Emoção, resistência e muita gratidão marcaram o recebimento dos kits natalinos pelos idosos da Casa de Santa Ana, na Cidade de Deus

A entrega dos kits natalinos contou com a presença do Papai Noel, apresentação da percussão dos idosos e crianças e momentos emocionantes / Foto: Viviane Oliveira

Em mais um ano de campanha, o Natal Solidário de Farmanguinhos levou alegria, carinho e a magia do Natal para os idosos da Casa de Santa Ana, na Cidade de Deus. Os profissionais da unidade apadrinharam 26 idosos da casa de convivência, que recebe diariamente senhoras e senhores, moradores da comunidade, para um trabalho intergeracional com crianças e adolescentes.

Cada idoso foi presenteado com um kit natalino, composto por itens de higiene, como sabonete, hidratante, colônia e toalha de mão, e camisola ou pijama. A entrega dos kits aconteceu no dia 11 de dezembro e se tornou um momento marcante para aqueles idosos, que demonstraram carinho e gratidão por aquelas horas de encantamento e lembranças. O Papai Noel esteve presente para aproximar o espírito natalino, levando amor e esperança para o local, que convive com a violência urbana.

Magali Portela, Fátima Loroza e Jacob Portela, da Assessoria de Gestão Social, realizam o Natal Solidário há anos na unidade e levam presentes, carinho e esperança para a Casa de Santa Ana / Foto: Viviane Oliveira

Magali Portela, da Assessoria de Gestão Social, falou do trabalho que Farmanguinhos realiza há 15 anos com a casa e dos potenciais da CDD. “Somos nós que agradecemos por estar aqui, fazendo mais um Natal de vocês, com essa parceria linda, e compartilhando um pouco da nossa instituição com vocês. Que tenhamos um ano bem melhor, com saúde, força e resistência, porque morar na Cidade de Deus tem que ser forte. Eu acredito muito no trabalho dessa Casa e no potencial das pessoas que moram aqui. O que tem de ruim é pequenininho, perto dos talentos e das coisas boas que existem. Cidade de Deus é vitória”, afirmou emocionada a gestora da área.

A Casa de Santa Ana realiza um trabalho pioneiro na implantação da modalidade Centro dia, recebendo os idosos no horário de 8h as 17h, para diversas atividades culturais e sociais, e depois eles retornam para o convívio familiar. Com alternativas de prevenção ao isolamento social, a Casa oferece oficinas de música, ballet clássico, percussão, teatro, artesanato e coral. No encontro, foram apresentados alguns ritmos das aulas de percussão, com a atuação das idosas nos surdos e tamborins e o auxílio das crianças nos repiques. Assista a apresentação, aqui.

São muitas histórias de vida, de batalha, de superação. Mesmo com sequelas de Acidente Vascular Cerebral, dificuldades de locomoção ou deficiência visual, os idosos estavam com sorriso no rosto, com emoção nos olhos e muita gratidão.

Dona Nancy Lomeu, de 85 anos, mora há 53 anos na comunidade e foi uma das primeiras a coordenar a Casa de Santa Ana. Com uma cegueira adquirida há alguns anos e muitas dificuldades pelo caminho, ela demonstrou que a memória permanece fresca. “Fiquei quatro anos comandando essa casa por amor, fazendo um trabalho voluntário. Tive sete filhos, os quais somente dois estão vivos, oito netos, que ajudei a criar, e já tenho oito bisnetos. Fiquei viúva e com problemas na vista, mas participar desse grupo, conviver aqui e tocar tamborim me renova e me traz muita alegria”, contou a guerreira, que enxerga com o coração e driblou as adversidades da vida com o sorriso no rosto.

Dona Maria da Conceição se emocionou ao receber a boneca enviada pela madrinha Luciane Galdino, da VDGT. / Foto: Viviane Oliveira

Entre muitas outras emoções, alguns momentos foram marcantes, como o talento de dona Leda Souza, que tocou percussão com colheres e cantou a música Canto das três raças, de Clara Nunes (clique aqui e confira) , a entrega do presente para dona Maria da Conceição, que anualmente pede uma boneca à madrinha Luciane Galdino, da VDGT, e ao receber comemora, se emociona e encanta todos ao redor, e quando o senhor Antonio Luiz Sobrinho foi presenteado e fez questão de entregar um desenho do Castelo Mourisco, feito por ele.

Farmanguinhos lamenta a perda do senhor Aloísio dos Santos, que faleceu dias antes do encontro.