Agenda Estratégica do CD traz o ex- presidente da Fiocruz, Carlos Morel, como convidado e discute os desafios e oportunidades para o próximo ano na unidade


Conselheiros e convidados da pesquisa participaram da Agenda Estratégica com Carlos Medici Morel

Conselheiros e convidados da pesquisa participaram da Agenda Estratégica com Carlos Medici Morel

Encerrando a última Agenda Estratégica do ano e visando pensar as ações para 2017, o Conselho Deliberativo convidou o diretor do Centro de Desenvolvimento Tecnológico e Saúde (CDTS) e ex-presidente da Fiocruz, Carlos Medici Morel, para abordar temas sobre Ciência, Tecnologia e inovação. O encontro foi o terceiro bloco de Agendas Estratégicas de 2016 e contou, também, com a participação de convidados da pesquisa. Segundo o diretor Hayne Felipe, foi uma forma de planejar o nosso futuro.

O médico, biofísico e pesquisador da Academia Brasileira de Ciências fez um retrospecto histórico sobre ciência e tecnologia no Brasil, utilizando trechos importantes de autores conhecidos e sugerindo livros e artigos sobre o assunto. O primeiro livro mencionado foi Gênese e evolução da Ciência Brasileira, de Nancy Stepan, de 1976, que caracteriza a Fiocruz como pioneira da C&T no Brasil e o Castelo da Fundação ilustra a capa.

Morel comentou sobre o fato da pesquisa básica ter sido vista muito tempo como a chave para o desenvolvimento, sendo muito estudada nas universidades, e as pesquisas avançadas aprofundadas nas indústrias. Segundo ele, Vannevar Bush foi o grande propulsor desta teoria e do termo pesquisa básica, no livro Ciência, a fronteira sem fim. Além disso, o convidado citou outras referências sobre a crise dos paradigmas do pós-guerra e o dogma da pesquisa básica até a lei da inovação.

O ex-presidente da Fundação lembrou da evolução do modo de fazer ciência, o qual começou sendo individual, com poucos grandes cientistas, depois começaram pequenos grupos e hoje são grandes equipes. Segundo ele, “O pior período da Fiocruz foi quando focou somente em pesquisa básica. É necessária, porém não é suficiente”, afirmou Morel.

Carlos Morel e Hayne Felipe falaram sobre as oportunidades e desafios para 2017

Carlos Morel e Hayne Felipe falaram sobre as oportunidades e desafios para 2017

Ao citar as importantes leis da inovação, do bem e o Marco Legal de C&T, Morel fez uma comparação entre o Brasil e a Suíça. O Brasil apresenta o número de 65.127 documentos publicados e a Suíça somente 42 mil, porém em número de patentes o país europeu leva vantagem com 44.417 e o Brasil com apenas 6.717. Para ele, estes dados são importantes para o entendimento da posição entre os países em termos de inovação, o qual a Suíça está em primeiro lugar e o Brasil ocupa a 69ª posição. Outra comparação ocorreu pelo fato da maioria das patentes brasileiras serem de estrangeiros, enquanto a China e a Coréia do Sul são o contrário e apresentam um número bem maior de participação interna de tecnologia.

Morel comenta, ainda, a importância das redes para os países em desenvolvimento avançarem em saúde e as Parcerias de Desenvolvimento de Produtos Internacionais se tornarem essenciais em produção e desenvolvimento. Para ele, o momento é de arriscar e tentar acertar. “Está na hora de ver um modelo de negócio sólido, buscar dinheiro de fora e pensar em como trabalhar as políticas de Far. É importante que estudem as leis, realizem parcerias sem verticalizar e pensem em como empoderar o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT).

Após a explicação e apresentação dos slides, os conselheiros tiveram a oportunidade de fazer perguntas, pensando em alternativas e melhorias para a unidade. Hayne Felipe agradeceu a presença de Morel e comentou sobre as dificuldades que aparecerão. “É preciso decisões políticas tanto do ponto de vista da locação de recursos e também de uma regulamentação. A lei de inovação ainda não conseguiu ser regulamentada na possibilidade de cessão de recursos humanos e isso é um grande nó, principalmente dentro das universidades. Teremos que rever conceitos, até para podermos fazer seja sociedade de propósitos específicos, seja união com empresas privadas, mesmo sem fins lucrativos, por conta do nosso caráter autárquico até o momento”, afirmou o diretor.

Na parte da tarde, os membros do conselho se reuniram para uma rápida avaliação do ano e retirar algumas dúvidas sobre o assunto. Clique aqui e acesse a apresentação.