendermos quais caminhos devem ser tomados”, diz Vitor.
Para além disso, Garibaldi coloca em pauta os recursos voltados à saúde. “O sistema não sobrevive com o quadro de gastos atual. Ele não corresponde à realidade brasileira ou aos pilares da seguridade social”, reflete. Os dados trazidos por ele são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados em 2019, e revelam que o país segue o padrão europeu em gastos totais com a saúde, com o equivalente a 9,6% do Produto Interno Bruto (PIB). Quando se fala do gasto público com a saúde, no entanto, o Brasil se distancia de Portugal, tendo um gasto público em saúde (3,9% Brasil 5,8% Portugal) inferior ao gasto privado, o que demonstra o enorme desafio para a manutenção das atividades do SUS.
Debate sobre saúde
O evento foi celebrado pelos membros convidados. A vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC) da Fiocruz, Cristiani Machado, por exemplo, evidenciou a importância do encontro entre os dois países que têm sistemas universais. “Mesmo com características tão distintas, é claro que essa parceria é de grande interesse para os nossos profissionais”. O mesmo foi dito pelo vice-reitor de pesquisa da UA, Artur Silva, que parabenizou a colaboração das unidades de pesquisa e desejou que encontros como esse gerassem um futuro promissor para ambos os países. Da mesma forma o vice-reitor para Cooperação, João Veloso, responsável pelo acordo da UA com a Fiocruz, aposta na potencialidade entre as instituições, em todo âmbito da Ciência, Tecnologia e Inovação.
O pró-reitor e membro da unidade de pesquisa em Governança, Competitividade e Políticas Públicas da UA, Filipe Telles, reforçou a necessidade do debate. Segundo ele, os assuntos relacionados à saúde deveriam também envolver a comunidade e a descentralização dos serviços, visto que essas são questões que possivelmente melhoram o acesso à saúde e que devem ser discutidas mais a fundo.
Enquanto debatedora do evento, a coordenadora Geral de Educação e adjunta da VPEIC, Eduarda Cesse pediu também que a colaboração não acabasse ali. “Que isso represente só o início de outras atividades. Principalmente, porque os desafios levantados por nossos colegas são separados pelas características diversas de cada país e, mesmo assim, chegam às mesmas questões como ausência de profissionais e problemas de financiamento”, falou. O reforço a essa fala veio do diretor do Instituto Aggeu Magalhães, Pedro Neto, que compareceu ao evento como membro da mesa de abertura. Para ele, a possibilidade de interação internacional é ainda mais positiva quando vista no pós-covid. “Esse evento é bem acolhido pelo Aggeu Magalhães, porque ele aponta uma perspectiva de cooperação que importa muito para a nossa comunidade e que espero que permaneça”, disse.