A cada 45 minutos uma pessoa morre no Brasil por suicídio. Dados apontam que mais de 11 mil casos já foram registrados no país, afetando indivíduos de diferentes origens, classes sociais, idades, orientações sexuais, crenças e identidades de gênero.
A situação é tão alarmante, mundialmente, que se tornou uma questão de saúde pública. Diante desse cenário, é preciso quebrar o tabu e falar abertamente sobre o tema, que ainda enfrenta grandes dificuldades na identificação de sinais e busca por ajuda, já que a maioria dos casos podem ser evitados.
E com o intuito de sensibilizar e conscientizar a força de trabalho de Farmanguinhos, o Departamento de Gestão de Saúde do Trabalhador (DGST) promoveu uma palestra, no dia 19 de setembro, no Auditório do Prédio 20 do Complexo Tecnológico de Medicamentos, em Jacarepaguá, com o Psicólogo Clínico Adelmo Ferreira da Silva.
Durante o encontro, Silva destacou que ao contrário do que muitos acreditam, o suicídio não acontece repentinamente, numa ação impulsiva. “Normalmente as pessoas em estado de sofrimento ficam pensando no ato e costumam demonstrar sinais verbais ou comportamentais que indicam um estado de desesperança, sofrimento, isolamento e ideias de morte”.
Infelizmente, por uma questão ainda cultural, muitos acreditam que se trata de drama, de querer chamar a atenção, ao invés de um pedido de ajuda. Com isso, os sinais costumam ser ignorados ou minimizados pelas pessoas ao redor e familiares. “Ninguém fala que quer desistir de viver em vão. No mínimo, essa pessoa está pedindo ajuda porque há um sofrimento, uma angústia, algo mal resolvido. Desta forma, pelo menos, procure escutá-la e acolhê-la, isso fará toda a diferença. Fiquem atentos aos sinais de alerta, isso é prevenção”, ressalta.
O Psicólogo, que interagiu com os colaboradores e tirou dúvidas, também destacou que os principais fatores que levam uma pessoa a tirar a própria vida, dentre eles: agravos de saúde mental, perda de emprego, agressões psicológicas e/ou físicas, conflitos familiares, perda de um ente querido, doenças crônicas, dolorosas e/ou incapacitantes dentre outros. “Nestes casos parece não haver saída ou possibilidade de melhora da dor emocional, desencadeando pensamentos de morte na intenção de acabar com o sofrimento, muitas vezes insuportável’.
Finalizando o debate, o especialista mencionou as formas de ajudar quem está passando por esse processo de autodestruição: “O primeiro deles é o amor, que é a nossa maior arma. É amar e ser amado, criar vínculo afetivo com alguém ao ponto de buscar superar essa fase para não querer ficar longe de quem se ama. Em seguida, mostrar que é possível dar um novo significado as experiências traumáticas ou difíceis do passado, tornando o indivíduo capaz de retomar e/ou desenvolver novos relacionamentos e projetos. Por último, acreditar que o sofrimento é inevitável, que todos nós passamos por ele, mas que devemos aprender a aceitá-lo”.
Far em ação contra o suicídio! O Dr. Vladimir Soares Gonçalves, gestor do DGST, reforçou o papel do seu Departamento na prevenção ao suicídio na Fiocruz: “Caso vocês saibam ou desconfiem de algum colaborador que esteja apresentando qualquer sinal tendencioso ao suicídio, que imediatamente nos comuniquem. Não é uma questão de delatar alguém, mas de salvar uma vida”, alerta.