Pela 1ª vez, a técnica mostrou-se eficiente para separar tais substâncias, conferindo alta pureza em curto espaço de tempo. Artigo foi capa da Separation Science plus
Uma equipe de pesquisadores de Farmanguinhos isolou e purificou duas das principais substâncias encontradas no óleo essencial da pitanga, da classe dos terpenoides: selina – 1,3,7 (11) – trien-8-ona e epóxido de selina – 1,3,7 (11) – trien-8-ona. Os resultados foram publicados na última edição da Separation Science plus (SSC/Plus) sob o título Isolamento de dois principais sesquiterpenos do óleo essencial de folha de Eugenia uniflora por cromatografia de contra-corrente de alta velocidade em escala preparativa (na tradução livre do Inglês). Dada a relevância, o estudo foi selecionado para compor a capa desse importante periódico científico.
Pela primeira vez, esta técnica mostrou-se eficiente para separar sesquiterpenos majoritários de E. uniflora estruturalmente muito semelhantes, proporcionando produtos de alta pureza em um curto espaço de tempo com significativa economia de solvente
Segundo o autor do artigo, o pesquisador André Mesquita Marques, a investigação teve como objetivo isolar os metabólitos majoritários do óleo essencial da Eugenia uniflora (nome científico da pitangueira) em alto grau de pureza de forma rápida e com economia de solvente. Para se ter uma ideia, ao todo, o óleo essencial da planta possui mais de 60 substâncias de caráter lipofílico, que são extremamente difíceis de isolar e purificar.
“Estes resultados abrem caminho para novos estudos sobre o óleo de Eugenia uniflora e seus metabólitos isolados. Esperamos poder fazer colaborações utilizando o óleo bruto assim como seus componentes majoritários para ensaios farmacológicos com foco para aplicação da biodiversidade e também contribuir para o estabelecimento de padrões químicos para a qualificação deste quimiotipo”, explica.
Segundo Marques, a técnica de cromatografia em contracorrente mostrou-se rápida e eficiente para separar as substâncias voláteis encontradas em diversos óleos essenciais de espécies vegetais.
“Pela primeira vez, esta técnica mostrou-se eficiente para separar sesquiterpenos majoritários de E. uniflora estruturalmente muito semelhantes, proporcionando produtos de alta pureza em um curto espaço de tempo com significativa economia de solvente”, frisa o pesquisador.
O trabalho com o óleo essencial de pitanga foi iniciado em 2014 e um método de separação foi desenvolvido e aprimorado. Um artigo sobre essa pesquisa foi elaborado em 2018 e publicado no fim do mesmo ano.
Desde o século 15 – De acordo com a literatura, várias são as aplicações da pitanga. A planta é descrita, por exemplo, como antidiarreica, anti-inflamatória, antirreumática, antipirética, hipotensora, diurética, hipolipidêmica e hipercolesterolemiante, antioxidante, antifúngica, vermífuga, antiparasitária, antimicrobiana, carminativa, expectorante, adstringente. Não por acaso, registros apontam que a espécie foi introduzida na medicina popular pelos índios guaranys ainda no século 15.
André Marques é doutor em Ciências pelo Instituto de Pesquisas de Produtos Naturais (IPPN) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sob orientação dos também doutores Maria Raquel Figueiredo e Antonio Carlos Siani, ambos do mesmo grupo de pesquisa em produtos naturais de Farmanguinhos e coautores do estudo. Além deles, o trabalho teve a participação dos pesquisadores Marcelo Tappin, Maria Auxiliadora Kaplan, Virginia Correia e Victor Hugo de Aquino.