A Metrologia tem concentrado esforços em diferentes frentes: ampliação da equipe a partir de remanejamento interno; laboratório foi montado no espaço onde funcionava uma antiga copa; e a bancada de calibração foi montada pela equipe da VDOP (Foto: Alexandre Matos)

Todas as áreas de Farmanguinhos têm contribuído de diferentes formas para que a unidade supere esse cenário desafiador. A Seção de Metrologia é uma que vem se destacando. Vinculado à Coordenação de Gestão da Qualidade (CGQ), o setor tem internalizado serviços, antes terceirizados, e gerado uma economia significativa para a instituição.

A área começou a ser estruturada em 2008, visando a garantir a confiabilidade dos instrumentos utilizados nos diversos setores da unidade. Coordenada por Alan Pinto do Amaral, atualmente, a equipe é composta por Lívia Linhares Marques Alves, Rodrigo Leandro Santos Gualandi e Marcos Antônio Francisco Fernandes.

Atualmente, a Seção realiza a calibração de balanças de até 15kg, e já implementou a calibração de medidores de tempo (cronômetros e temporizadores). “Calibramos os temporizadores e tacômetros dos misturadores, pois o tempo e a velocidade da mistura do produto podem causar impacto na homogeneização. Isso tudo é definido em ficha técnica que vai para a aprovação da Anvisa. Se alterar a velocidade ou o tempo de mistura, pode ter um impacto no produto. Então, nosso trabalho é verificar se tais instrumentos estão trabalhando corretamente”, explica o coordenador da área, Alan Pinto do Amaral.

A Metrologia é a ciência das medições. Portanto, em qualquer área, em qualquer esfera, independentemente de tamanho, se for preciso medir alguma coisa, os profissionais da área estão presentes. Em Farmanguinhos, eles são responsáveis por toda a avaliação do desempenho dos instrumentos de medição, tais como balanças, termômetros, vidrarias de um modo geral, dentre outros. Para se ter uma ideia da importância do trabalho desses profissionais, uma micropipeta desregulada (instrumento utilizado para transferência de líquidos) pode gerar um resultado incorreto de determinada análise. O impacto seria a aprovação ou reprovação indevida de uma amostra.

Trata-se de um trabalho minucioso que avalia cada item, um a um; mesmo sem nunca ter sido usado, ele deve ser calibrado antes de entrar em uso. E Farmanguinhos conta com um volume extremamente grande, de mais de seis mil instrumentos utilizados por profissionais de diferentes setores dos quatro campi da unidade: CTM, Manguinhos, Hélio Fraga e Colônia. “Se comprarmos mil balões volumétricos, temos de calibrar todos, pois cada um tem seu desempenho”, ressalta o servidor.

Com a internalização de alguns serviços, a Seção de Metrologia tem gerado uma economia para a unidade (Foto: Alexandre Matos)

Desterceirização – Toda a atividade de metrologia de Farmanguinhos era realizada por uma empresa terceirizada. O setor era responsável apenas pela gestão dos serviços, tais como cadastrar equipamentos, controlar localização de cada um, cadastrar dados técnicos, emitir ordens de serviço, dentre outros. Motivados por uma insatisfação técnica com a prestação do serviço, aliada a uma política de redução de custos da unidade, a área iniciou um trabalho para internalizar essa função operacional.

Em 2015, o setor realizou um estudo de viabilidade técnica e econômica para implementação do laboratório de Calibração (localizado próximo ao Controle de Qualidade, mais precisamente ao lado da escada que leva à área produtiva). “A data 13 de dezembro de 2016 ficou marcada como o dia em que calibramos a primeira balança em Farmanguinhos. Mesmo com o contrato vigente, o serviço foi internalizado”, observa.

Essa iniciativa tem gerado uma economia de cerca de 40 mil reais por ano à unidade. Mas a ideia é ampliar o escopo de atividades e, com isso, contribuir ainda mais para a sustentabilidade institucional. “A aquisição de uma balança de 520g com resolução de 0,1mg utilizada na calibração de vidrarias permitirá uma economia de mais de R$ 400 mil por ano a Far. Com esse equipamento será possível fazer calibração de micro volumes acima de 100 microlitros e também vidraria de até 250 mL”, frisa o servidor. Segundo ele, a prioridade da área é a implementação imediata desse serviço. Além do fator econômico, a internalização deste trabalho eliminará possíveis problemas relacionados à logística, visto que alguns instrumentos são calibrados externamente e demoram muito para retornar.

Competência interna – Já que a máxima usada na instituição é “muito do que gastamos pode ser usado em benefício de todos nós”, a proposta da área é aproveitar toda a competência que já existe na Casa, evitando custos extras.  As etiquetas e os certificados são criados pela própria Seção de Metrologia e a impressão das etiquetas é feita pela Flexografia. Um novo colaborador reforçou a equipe a partir de um remanejamento interno. Com a ajuda da Vice-diretoria de Operações e Produção (VDOP), o Laboratório de Calibração ganhou uma bancada nova que, juntamente com o forno, permitirá à área fazer a calibração de boa parte dos instrumentos de temperatura, pressão e elétrica. “Custo mesmo que nós tivemos foi com os padrões (pesos) e com o termohidrobarômetro (aparelho que mede temperatura, umidade e pressão atmosférica)”, destaca Alan Amaral.

Prestação de serviços – Desta forma, aos poucos a Seção de Metrologia de Farmanguinhos vai absorvendo serviços indispensáveis para o Instituto. A proposta, entretanto, é ainda mais ousada. “Por que não prestar serviço para toda a Fundação Oswaldo Cruz?”, indaga o servidor. “Imagine a quantidade de laboratórios que existem no IOC, por exemplo, e quanto aquela unidade deve gastar com calibração.  Nós estamos aptos a prestar esse serviço e podemos negociar”, frisa.

Alan Amaral explica que a área não é acreditada pelo Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro), portanto, a etiqueta não tem o selo do Inmetro. Porém, a acreditação não é compulsória. A RDC 17 (resolução da Anvisa), informa o servidor, não exige a calibração por laboratórios acreditados. “Portanto, nós podemos prestar serviço para qualquer indústria farmacêutica, por exemplo, sem problema algum. Não considero uma vantagem sermos acreditados, no momento, porque é um custo alto. Mas, se futuramente formos prestar serviço, valerá sim a pena buscarmos a acreditação, mas não por obrigatoriedade, e sim por ser um diferencial de mercado”, avalia.

A partir da esquerda: Rodrigo Leandro Santos Gualandi, Alan Pinto do Amaral e Marcos Antônio Francisco Fernandes (Foto: Alexandre Matos)