Trata-se do antiviral Oseltamivir, indicado para prevenção e tratamento de gripe em adultos e crianças. Ao todo, já foram produzidas mais de 6 milhões de cápsulas no primeiro semestre do ano
Uma nova pandemia e, mais uma vez, o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) reafirma seu potencial técnico. Em 2009, quando o mundo era assombrado pelo avanço de Influenza A (H1N1), popularmente conhecida como gripe suína, a unidade produziu Oseltamivir em caráter emergencial para suprir o Sistema Único de Saúde (SUS). Neste ano, diante de impactos mais devastadores, a instituição atende uma grande demanda pelo antiviral para ajudar no tratamento de pacientes com quadros respiratórios que apresentem risco de complicação. Além disso, desenvolve uma nova concentração do medicamento, a fim de garantir o abastecimento da rede pública de saúde e maior abrangência do tratamento.
Ao longo desses anos, Farmanguinhos tem fabricado o medicamento nas dosagens 75mg e 45mg para serem disponibilizadas nas campanhas de Influenza A do Ministério da Saúde. Para se ter uma ideia do volume de produção anual e do papel essencial da unidade nesse canário, até junho desse ano foram fabricadas mais de 6 milhões de unidades farmacêuticas. A previsão é que até dezembro sejam entregues mais de 16,6 milhões de cápsulas do produto.
Nova concentração – Com o objetivo de estender o alcance da terapia, isto é, cobrir uma faixa mais ampla de pesos corporais e, com isso assistir, especialmente, a posologia destinada ao público pediátrico, o Instituto desenvolveu a concentração de 30 mg do Oseltamivir. Essa dosagem permite que o medicamento seja administrado em pacientes com peso abaixo de 15 kg e também naqueles que pesam entre 13 e 40 kg, sendo para esse público necessário ingerir duas cápsulas do fármaco.
Essa conquista é fruto de um projeto de desenvolvimento tecnológico da própria Unidade. “Após um longo período de avaliação pela Anvisa, obtivemos a aprovação do registro em junho deste ano. No decorrer deste tempo de tramitação regulatória foram respondidas todas as exigências solicitadas pelo órgão regulamentador com agilidade e competência técnica, reforçando a qualidade e robustez de todo o desenvolvimento realizado”, enfatiza a chefe da Divisão de Gestão de Desenvolvimento Tecnológico, Juliana Johansson.
Tal êxito permite não somente que Farmanguinhos esteja apto a produzir todas as concentrações disponíveis dessa categoria de antiviral, mas, principalmente, atender as demandas emergenciais do SUS. Neste sentido, já está sendo produzida a primeira solicitação do Ministério da Saúde para a dosagem de 30mg. Até o final do ano, serão entregues 2, 5 milhões de unidades à Pasta.
Aumento da produção – Além de prescrito para prevenção e tratamento de gripe em adultos e crianças, o uso do Oseltamivir passou a ser adotado em pessoas suspeitas ou diagnosticadas com o novo coronavírus, conforme protocolo do Ministério da Saúde, publicado em abril deste ano. A prescrição, que justifica o aumento substancial da demanda, é indicada para pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) ou com Síndrome Gripal em condições de risco para complicações.
Novo Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) – Outro feito importante oriundo do Oseltamivir está relacionado à aprovação da inclusão de um segundo fabricante de IFA para as concentrações de 45 mg e de 75 mg. Tal resultado advém de um intenso trabalho multidisciplinar que permite que Farmanguinhos quebre a dependência de um único fabricante do princípio ativo. Desta forma, a unidade consegue não apenas reduzir significativamente o custo do produto, como também assegurar o adequado atendimento às demandas do Ministério da Saúde, mitigando os riscos que acarretem atraso na produção e eventual desabastecimento do Sistema Único de Saúde. Esta mesma ação está sendo planejada para a concentração de 30 mg.
Com toda essa atuação, Farmanguinhos reafirma o seu compromisso com a saúde pública e com a população brasileira. Além de atender prontamente a uma solicitação urgente do Ministério da Saúde, segue usando todo o seu potencial técnico e científico para desenvolver e fornecer medicamentos ao SUS.