Com 21 anos de Casa, ela conhece Farmanguinhos como poucos. Passou por alguns setores e, atualmente, integra um time que atua nos bastidores do principal programa brasileiro para recuperação da indústria farmoquímica nacional, as Parcerias de Desenvolvimento Produtivo (PDP). O desafio é grande. Ela sabe disso. Assume com comprometimento profissional e responsabilidade social. Afinal, essa militância é um traço da personalidade dessa carioca de Olaria, mãe por vocação, flamenguista de coração, atleta por opção e bailarina por paixão.
Sou carioca, criada em Olaria. Brincava na rua, jogava queimado, brincava de pique-bandeira e pique-esconde. Brinquei muito. Minha infância foi assim: maravilhosa, com letras maiúsculas
Alessandra Minardi é formada em Letras, com habilitação em Português e Inglês, possui pós-graduação em Gestão da Inovação em Fitomedicamentos. Essa versatilidade se reflete no crescimento profissional. Desde que chegou à unidade, em 1997, ela não parou de se desenvolver. Passou por Vendas, Síntese, foi secretária da Diretoria por três gestões e chegou à Coordenação de Desenvolvimento Tecnológico (CDT). Atualmente, está na área recém-criada: a Assistência de Gestão de Projetos de Absorção de Tecnologias. O respeito pela diversidade foi um aliado importante nesse processo.
“Na gestão da Drª Núbia Boechat, eu trabalhei na organização de eventos, o que me proporcionava enorme prazer. Tive a oportunidade de interagir diretamente com departamentos operacionais, tais como Segurança, Portaria e Serviços Gerais. Na área de Vendas, tive a oportunidade de conhecer melhor o objetivo de Farmanguinhos, lidando diretamente com as Secretarias de Saúde de todo Norte e Nordeste do Brasil, desde a pequena cidade de Piripiri, no Piauí, com seu simpático representante de quem nunca me esqueci, até o contato com o secretário de Saúde da Bahia, nosso maior cliente na época… lá no início dos anos 2000”, ressalta a colaboradora.
Assim, respeitando as diferenças, interna e externa, ela foi escrevendo sua história na instituição. Hoje, a atividade é outra, mas o propósito é o mesmo. Farmanguinhos protagoniza as PDP, programa que visa à nacionalização de medicamentos de alta complexidade tecnológica. “As parcerias geram uma significativa economia aos cofres públicos e visam diminuir a dependência do país por importação desses produtos. Os acordos firmados também trazem benefícios à população, pois garantem o abastecimento de medicamentos essenciais ao Sistema Único de Saúde”, destaca.
Os olhos brilham quando fala dos projetos que gerencia, sobretudo os imunossupressores Tacrolimo e Everolimo, usados para evitar rejeição de rins transplantados. “Para o futuro, espero que Farmanguinhos efetive as transferências de tecnologias que estão em andamento, fazendo com que utilizemos toda nossa capacidade de produção nas instalações do CTM (Complexo Tecnológico de Medicamentos)”, observa. Ela é responsável por gerenciar ainda os projetos de absorção tecnológica do antiparkinsoniano Pramipexol e do antiasmático Formoterol+ Budesonida.
Para Alessandra Minardi, a criação da cultura do gerenciamento de projetos na instituição é o maior desafio dessa área estratégica. “A CDT vem demonstrando que um escritório de projetos bem estruturado e funcional beneficia a instituição de muitas formas, planejando e otimizando o funcionamento das atividades, antecipando problemas, controlando, documentando, aumentando assim a chance de sucesso do projeto de internalização de tecnologia”, avalia. Ela ressalta ainda que todo esse trabalho pode facilitar o planejamento de projetos futuros.
Desta forma, Farmanguinhos vem superando os desafios das parcerias que estão na fase IV, ou seja, inerente à realização de todos os processos fabris dentro da unidade. O Tacrolimo será o primeiro fruto de PDP totalmente produzido na Casa. “Espero, ansiosa, por este dia! E partilho uma boa notícia: parte dos lotes-piloto já está comprometida, porque já recebemos demanda de uma secretaria de saúde de uma cidade do sul do Brasil. Com a inclusão de Farmanguinhos como local de fabricação, a previsão é de que até o fim do ano estaremos fabricando esse medicamento”, comemora.
Questão de saúde pessoal – Para extravasar a tensão do dia-a-dia, Alessandra Minardi recorre a uma antiga paixão: o balé, que ela pratica desde a infância. Começou com seis anos, interrompeu aos 16 e retomou após os 40 de idade. Orgulhosa, diz que fez balé clássico e moderno (atual dança contemporânea), além de Jazz, sapateado e dança espanhola. “A dança é um escape excelente. Mas, por falta de tempo, tive de interromper novamente. Então, recorro à academia, e participo de algumas competições de corrida. Mas meu objetivo maior é manter a saúde. Eu gosto de esporte e me considero uma boa ex-fumante”.
Segunda casa – Metade da vida dedicada a Farmanguinhos. Portanto, muitas são as histórias que ela coleciona na instituição, muitas são alegres, outras nem tanto. Mas tudo faz parte da vida e cada página deve ser virada porque outros capítulos precisam ser escritos. “Muitos colegas me apoiaram quando o Pedro (filho caçula) foi diagnosticado com câncer equivocadamente, quando tinha apenas um ano de vida. A alegria de descobrir que foi um engano foi maior do que qualquer vontade de mover uma ação contra a médica irresponsável. O mesmo apoio eu recebi quando o Rafael (filho do meio) foi atropelado”, relembra a super-mãe.
“Mas tenho também outras histórias mais alegres, como os eventos que eu organizava, por exemplo. A primeira festa junina no CTM; o churrasco pela visita do Lula, quando ele veio inaugurar esse campus. Na ocasião, ainda não havia essa estrutura, com um setor específico para eventos. Eu adorava fazer isso, porque é a minha cara: é animado, divertido e um trabalho super agitado. Eu sou muito agitada”.
Investimento – Na opinião da colaboradora, Farmanguinhos é uma instituição fantástica, oferece muitos benefícios que não são encontrados em nenhuma organização externa. “Eu tenho um ônibus que me busca e me deixa do lado de casa; tenho um restaurante com opções de comida, sobremesa e bebida; tenho academia e fiz minha pós-graduação aqui. Tenho uma vivência de mundo, mas nunca passou pela minha cabeça trocar a unidade por um emprego numa multinacional. Eu sou uma apaixonada por Farmanguinhos, pela Fiocruz”.