Jorge Mendonça e Carlos Gadelha destacaram a importância de Farmanguinhos e a geração de conhecimento para economia e indústria brasileiras
O Programa de Pós-graduação Profissional (PPG) de Farmanguinhos e a Escola Corporativa da Fiocruz realizaram um webinar sobre a relação saúde-desenvolvimento para o SUS no Complexo Econômico Industrial da Saúde (CEIS) e o papel estratégico dos Laboratórios Oficiais. O encontro virtual reuniu 100 participantes pela plataforma Teams, dentre alunos do PPG Profissional e Acadêmico do Instituto, professores e coordenadores internos e de outras instituições, além de convidados de unidades da Fiocruz.
Moderado pelo pesquisador Jorge Magalhães, que atua no Núcleo de Inovação Tecnológica, o tema foi debatido pelo diretor de Farmanguinhos, Jorge Mendonça, e pelo coordenador de Ações e prospecção da Presidência da Fiocruz, Carlos Gadelha.
Gadelha destacou a importância da unidade para a saúde pública brasileira.
“Farmanguinhos é um ouro que a Fiocruz possui. É muito mais que um laboratório, é uma instituição de ciência, tecnologia e produção de medicamentos. Far é parte do SUS. Não teríamos programa de Aids, programa de transplantes, dentre outros, se não fosse a trajetória de Farmanguinhos”, salientou.
Jorge Mendonça discorreu sobre os benefícios das Parcerias de Desenvolvimento Produtivo (PDP) e a importância do fortalecimento dessa política, que teve a participação da Fiocruz desde a elaboração até a implantação. “O Gadelha idealizou e nós trabalhamos muito para implementar a política na nossa instituição produzindo nas nossas instalações todos os medicamentos objeto de PDP. É uma das maiores propostas do CEIS dos últimos anos, e no momento estamos num vácuo de inovações de grandes proporções. Ele (Carlos Gadelha) foi um dos grandes arquitetos de uma política maior. Pensando não só na economia ou na balança comercial, mas no Sistema Único de Saúde (SUS) e no cidadão”, ressaltou Mendonça.
O diretor fez uma apresentação de Farmanguinhos, detalhando as principais áreas de atuação e números importantes, como as nove linhas de pesquisa, 65 prêmios e 400 artigos científicos publicados. Além disso, Mendonça falou sobre alguns pilares do Instituto, como a Produção de medicamentos, que ocupa 20 mil m² de área fabril e conta com 34 medicamentos no portfólio atual; Desenvolvimento Tecnológico, compromisso com a Qualidade, as linhas de Ensino, estudo de plantas medicinais e a capacidade de inovação dos laboratórios da unidade.
Durante a apresentação, foram destacados alguns projetos de desenvolvimento, como a Primaquina de 5mg e 15mg, o Consórcio internacional para o desenvolvimento do Praziquantel Pediátrico e a inserção do oseltamivir de 30 mg no portfólio da instituição, além da busca de novas fontes de Insumo Farmacêutico ativo (IFA) no Brasil e fora.
“Um dos impactos que Far gera na cadeia de fornecimento no Brasil é o fato de ser o único a comprar IFA nacional de forma regular. Apesar de mais caro do que adquirir de fora, é a inovação sendo criada nos laboratórios nacionais, gerando emprego e renda. O país só será grande quando for grande para todos”, concluiu.
Complexo Econômico Industrial da Saúde – Ao analisar o CEIS, Gadelha observou que o Brasil ainda sofre com a dependência de importação, principalmente na área de fármacos, a qual totaliza mais de 90%. Segundo o pesquisador, isso torna a compra dos produtos essencial, apesar dos valores quadruplicados.
“Temos que ter estratégia de soberania. Não somos apenas um mercado consumidor. Temos um sistema científico tecnológico que se expandiu muito. Estamos perdendo soberania por não acreditar em nosso futuro. Temos que ter esse patrimônio de Far e da Fiocruz para reverter essa dependência internacional, onde produzimos só minério, soja e dado. Temos que gerar acesso, inovação e desenvolvimento. Saber gerar e transformar dado em riqueza e conhecimento”, afirmou.
Mendonça comentou sobre a importância de investir mais na indústria de base química e poder usar os intermediários oriundos dela para se desenvolver inovação e tecnologia no país, diminuindo assim a dependência do país. “Com o passar dos anos, isso foi se perdendo. O ecossistema só tem de existir para a sociedade. Principalmente nesta pandemia, conseguimos ver o tamanho do SUS e a complexidade que ele tem, inclusive o tamanho do déficit. Precisamos enxergar as necessidades do sistema e não do investimento. Isso é o que a Fiocruz mais defende”, frisou.
Carla Kaufman, da Escola Corporativa da Fiocruz, participou do Webinar e comentou sobre o objetivo do encontro virtual, de reflexão e discussão sobre as forças e fraquezas. “Estes eventos ajudam a ampliar o conhecimento e os desafios da nossa instituição. Quero ressaltar que esse tipo de iniciativa contribui muito para o alcance do fortalecimento da rede de aprendizagem na instituição. Sempre aprendo mais com vocês e agrego informações mais atuais”, destacou.
Carla ressaltou que a Escola Corporativa realizará outras ações, inclusive neste formato on-line, para discutir aspectos importantes e contribuir para a identificação de lideranças institucionais, a fim de auxiliar os alunos a terem mais acesso a informações, redes e buscar mais conhecimento para agregar valor aos projetos.
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