Durante o encontro, a coordenadora-geral do Complexo Industrial da Saúde disse que vai propor a inclusão de medicamentos da unidade na lista do Mercosul
Na última semana (10/7), o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) recebeu a visita do assessor especial do Ministério da Saúde, José Carlos Aleluia, e da coordenadora-geral do Complexo Industrial da Saúde, Mirna Poliana Furtado de Oliveira. O encontro teve como objetivo apresentar as instalações fabris, mostrar o fluxo de produção para atender as demandas do Ministério e dialogar sobre a possibilidade de criação de uma agenda estratégica para produção e distribuição de medicamentos na rede pública de saúde.
O Brasil tem um braço estratégico de pesquisa, desenvolvimento e de produção na Fiocruz, e deve ser tratado com muita atenção e prioridade pelo Ministério – José Carlos Aleluia, referindo-se à opinião do ministro da Saúde sobre Farmanguinhos
Os visitantes foram recepcionados pelo diretor Jorge Mendonça, pela vice-diretora de Operações e Produção, Elda Falqueto, pela vice-diretora de Gestão Institucional, Sílvia Santos, pela vice-diretora de Pesquisa, Educação e Inovação, Núbia Boechat, pela chefe de Gabinete, Vânia Dornellas, pela gerente da Assistência de Gestão de Projetos de Absorção Tecnológica, Bárbara Ferreira Trigueiros, e pelo vice-diretor de Gestão da Qualidade, Rodrigo Fonseca. Representando a Presidência da Fiocruz, estiveram presentes o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Aurélio Krieger, e o vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional da Fiocruz, Mario Santos Moreira.
A vice-diretora Elda Falqueto guiou os visitantes em cada linha de produção a fim de mostrar o fluxo de fabricação de medicamentos e a capacidade produtiva instalada no Complexo Tecnológico de Medicamentos (CTM). Eles conheceram as novas linhas reformadas recentemente para atendimento das Parcerias de Desenvolvimento Produtivo (PDP). Jorge Mendonça explicou que, no caso da linha de tacrolimo, o objetivo é incluir outros imunossupressores, a fim de aproveitar a capacidade produtiva. “A vantagem de se trabalhar em plataformas é poder usar determinada área para outros medicamentos de mesma classe terapêutica, o que evita novos gastos com obras, como é o caso dos imunossupressores, por exemplo”, argumentou.
Protagonismo da Fiocruz – O assessor do ministro da Saúde, José Carlos Aleluia, disse ter ficado bem impressionado com o parque fabril da unidade. “A visita apenas confirmou a visão que o ministro Mandetta (Luiz Henrique) tem sobre Farmanguinhos. E eu, como assessor, também compartilho essa opinião: de que o Brasil tem um braço estratégico de pesquisa, desenvolvimento e de produção na Fiocruz, e deve ser tratado com muita atenção e prioridade pelo Ministério”, frisou.
Ele ressaltou ainda que, além de atender as demandas de saúde pública, Farmanguinhos, e a Fiocruz como um todo, devem protagonizar uma política industrial no âmbito da saúde pública. “Durante esta visita, hoje aqui, pude perceber que Farmanguinhos é uma instituição que tem capacidade de contribuir bastante para a saúde pública. Claro que tem que se articular com outras instituições públicas e privadas. É importante trazer a iniciativa privada a fim de alavancá-la também”, observou Aleluia. “Esta instituição não é somente de pesquisa, desenvolvimento e produção, Farmanguinhos, e a Fiocruz como um todo, podem sim chegar à fase de criar condições de desenvolvimento de outras instituições, fortalecendo o complexo industrial de saúde no Brasil”, salientou.
Medicamento tipo exportação – Já a coordenadora-geral do Complexo Industrial da Saúde, Mirna Poliana Furtado de Oliveira, informou que vai defender a inclusão de medicamentos de Farmanguinhos na lista de produtos para o Mercosul, principalmente o tacrolimo. A partir de 17 de julho, o Brasil assumirá a presidência pró-tempore (rotativa) do bloco econômico, o que, segundo Mirna, deve favorecer o diálogo no campo da saúde.
Diante desse cenário positivo, a coordenadora afirmou que uma das intenções da Pasta no Mercosul é apoiar, por diferentes mecanismos, a exportação de medicamentos produzidos por instituições públicas brasileiras, a fim de fortalecer o complexo industrial, dentre elas, Farmanguinhos. “Precisaremos ainda definir como vamos fazer isso, ou seja, que mecanismos legais vamos utilizar. Mas é importante frisar que existe a intenção, que está sendo discutida no Ministério para a inclusão desse medicamento no Mercosul”, disse.
Produção versátil – Ambos os visitantes demonstraram ótima impressão com as instalações de Farmanguinhos e destacaram as condições da unidade para atender a diferentes classes terapêuticas. O vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Aurélio Krieger, também destacou essa versatilidade de Farmanguinhos a partir da adequação da planta fabril. “Conseguimos chegar ao equilíbrio entre medicamentos para doenças negligenciadas e medicamentos estratégicos para o Ministério da Saúde”.
Neste sentido, os visitantes reforçaram que o Instituto deve sim internalizar tecnologia de produtos estratégicos, e que, paralelamente, precisa dar continuidade à produção de medicamentos para doenças negligenciadas. “Farmanguinhos tem plenas condições de assumir a produção de medicamentos estratégicos, ou seja, de componentes especializados, chamados de medicamentos de alto custo, por meio de PDP. E, ao mesmo tempo, aproveitar a mesma área fabril, adequando algumas linhas, para fabricar medicamentos para doenças negligenciadas”, argumentou Mirna de Oliveira.
Ela ressaltou que o Ministério da Saúde está trabalhando nessa possibilidade. “Esse é um projeto prioritário para a gestão atual do Ministério da Saúde e da Secretaria de Ciência e Tecnologia. Então, estamos identificando e apoiando instituições públicas que tenham condições de atender essas demandas. E como comentei, Farmanguinhos, na minha opinião, é a instituição que mais tem condições de assumir a produção de alguns desses medicamentos”, assinalou.
Sob esse aspecto, Elda Falqueto reiterou que Farmanguinhos tem estrutura para atender grandes demandas e destacou como exemplo o atual volume de produção. A previsão é de produzir cerca de 300 milhões de unidades farmacêuticas até o fim deste ano.