Os recursos serão destinados aos estudos clínicos de fase 3 do medicamento que deverá ser produzido por Farmanguinhos


 

O Fundo Global de Tecnologia Inovadora (GHIT, na sigla em inglês), parceria público-privada japonesa formada para combater doenças infecciosas em todo o mundo, anunciou nesta semana 11 novos investimentos para estudos em doenças negligenciadas. Ao todo, serão cerca de US$ 23 milhões para ajudar a fornecer uma gama de terapias inovadoras. Um dos beneficiados é o Consórcio Praziquantel Pediátrico, projeto do qual o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) participa e que visa ao desenvolvimento de medicamento mais amigável para as crianças infectadas pela esquistossomose.

 

De acordo com informações publicadas na página do Fundo GHIT na internet, a entidade investirá US$ 4,7 milhões no projeto Praziquantel (PZQ) pediátrico.  Esses recursos apoiarão um ensaio clínico de Fase 3, que será realizado na África, a fim de avaliar o medicamento em crianças de três meses a seis anos. Desde a década de 1970, o padrão ouro de tratamento para a doença tem sido uma única dose oral de PZQ usado para tratar adultos e crianças em idade escolar. Mas as crianças menores de cinco anos infectadas com a esquistossomose não são tratadas com PZQ sob a política atual.

 

Outro fator preocupante é que os dados sobre o tratamento dessas crianças têm sido escassos e insuficientes para definir e confirmar a melhor dosagem. Além disso, os comprimidos atuais têm um sabor amargo e seu tamanho grande torna difícil ou simplesmente impossível para as crianças pequenas engolirem-no. Além de apresentar eficácia, a formulação que vem sendo desenvolvida pelo Consórcio Praziquantel Pediátrico é menor, mais palatável, e poderá ser administrada em crianças de apenas três meses.

 

O Consórcio é uma parceria público-privada internacional sem fins lucrativos envolvendo Astellas Pharma Inc. (Japão), Lygature (Holanda), Merck KGaA (Alemanha), o Instituto Suíço Tropical e de Saúde Pública, Simcyp Limited (Reino Unido), a Schistosomiasis Control Initiative (SCI, Reino Unido), e Farmanguinhos (Brasil).

 

O Fundo japonês já investiu anteriormente no projeto, mais precisamente na etapa de estudo clínico de Fase 2, realizado em 2015 e 2016. Se for bem-sucedido, o ensaio de Fase 3 vai pavimentar o caminho para revisão regulamentar e pré-qualificação pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que iria torná-lo disponível a um preço acessível.

 

De acordo com informações divulgadas pelo Fundo GHIT, este ensaio clínico é uma das parcerias mais avançadas que conta com apoio financeiro da entidade.

 

Inovação – O GHIT é uma organização que combina a liderança histórica do Japão em saúde global e inovação com pesquisa de ponta em todo o mundo. O Fundo GHIT também está fazendo novos investimentos em duas candidatas a vacinas contra a malária. Além disso, investe para acelerar pesquisas voltadas para novos tratamentos medicamentosos para a malária, dengue, doença de Chagas, criptosporidiose e leishmaniose.

 

“Estamos chegando a uma fase emocionante em que a abordagem do GHIT para parcerias e desenvolvimento de drogas e vacinas está começando a produzir um progresso tangível em direção à implantação do produto que poderia eventualmente levar a descobertas revolucionárias”, disse o diretor-executivo do Fundo, BT Slingsby.

 

“Sabíamos que combinar a riqueza de talentos e de pesquisa biomédica e capacidades farmacêuticas do Japão com os principais especialistas em doenças infecciosas, perto e longe, seria provavelmente uma combinação vencedora e isso foi validado pelo progresso que estamos vendo através de uma rica diversidade de projetos”, acrescentou o diretor.

 

 

Febre do caracol – A esquistossomose é também conhecida como “febre de caramujo”, porque é transmitida por caramujos de água doce, que levam à doença aguda e crônica. É causada por vermes parasitas e geralmente a contaminação ocorre a partir do contato com água infestada.

 

A doença é endêmica em 78 países em desenvolvimento e, segundo a OMS, mais de 261 milhões de pessoas, incluindo 100 milhões de crianças, foram infectadas com esquistossomose em 2015. Cerca de 90% das infecções ocorrem na África, onde a água segura é muitas vezes escassa.

 

Embora raramente fatal, se não for tratada, a doença pode causar anemia, crescimento atrofiado, capacidade de aprendizagem prejudicada e inflamação crônica de órgãos vitais.

 

As crianças mais jovens estão em maior risco, mas o medicamento existente é tão amargo e difícil de engolir que as crianças muitas vezes não são tratadas, ficando expostas a sérios problemas de saúde e aprendizagem ao longo da vida.

 

 

Visite o site do Fundo Global de Tecnologia Inovadora (GHIT) e saiba mais sobre outros investimentos, como os projetos para o desenvolvimento de vacina contra malária, por exemplo.

 

 

(Com informações do Fundo Global de Tecnologia Inovadora)