Contemplados em editais do programa Inova Fiocruz, os estudos visam ao desenvolvimento de fármacos e medicamentos para HIV, tuberculose e dor neuropática
A inovação é um dos pilares do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz). Ao longo de sua história, a unidade tem se destacado por sua contribuição à saúde pública e à ciência, a partir do estudo de soluções para doenças de grande relevância para a população brasileira. Três desses projetos foram contemplados no programa Inova Fiocruz, coordenado pela Vice-presidência de Produção e Inovação em Saúde da Fundação (VPPIS). Os projetos são voltados para tratamento de HIV, tuberculose e dor neuropática, sendo dois para desenvolvimento de medicamentos fitoterápicos e outro para um produto de origem sintética.
O trabalho desenvolvido por Maria Raquel Figueiredo, que atua no Departamento de Produtos Naturais de Farmanguinhos, em parceria com Valber Frutuoso, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), visa ao desenvolvimento de um fitoproduto a partir da produção do Insumo Farmacêutico Ativo Vegetal (IFAV) à base de Gymnanthemum amygdalinum (popularmente conhecido como boldo africano). Com esse estudo, os pesquisadores pretendem criar um tratamento para dor neuropática, isto é, um dos tipos de dor crônica que afeta o sistema nervoso central ou o sistema nervoso periférico. O projeto encontra-se na etapa de aumento de escala para produção de lote único para ensaios de toxicologia.
Ainda no segmento de fitoterápicos, Antônio Carlos Siani, também pesquisador do Departamento de Produtos Naturais do Instituto, trabalha no protótipo de um medicamento de origem natural adjuvante na terapia de erradicação do HIV de organismos infectados. A pesquisa, fruto de uma parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), encontra-se na etapa de padronização do insumo ativo vegetal para os ensaios de toxicologia, em que as substâncias presentes no extrato vegetal responsável pela atividade terapêutica são caracterizadas e, em seguida, estudadas a fim de verificar seus efeitos e garantir a segurança do produto.
A pesquisadora Núbia Boechat, atual vice-diretora de Educação, Pesquisa e Inovação da unidade, estuda uma nova geração de derivados da Isoniazida como protótipos de fármaco contra a Tuberculose. Trata-se de uma doença que ainda mata cerca de 4,7 mil pessoas todos os anos no Brasil, mesmo sendo uma enfermidade passível de ser prevenida, tratada e curada. Resultado de uma parceria com o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) e Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), o projeto encontra-se na etapa de aumento de escala para produção de lote único para ensaios de farmacocinética e toxicologia.
Neste sentido, 1 kg do produto será sintetizado como lote único para que as propriedades físico-químicas sejam avaliadas, e realizados os estudos in silico e in vivo sobre como o corpo reage à presença dessa droga. Tal procedimento é fundamental para entender aspectos de absorção, biodistribuição e eliminação do produto, além de eventuais efeitos em decorrência do uso do medicamento.
“A aprovação desses três projetos, os quais consideramos como prioritários na VDEPI, foi uma conquista que há muito buscávamos. A ideia foi selecionar aqueles em fase mais adiantada de desenvolvimento e dar a eles um tipo de estímulo especial, que pudesse facilitar para que ultrapassassem algumas etapas da cadeia do desenvolvimento de um novo medicamento”, destaca Núbia Boechat.
Sobre a VPPIS – Os estudos foram estimulados pelos editais do programa Inova, que a Fiocruz lançou no ano passado. Com a aprovação, as pesquisas receberão os recursos da Vice-presidência de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz (VPPIS) ao longo de dois anos, a serem repassados de acordo com as necessidades de cada projeto.
A VPPIS/Fiocruz tem a missão de promover e integrar as atividades de produção e inovação na Fundação, a fim de atender e subsidiar políticas públicas para o Complexo Econômico Industrial da Saúde (Ceis), que garante a articulação do sistema produtivo da saúde.
Sua atuação viabiliza aspectos produtivos e sociossanitários da saúde, contribuindo para a sustentabilidade do SUS, para assegurar o acesso da população aos medicamentos e influenciar fortemente a regulação de preços no mercado de insumos de saúde.