A não aceitação da PrEP por travestis e mulheres transexuais e, o planejamento baseado em evidências foram motivos de grande debate
No auditório do Pavilhão Rocha Lima, no terceiro dia do Abrascão 2018, falou-se sobre HIV/AIDS. Segundo os pesquisadores, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 37 milhões de pessoas no mundo vivem com HIV. Por conta disso, a tônica do debate coordenado por Neide Emy Kurokawa e Silva (IESC/UFRJ – RJ), foi o tratamento com terapia antirretroviral (TARV) e a adesão à profilaxia pré-exposição (PrEP).
Há algum tempo, a expectativa de vida de pessoas que vivem com HIV/AIDS tem aumentado, especialmente com a introdução do uso de TARV pelos pacientes. Porém, a infecção por HIV em homens que fazem sexo com outros homens (HSH) e a tentativa de redução da incidência da infecção, que voltou a crescer nos últimos tempos, e a não aceitação da PrEP, principalmente no universo da população com risco acrescido (travestis e mulheres transexuais) foi o ponto alto do debate. Outra questão abordada foi a depressão como fator de interferência na adesão ao tratamento medicamentoso em pacientes com HIV.
A grande observação feita por todos foi que o Brasil é uma referência mundial no que diz respeito ao enfrentamento deste malefício. Porém, a falta de um diálogo contínuo em algumas regiões brasileira e nas grandes metrópoles, tem propiciado um retrocesso no enfrentamento da doença.
Dentro deste contexto, não se poderia deixar de falar no Instituto de Tecnologia em Fármacos, o principal produtor público de antirretrovirais. Na atualidade, sete medicamentos produzidos por Farmanguinhos, estão disponibilizados para a população acometida por essa enfermidade. São eles: Atazanavir, Efavirenz, Lamivudina, Nevirapina, Zidovudina, Lamivudina+Zidovudina e tenofovir+lamivudina.
Neste mesmo dia, à tarde, o encontro foi no espaço Epidauro. Na categoria Comunicações Orais, os congressistas apresentaram e argumentaram sobre o tema Avaliação, Inovação e Gestão do Conhecimento. A conversa foi mediada por André Luis Bonifácio de Carvalho, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB – PB).
Entre os temas expostos estavam dois cases de sucesso de Far: A Construção da Cadeia de Valor de Farmanguinhos: Ferramenta de Gestão de nível estratégico para conhecimento e organização dos macroprocessos e processos institucionais, apresentado pela servidora Valéria Marinho, e a Inovação na Revisão no Planejamento Estratégico de Farmanguinhos: diagnóstico interno baseado em evidências e orientação estratégica para a utilização de recursos, trabalho exposto pelo servidor Leonardo Machado, ambos do Núcleo de Gestão Estratégica (NGE) .
Segundo Valéria, a ideia era mostrar para um público mais amplo o trabalho realizado pelo NGE na esquematização das principais atividades da unidade utilizando a Cadeia de Valores como ferramenta e, consequentemente, dar visibilidade à instituição neste quesito.
“Atualmente, no universo da gestão, se fala muito em planejamento. Farmanguinhos inovou ao falar e se utilizar de planejamento baseado em evidências. Isto foi um grande desafio para o núcleo. Hoje em dia, essa experiência expandiu o conhecimento sobre a instituição e deu condições a gestores e colaboradores de identificar em que ponto da cadeia contribuem para que a organização cumpra sua missão” informou.
Para Leonardo, o Planejamento Estratégico é uma busca constante de aperfeiçoamento. Ao utilizar a pesquisa Survey (FORMSUS), as análises de relação, o uso de evidências para confirmar forças e fraquezas institucionais, o NGE acabou inovando e rompendo com as convicções da cultura organizacional, mostrando a necessidade de melhoria na sistematização das práticas.
“Esses são métodos que você não vê as pessoas aplicando num processo de planejamento. Então, esse diferencial foi visto por nós como crucial”, disse.
Outra questão destacada pelo servidor foi o compartilhamento de informações para aperfeiçoamento do processo interno. “As críticas ou dúvidas que as pessoas possam ter em cima do que foi apresentado, contribuirá para uma reflexão nossa e nos motivará a buscar algo que ainda possa ser aprimorado dentro do que já fizemos até agora”.
No final do debate, os congressistas reconheceram que a modelagem de processos já é uma realidade em várias instituições brasileiras e o quanto é necessário para o cumprimento de suas missões.