Além das palestras sobre pesquisa, desenvolvimento e Inovação tecnológica, o evento premiou os melhores trabalhos em diferentes categorias
O público lotou a Tenda da Ciência Virgínia Schall, na sede da Fiocruz, no Rio de Janeiro, nos três dias do 4th International Symposium on Challenges and New Technologies in Drug Discovery & Pharmaceutical Production (Simpósio Internacional sobre Desafios e Novas Tecnologias na Descoberta de Fármacos e Produção Farmacêutica, em tradução livre). Em sua 4ª edição, o evento teve como objetivos a divulgação de novas tecnologias e a discussão de estratégias para o desenvolvimento e pesquisa de novos fármacos e medicamentos, bem como a produção farmacêutica.
Neste sentido, de 7 a 9 de novembro, pesquisadores do Brasil e do exterior debateram diferentes temas relacionados a ciência, tecnologia e inovação na indústria farmacêutica, apresentando experiências nas áreas de atuação. Arauto da Ciência e da Tecnologia, a instituição manteve sua missão de incentivar novos estudos, a partir do prêmio Benjamin Gilbert, para trabalhos de profissionais e alunos de pós-graduação apresentados em três áreas de atuação: Pesquisa, Desenvolvimento e Gestão. Além disso, houve também sessão de pôsteres e a premiação Cientista do Futuro, aos alunos de iniciação científica. Clique aqui e acesse a relação de trabalhos premiados.
A vice-diretora de Ensino, Pesquisa e Inovação, Erika Martins de Carvalho, ressaltou que o evento foi desenhado para atender a todas as etapas da cadeia produtiva. “Espero que o público presente possa interagir, dividir e compartilhar e fazer novas parcerias. Precisamos trabalhar em rede. Temos um grupo multidisciplinar e a proposta é trazer para o público desde a pesquisa básica e a aplicada, passando por produção, bem como a gestão, que é fundamental para acompanhar os projetos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico”, frisou. Erika fez questão de agradecer aos patrocinadores. “Neste momento difícil que estamos atravessando, faço um agradecimento especial a todos os patrocinadores. Sem o apoio deles não estaríamos aqui”, destacou.
O coordenador do Simpósio, André Sampaio, destacou a abrangência que o evento vem tomando a cada edição. “Neste momento em que a ciência brasileira passa por um momento tão difícil, ficamos muito honrados em ver pessoas fazendo um deslocamento tão grande para comparecer ao nosso evento. Muitos vieram de longe, do Piauí, por exemplo, e estou muito orgulhoso de ver o esforço que as pessoas fizeram para vir aqui”, frisou Sampaio.
Da região Nordeste vieram também as amigas Débora Patrícia Feitosa Medeiros, Ana Carolina Linhares Braga e Nayara Araújo Cardoso, mestrandas da Universidade Federal do Ceará. Elas apresentaram o trabalho que desenvolvem em conjunto. “O Simpósio representa uma oportunidade de apresentarmos o estudo com a moringa que realizamos na nossa universidade. Estamos examinando os extratos da semente desta planta e avaliando os efeitos neurológicos e psicofarmacológicos que ela possa ter no Sistema Nervoso Central”, explicou Débora. “Além disso, o nome da Fiocruz por si só nos estimula a querer participar de um evento com pesquisadores de alto nível”, frisou a estudante.
Saúde global em foco – A palestra de abertura do Simpósio foi a do britânico Andrew Farlow, professor da universidade de Oxford, que falou sobre a saúde como um desafio para a sociedade globalizada. Farlow apresentou dados sobre a evolução de determinadas enfermidades, principalmente as doenças negligenciadas, e introduziu uma importante discussão acerca da melhoria da saúde no âmbito mundial.
Uma das pesquisas que ele coordena levou em consideração aspectos sociais, econômicos e geográficos. O objetivo, segundo o pesquisador, foi contribuir para a melhoria da saúde global, de modo que os resultados possam sugerir as definições das prioridades para a construção de melhores e mais equitativos sistemas de saúde. De acordo com o especialista, a saúde global tem melhorado ao longo dos anos, mas há muitos desafios em todo o planeta. Um dos principais, aponta ele, é o elevado índice de desperdício de investimentos.
Da cannabis às plataformas digitais – Ao longo dos três dias, o público, que lotou a Tenda da Ciência, foi agraciado com debates esclarecedores sobre diversos temas relacionados a ciência em saúde. Alguns ainda são considerados tabus para a sociedade, como o uso de Cannabis sativa para fins medicinais. O médico e pesquisador Eduardo Faveret explicou os benefícios clínicos que as substâncias encontradas na planta, popularmente chamada de maconha, têm proporcionado aos pacientes. Além do valor terapêutico, ele abordou aspectos legais, cultivo e a rede de parceiros que buscam a regulamentação da erva para uso medicinal no país.
Se falar sobre maconha ainda é considerado um tabu, por outro lado, a humanidade tem presenciado e participado de uma revolução tecnológica. Nesta era da informação, em que a tecnologia se tornou indispensável, é fundamental investir em conhecimento, sobretudo no setor farmacêutico, cujo mercado cresce vertiginosamente. Essa é a opinião do palestrante Marcos Cavalcanti, que proferiu palestra sobre como o gerenciamento estratégico de dados digitais tem mudado a inovação na indústria farmacêutica. Ele defendeu a conexão entre diferentes atores para alcançar a inovação.
Homenagem a Benjamin Gilbert – O pesquisador da Universidade de Genéve, da Suíça, Emerson Queiroz, fez questão de reverenciar o cientista Benjamin Gilbert. Um dos pioneiros em estudos de fitoterápicos no país, Gilbert é autor de vasta produção científica, material que serve de referência para estudos com vegetais. Não por acaso, o público aplaudiu de pé o britânico especialista em plantas medicinais, que vive no Brasil há mais de 50 anos investigando ações terapêuticas de elementos da biodiversidade brasileira. Atualmente, ele integra a equipe do Núcleo de Gestão em Biodiversidade e Saúde de Farmanguinhos (NGBS).
Outros temas – Outras palestras apontaram ainda para os desafios e as oportunidades na descoberta de novos tratamentos para doenças como o câncer.